O novo Hitman é provavelmente o título com maior potencial da série até agora. A Io Interactive está criando fases gigantescas, cheias de possibilidades e maneiras diferentes de como assassinar seu alvo. Mas ao mesmo tempo, ela está tomando riscos com o lançamento em episódios. Nós passamos algumas horas jogando e temos opiniões positivas, negativas e algumas coisas que ainda estamos incertos em relação ao jogo. Vamos lá.
O Bom:
Na demo que jogamos, tivemos a oportunidade de brincar em três fases. As duas primeiras servem mais como tutorial do que como uma missão completa, e oferecem um número menor de oportunidades em relação a terceira, que se passa numa mansão em Paris, França. É nela que o verdadeiro potencial do novo Hitman fica claro. É um mapa enorme, com corredores e passagens secretas por todo lado. Mesmo depois de terminarmos nosso tempo com Hitman, ficou claro que não exploramos tudo, já que outras pessoas estavam em áreas que nem sequer sabíamos que existiam. O mundo aberto aqui não é um sandbox estilo Assassin's Creed ou Batman, mas sim uma área grande com diversas sub-áreas, digamos assim, dentro dela. O level design da Io Interactive aqui é impressionante, e eu suspeito que isso não deve mudar em outras fases que serão adicionadas mais pra frente.
Sua movimentação ao longo das fases também é agradável. Os controles do jogo, em sua maioria, não limitam o jogador e nem são de difícil compreensão. A jogabilidade de tiroteio não é a melhor, mas isso é só mais um incentivo para que você procure ficar furtivo.
Dentro dessa área, também fica claro quantas maneiras diferentes existem de matar seu alvo. Você pode simplesmente partir pra cima dele e meter uma bala na cabeça, usar minha estratégia - se vestir como o modelo principal da festa que acontece na mansão, uma pessoa convenientemente careca - para obter acesso ilimitado ao local e ter a chance de conversar em particular com certas pessoas. Você também pode fazer inúmeras coisas diferentes que garantem o sucesso na missão, e é impressionante ver a quantidade de caminhos que a Io Interactive oferece apenas em uma missão. Mas isso nos leva a primeira coisa ruim.
O Ruim
Nós muitas vezes falamos que o mundo de um jogo é vivo, mas o mundo de Hitman é o completo oposto. Desde o momento em que o Agente 47 entra na área da missão, as únicas pessoas que se movimentam ou reagem às mudanças no estado das coisas são os alvos ou pessoas de interesse. O tempo não passa, todo mundo está parado, ou esperando que você chegue em um determinado local para falar ou fazer algo que pode ser usado como oportunidade para realizar o assassinato. As coisas não são dinâmicas, e a Io te dá apenas a ilusão de um mundo que responde à suas ações.
Eu sei que comparar Hitman com The Phantom Pain não é exatamente justo, mas o Metal Gear Solid mais recente foi um sucesso em grande parte por conta do seu gameplay emergente, algo que não existe aqui. As oportunidades nunca mudam, nunca se criam novas ou se perde a chance de fazer outras. Elas permanecem ali, esperando você passar por uma linha imaginária que engatilha algum diálogo ou acontecimento. Por mais que Hitman ofereça uma dúzia de maneiras diferentes de como assassinar alguém, todas elas parecem ser uma coleção de caixinhas aguardando serem preenchidas, zeros que vão virar um, do que coisas que dependem da sua velocidade e habilidade como assassino.
Não é que o jogo final não possa ser bom com isto. Tenho certeza que para muitos fãs da série, o novo Hitman será um retorno ao que tornou a série popular pra começo de conversa, mas não é injusto cobrar mais agora. Ter muitas novas possibilidades é algo bom, mas Hitman não parece ter vida.
Também preciso mencionar o estado em que o jogo estava. Tanto a versão de PC quanto a de PS4 estavam repletas de glitches, problemas gráficos e paravam de funcionar constantemente. Eu entendo que o que joguei foi uma versão pré-lançamento, mas quando tivemos a chance de jogar, faltavam apenas dois meses para o lançamento e alguns personagens se quer abriam a boca para falar em cutscenes. Não quero bater em cima do jogo por causa disso (ainda), mas é algo para se ficar de olho.
As Incertezas
É difícil dizer, por enquanto, se a decisão da Square Enix de transformar esse jogo em um lançamento episódico foi uma ideia boa. É, sem dúvidas, uma estratégia menos confusa do que a anterior, mas ainda é preocupante. O conteúdo que jogamos podia ser concluído em menos de duas horas, e por mais que os contratos alternativos não estivessem disponíveis no build que testamos, eu não tenho certeza de que eles vão ser o suficiente para justificar a divisão do jogo.
Há potencial ali. Existe uma mecânica que permite com que os jogadores criem e compartilhem contratos, escolhendo qualquer alvo dentro do mapa, mas ainda sim, é cedo demais para dizer com certeza se Hitman, e a estratégia episódica, vão ser um ponto positivo no ano da Square Enix. Tudo depende da capacidade da Io Interactive de refinar o que estava na demo, e manter o jogo atualizado com conteúdos de valor.
Hitman tem um mundo de oportunidades, mas é preciso capitalizar em cima delas, e por enquanto, não podemos ter certeza de que isso vai acontecer.