Há poucas obras na cultura pop como Demolidor: Renascido. A nova série tem como origem a produção da Netflix, lançada em 2015 e encerrada depois de três temporadas. Depois disso, os direitos do Demônio de Hell’s Kitchen voltaram para a Disney (em meados de 2020), e um novo seriado foi anunciado. Tal projeto passou por uma forte reformulação, até chegar aos dois primeiros episódios, que possuem altos e baixos, mas terminam com saldo positivo.
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Comandado por Justin Benson e Aaron Moorhead (ambos de Loki e Cavaleiro da Lua), o capítulo de estreia começa quase como uma visita a velhos amigos para aqueles que já conhecem os personagens de Charlie Cox, Deborah Ann Woll e Elden Henson. Há pouca explicação para quem está chegando agora, no que parece uma escolha criativa que beneficia os fãs da série anterior. Afinal, soa quase nostálgico voltar a um bar com Matt, Karen e Foggy, sem precisar de tempo para uma grande introdução.
Assim, é válido que o fã de primeira viagem procure algumas informações sobre o personagem, e sobre acontecimentos anteriores daquele universo, incluindo o Rei do Crime nas séries da Marvel no Disney+.
A nova cena do corredor?
Um dos grandes pontos fracos da estreia de Demolidor: Renascido é um tom inicial de precisar se provar demais. Tal sentimento acontece logo no início, quando fica claro que a produção tenta reproduzir o que seria uma nova “cena do corredor”, que se tornou famosa na série de 2015.
Escolher seguir por este caminho não é necessariamente uma novidade, afinal, até mesmo o seriado anterior tentou (sem sucesso) copiar a si mesmo, mas o que incomoda é a forma gratuita como isso acontece, tirando parte do impacto de um dos grandes momentos da estreia.
Também não ajuda o fato da cena de luta em si ter problemas técnicos, como questões de efeitos visuais aparentes e uma porradaria que parece menos coordenada do que poderia ser. Mas não deixe que o tom amargo deste tópico te desanime para a série como um todo. Felizmente, após um começo que pode fazer torcer o nariz, Demolidor: Renascido encontra o caminho certo entre o final do primeiro capítulo e o ótimo segundo episódio.
Renascido, de fato
Michael Cuesta (Homeland) assina a direção do episódio 2, que entra nos eixos e entrega tudo o que estávamos esperando do personagem de Charlie Cox. Estão lá a ética inabalável de Matt Murdock, a lealdade com os amigos, o desprezo completo por Wilson Fisk (Vincent D'Onofrio) e, claro, o conflito sobre ser o vigilante que Hell’s Kitchen precisa.
Ainda que esteja machucado emocionalmente (e muitas vezes fisicamente também), Matt ainda sente que deve algo à cidade, o que o coloca em rota de colisão com Fisk, que resolve concorrer ao cargo de prefeito do local. Tal decisão tem origem nos quadrinhos, e pode ser muito bem aproveitada na série, especialmente para tecer comentários interessantes sobre a escolha de políticos na vida real. Como esperado de uma série da Disney, Renascido não se aprofunda tanto quanto deveria na questão, mas há um subtexto nas entrelinhas para quem estiver disposto a pensar sobre isso.
E subtexto é a palavra-chave que torna o segundo capítulo tão interessante, especialmente quando o título “renascido” passa a fazer sentido e vemos, ao vivo, em cores, e com muita violência, a transformação visceral de Matt Murdock em Demolidor.

Em oposto à estreia, o segundo episódio aposta em uma cena extremamente violenta quando isso é necessário para servir à história que estamos vendo. Assim, o que acontece em tela choca não somente pela brutalidade em si, mas especialmente pelo que aquele momento significa para o protagonista que estamos acompanhando. É a catarse de uma fera, e Cox entrega uma performance de deixar qualquer fã de heróis de queixo caído.
Como dito no começo deste texto, Demolidor: Renascido é uma série com circunstâncias únicas, então merece uma colher de chá por começar tentando encontrar o próprio caminho. Felizmente, em algum lugar entre o primeiro e segundo episódios, a série entendeu que não precisa provar nada para ninguém, e que tem material suficiente por si só para agradar aos fãs que estavam ansiosos pelo retorno da Cozinha do Inferno.
Com todo o ambiente de Nova York recriado de forma competente pela equipe técnica, Demolidor: Renascido começa promissora, apesar dos altos e baixos narrativos. Se a bússola narrativa seguir apontando para a direção certa, o futuro do Homem Sem Medo tem tudo para dar certo na nova casa.
Demolidor: Renascido ganha novos episódios às terças-feiras, no Disney+.
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