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The Boys faz da 4ª temporada uma montanha-russa a caminho do fim | Crítica
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The Boys faz da 4ª temporada uma montanha-russa a caminho do fim | Crítica

Entre altos e baixos, quarto ano vai além de ser apenas uma preparação para o final

Gabriel Avila
Gabriel Avila
18.jul.24 às 13h36
Atualizado há 9 meses
The Boys faz da 4ª temporada uma montanha-russa a caminho do fim | Crítica
Prime Video/Reprodução

A quarta temporada de The Boys deu o que falar antes mesmo de estrear. A tradicional expectativa pelo retorno da série do Prime Video foi temperada com com a revelação de que este é o penúltimo ano da produção. Uma informação útil para entender como essa leva de episódios se tornou uma montanha-russa com altos, baixos e alguns giros em torno de si mesma.

O grande trunfo da temporada, que é um dos charmes de The Boys como um todo, foi manter a gangorra entre mocinhos e vilões sempre em movimento. Isso fica claro desde o início, quando a produção leva poucos episódios para mudar o grave status quo que havia estabelecido ao final da terceira.

O Quarto ano começa pouco após o Capitão Pátria (Antony Starr) mostrar quem realmente é para o público e ser aplaudido por isso. Um evento grave que liga de vez o alerta em todo o grupo, mas especialmente em Billy Bruto (Karl Urban), que não apenas descobre estar perto de morrer, como também vê Ryan (Cameron Crovetti), o filho de sua falecida esposa, se bandear para o lado do inimigo.

Com um ponto de partida tão urgente, a equipe toma a acertada decisão de nunca diminuir o ritmo, construindo a narrativa como um jogo de gato e rato em que a caça se torna o caçador quando menos se espera. Esse aspecto realça tanto o que a temporada teve de melhor a oferecer quanto demonstra pontos de desgaste.

Pelo lado positivo, The Boys foi certeiro nos novos personagens que trouxe à mistura. A chegada da Mana Sábia (Susan Heyward), a super cujo poder é uma inteligência quase suprema, tornou o jogo de xadrez bélico ainda mais divertido de assistir. As estratégias da personagem, além de sua personalidade e peculiaridades, transformaram a união sinistra com o Capitão Pátria no combustível que a produção precisava caminhar por caminhos menos previsíveis.

Especialmente porque essa dinâmica deu um espaço maior para a narrativa estudar o Capitão de forma mais íntima sem esquecer seus desejos megalomaníacos. Assim, enquanto ele continua a busca por dominação, a trama estuda sua psique como alguém que renega a própria humanidade a todo custo, mas não consegue escapar dela. Uma questão que ganha o foco em diferentes momentos e é incorporada ao grande panorama da trama ao repercutir em eventos de grande escala.

Até porque o vilão tenta alçar voos mais altos em busca de poder, o que leva a temporada para o momento mais politicamente explícito da série. Não que The Boys tenha sido sutil anteriormente, pois sempre deixou os alvos de suas sátiras muito claros. Porém, a produção sobe alguns degraus e coloca a política no centro da trama para que os personagens possam dispor de outras formas de poder, que podem se fazer maiores e mais destrutivas do que raios lasers e superforça.

O comentário político também serve de combustível para o arco da Luz-Estrela (Erin Moriarty). Toda a jornada dela na última leva de episódios demonstra didaticamente como é fácil destruir uma reputação com meias-verdades e desinformação. Afinal de contas, ela havia se tornado um símbolo de oposição contra a Vought e o Capitão Pátria, e esse tipo de influência não se desfaz na porrada. Algo que justifica a chegada da Espoleta (Valorie Curry) e funciona justamente por abrir mão de saídas fáceis e respostas absolutas.

Especialmente porque a produção é hábil ao tornar pessoais eventos que chacoalham todo o status quo da produção. Não há exemplo melhor do que a jornada de Ryan, que fica ao centro da gangorra e é disputado por mocinhos e vilões. Ainda que haja um motivo prático para isso – a capacidade de ele ficar tão forte quanto o pai –, no fundo é sobre salvar a alma de um garoto que não tem culpa de ocupar a posição que herdou.

A grande pedra no sapato da quarta temporada é que nem todos os personagens se encaixam tão bem nessa situação. Os casos mais evidentes são figuras queridas como Francês (Tomer Capone) e Kimiko (Karen Fukuhara), cujos arcos parecem repetições do que já fizeram anteriormente, e Hughie (Jack Quaid), cujo drama pessoal se demora em uma situação que a própria narrativa não dá importância após a conclusão.

É nítida a dificuldade da trama em dar a eles, e a outras figuras, narrativas interessantes enquanto não são acionados pelo conflito principal. Com isso, parece que alguns estão presos em ciclos que não saem do lugar até que a montanha-russa os deixe avançar, seja para altos ou baixos. Nesse ponto, é difícil não pensar que essa é uma sequela ruim do fato dessa ser a penúltima temporada e que, talvez, esses personagens estejam parados hoje para não atrapalhar os planos que há para eles amanhã.

Esse obstáculo, no entanto, não compromete a experiência por evitar tomar tempo demais da produção, que nunca perde de vista a necessidade de manter a narrativa avançando de forma interessante. Isso fica claro com o sombrio desfecho do novo ano, cuja explosão para criar ganchos potentes para o final só funciona porque a pólvora é feita das narrativas que construiu até ali.

No fim das contas, a quarta temporada de The Boys faz mais do que simplesmente se preparar para a quinta e última, mas sofre um pouco com esse peso. Porém, as derrapadas só aconteceram porque a produção foi hábil ao se manter sempre em movimento, trazendo semanalmente as aguardadas doses de reviravoltas, violência e humor absurdo. Agora, resta esperar para ver se o grand finale vai fazer valer as pedras encontradas pelo caminho.

As quatro temporadas de The Boys, assim como os derivados Gen V e Diabólicos, estão disponíveis no Prime Video. A quinta e última não tem data de estreia definida.

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