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Entrevista: Issa López ignora haters e promete cara própria em True Detective
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Entrevista: Issa López ignora haters e promete cara própria em True Detective

Showrunner da antologia da HBO conversou com o NerdBunker em meio a sucesso no Emmy

Pedro Siqueira
Pedro Siqueira
17.set.24 às 15h32
Atualizado há 7 meses
Entrevista: Issa López ignora haters e promete cara própria em True Detective
(HBO/Divulgação)

Nove meses após a estreia, Issa López segue colhendo os frutos de True Detective: Terra Noturna. Assumindo a difícil missão de revitalizar a antologia da HBO, a produtora, roteirista e diretora enfrentou mistérios no gelo, expectativas e uma dose grande de haters, mas levou a melhor, não só com a temporada mais assistida dos quatro anos da série, como seis indicações ao Primetime Emmy Awards.

Foi justamente pela efeméride da cerimônia, que consagrou Jodie Foster como Melhor Atriz em Série Limitada, Antologia ou Filme, que López bateu um papo com o NerdBunker sobre os louros e desafios da série. Empolgada, ela já começou destacando o claro divisor de águas que Terra Noturna representou na própria carreira:

“Com certeza há um antes e um depois. Em todo projeto, você sempre coloca muito amor, entusiasmo e a esperança de que sua história encontre um público. Tantos filmes e séries incríveis sofrem por não encontrarem uma audiência. Eu diria até que muitos dos melhores, por diversos motivos. No nosso caso, a HBO e o público acreditaram em nós. Era incrível ver as especulações, as teorias…”

Com uma longa carreira no México, Issa López pode se vangloriar de ter dado um grande salto ao alto escalão da TV mundial, num projeto que, na frente e atrás das câmeras, nasceu de uma identidade própria da produtora, ainda que tratando-se de uma das vacas sagradas da produção televisiva recente.

Foto de Jodie Foster em True Detective: Terra Noturna Terra Noturna rendeu um Emmy a Jodie Foster. (HBO/Divulgação)

Isso porque, após uma década, True Detective ainda é sinônimo de niilismo, Matthew McConaughey e Woody Harrelson, frieza e calculismo e todas as marcas que fizeram a fama da primeira temporada da série, para o bem e para o mal.

Se a alta expectativa já era motivo suficiente para um pé atrás com uma nova temporada (ainda mais sem o criador da série, Nic Pizzolatto), López dobrou a aposta, subvertendo a narrativa máscula das temporadas originais, tomando a trama para si sem concessões, e admitidamente cutucando o vespeiro dos fãs mas ardilosos e intolerantes do projeto.

“Há um grupo de pessoas muito ativas online, muito barulhentas, e muito apegadas à primeira temporada. Eu realmente esperava que eles gostassem, e vi muita gente adorando a nova, mas muitos não gostaram, e está tudo bem, faz parte do jogo. O problema é que alguns ataques foram muito violentos, e pelas razões erradas. Eu até guardei alguns tweets, porque não consegui acreditar no que estava vendo. Só porque trouxemos mulheres, pessoas de cor para a história. São coisas que eu nem tenho coragem de repetir. Foi feio.”

A produtora, no entanto, destaca que a rejeição de parte dos fãs da série não incomoda, se significa que a mensagem pensada por ela, Jodie Foster, Kali Reis e companhia foi captada:

“True Detective era um mundo muito masculino, com valores que são muito centrais para esses grupos de homens superprotetores. É como um tesourinho deles. E aí chega uma mulher latina, para fazer essa história com mulheres, sobre violência contra a mulher. Fico feliz que eles odiaram, mas, para isso, tiveram que assistir. Eles precisavam ouvir essa mensagem, e ouviram.”

Foto de Jodie Foster e Kali Reis em True Detective: Terra Noturna Jodie Foster e Kali Reis investigam mistério gelado na série. (HBO/Divulgação)

Durante a conversa, López não aparenta mesmo deixar-se abalar pelas reações inflamadas ao próprio trabalho. Questionada se, ainda assim, acredita que levará os pitacos dos espectadores em consideração enquanto escreve a quinta temporada (já confirmada), devolve com um risonho, mas categórico, “não”.

Ela explica:

“Terra Noturna funcionou porque veio de um lugar de muita verdade dentro de mim. Se você se abre ao mundo de fora, e começa a querer agradar, você comete erros. A sua interpretação do meu trabalho é, sim, importante, mas se eu partir do princípio de cumprir o que você quer que ele seja, isso será falso.”

Mesmo com nossas técnicas detetivescas, Issa López escapou de entregar qualquer detalhe sobre o que planeja a seguir com a série. Seja o que for, uma garantia é que a showrunner pretende continuar incomodando, e True Detective, realmente, tem uma nova dona.

“É gratificante perceber que uma história que eu, como uma garota do México, gostaria de ver, funcionou da mesma forma no resto do mundo. Somos um sucesso nos EUA, na Europa… Isso mostra que, no fundo, somos um pouco iguais, com os mesmos medos, mesmas incertezas. Agora, eu sei o que funciona, e estou pronta para a próxima.”

As quatro temporadas de True Detective estão em streaming na Max. Uma quinta temporada está confirmada, sem previsão de estreia.

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