Quando Walt Disney teve o primeiro vislumbre do que seria Branca de Neve e os Sete Anões, ele não imaginava o impacto que o primeiro longa-metragem do estúdio teria na história do cinema. Anos depois, com a febre dos live-actions cada vez mais forte nos cinemas, era claro que a Disney usaria a oportunidade para recriar o universo de Branca de Neve mais uma vez.
Após anos em produção, foi com o diretor Marc Webb que a produção, enfim, viu a luz do dia. Protagonizado por Rachel Zegler e Gal Gadot, o live-action surgiu para reinventar o clássico que, para muitos, encontra-se datado. Aqui, a protagonista é novamente fruto de uma família amorosa que acaba sendo despedaçada após a morte de seus pais – na qual fica vulnerável para as maldades de uma madrasta que pensa apenas no poder e na própria beleza.
O cerne da trama continua o mesmo, onde uma jovem princesa precisa escapar das garras de uma vilã poderosa. Mas, agora, é inegável a tentativa de atualizar a história do conto de fadas para o momento atual, com muita mais liberdade para representar mulheres de um jeito saudável. Ao contrário da animação, por exemplo, a jovem não é mais uma “donzela em perigo”, e, apesar de se encontrar em situações aterrorizantes, busca trazer a própria personalidade e força de vontade para escapar do perigo.
A produção também apresenta algumas justificativas para pontas soltas da animação, como é o caso do Príncipe Encantado, agora apenas um plebeu rebelde, que ganha uma narrativa ao lado da princesa e uma razão para que eles se apaixonem.
Apesar das boas ações, é visível como uma direção fraca pode prejudicar tramas e performances. Entre cenas de coragem extrema e momentos em que se encontra perdida por uma trama confusa, Zegler entrega uma boa performance como protagonista, mas poderia ter sido melhor aproveitada além do talento vocal. Cenários plásticos também não ajudam na conexão com a natureza – que é um dos pontos principais do clássico –, deixando de lado a vivacidade e a generosidade da princesa, tanto com os animais como com os próprios anões.
Porém, um dos maiores problemas do live-action é, talvez, a performance de Gal Gadot como Rainha Má. Interpretando uma das maiores vilãs do estúdio, a atriz a transforma em uma personagem insossa e sem qualquer tom de vilania graças a sua performance robotizada, que faz de sua presença algo totalmente desinteressante.
Dizer que essa é, talvez, uma das piores vilãs dos live-actions lançados até agora pode soar óbvio, mas é inegável o quanto ela é responsável por atrapalhar inúmeras vezes o ritmo do filme. Aliás, seu encerramento não tem sequer o mesmo impacto da animação que, em 1937, entregou uma das mortes mais emblemáticas e gratificantes dos filmes infantis.
Apesar das inúmeras tentativas, fica claro o quão difícil pode ser adaptar a história da Branca de Neve para as telas. Talvez por não saber ao certo como transformar sua trama simples em algo natural? É provável que sim, mas talvez só esteja na hora de aceitar que nem todas as histórias foram feitas para virar filmes, e viver em nosso imaginário é muito mais fácil do que ser transformada em uma mega produção hollywoodiana.
Aproveite e conheça todas as redes sociais do NerdBunker, entre em nosso grupo do Telegram e mais - acesse e confira.