Parece bem mais tempo, mas faz só três anos que o Marvel Studios estreou suas produções para a TV com WandaVision (2021). Desde então, o estúdio oscilou entre sucessos e fracassos num admitido esforço de rechear o streaming de conteúdo, o que deixa Agatha Desde Sempre, mais nova série do MCU, numa posição delicada.
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Primeiro porque a vilã vivida por Kathryn Hahn poderia sofrer da sina do coadjuvante que brilhou demais. Afinal de contas, quem garante que a participação divertida da bruxa em WandaVision sustentaria uma aventura solo? Ainda mais quando muita magia já passou por debaixo dessa ponte. Apesar de tudo isso, a personagem dribla a desconfiança com um projeto que triunfa exatamente por saber seu escopo, e não tentar oferecer nada além de uma boa diversão.
Agatha Desde Sempre exibiu os primeiros dois episódios na última quarta-feira (18) e, por mais singelo que isso soe, é refrescante ver a Marvel parir uma série de TV que funciona como… uma série de TV.
Se lá atrás, a trama da Feiticeira Escarlate era a abertura do prisma do que o MCU poderia ter sido na telinha, Agatha parece ser o lembrete de que o formato tem suas regras próprias, com a Marvel finalmente entendendo que não basta picotar uma narrativa claramente longa para transformá-la em seriado.
O primeiro episódio, “Ache o Caminho”, retoma a história da cidadezinha de Westview após o fim do feitiço de Wanda (Elizabeth Olsen). Ainda desmemoriada, Agatha Harkness (Hahn) leva uma vida de ilusão, até ser libertada da prisão na própria mente por um misterioso garoto, chamado apenas de Jovem (Joe Locke).

Com a sanidade de volta, mas sem poderes, Harkness pretende trilhar o místico Caminho das Bruxas, uma estrada mágica que pode conceder os maiores desejos de qualquer feiticeiro. Só que a jornada fica complicada, pois a bruxa se vê na mira da ex-companheira Rio Vidal (Aubrey Plaza) e de forças ocultas do passado.
Os fãs de WandaVision podem comemorar, pois todo o clima de mistério dos primeiros episódios da série estão de volta em Agatha Desde Sempre. Recriando até a brincadeira de parodiar diferentes gêneros televisivos, a série dedica boa parte de sua estreia a situar o espectador de que não, você provavelmente não verá grandes ligações e deixas para o “futuro da Marvel”, mas isso não significa que uma aventurinha sem compromisso não pode ser divertida. Ainda mais quando a guia é Kathryn Hahn.
A atriz se esbalda como a divertida e dissimulada feiticeira, encarando bem o desafio de encabeçar uma produção sozinha. Até nesse ponto, Agatha é um exemplo de como o formato seriado deve expandir as mitologias de personagens, sem as preocupações constantes com o que vem adiante.
Voltando à trama, Agatha precisa reunir um coven para trilhar o Caminho das Bruxas, e põe o pé na estrada em “Laços Vão Fazer a Porta Aparecer”. O segundo capítulo é dedicado à busca da personagem por reunir antigas companheiras, o que dá a deixa para a chegada de Patti LuPone (Beau Tem Medo), Sasheer Zamata (Saturday Night Live) e Ali Ahn (Orange Is The New Black), além de Debra Jo Rupp (That 70’s Show), de volta como a simpática Sra. Hart.

Embora contribuam no arco que será contado ao longo dos nove episódios da série, os dois primeiros capítulos funcionam bem como obras que se sustentam com os próprios pés. Agatha, enquanto narrativa, segue a fórmula de estabelecer uma missão ou conflito e resolvê-los nos próprios capítulos.
O contraste fica maior quando lembramos de de projetos como Invasão Secreta (2023), que sofrem de ritmo irregular e desconjuntado justamente por tentarem usar a lógica de cinema na televisão.
“Foi a Agatha e mais ninguém!”

O NerdBunker já conferiu os dois próximos capítulos de Agatha Desde Sempre, que chegam ao longo das próximas semanas. O caro leitor pode respirar aliviado, pois o código das bruxas nos proíbe de revelar possíveis spoilers, mas podemos adiantar que as coisas ficam ainda mais interessantes e malucas ao longo da temporada.
Assim como a série-irmã, Agatha Desde Sempre provoca o espectador a pensar fora da caixa do que se convencionou esperar dos “filmes de boneco”.
A jornada do coven no Caminho das Bruxas é o pano de fundo perfeito para a experimentação que vai desde as já citadas brincadeiras com gêneros, até um design de produção fascinante, que prova que a verdadeira magia está nas mãos dos artistas, figurinistas e mentes criativas da Marvel.
Se algum espectador mais cético ainda se perguntar o “por que” de uma série da Agatha agora? Bem, uma boa história pode nascer de qualquer um (não é, senhor Cassian Andor?). E se metade das próximas produções do estúdio tiverem um tiquinho do carisma e personalidade de Kathryn Hahn e sua trupe, no mínimo, estaremos muito bem entretidos.
Agatha Desde Sempre exibe episódios inéditos toda quarta, a partir das 22h, pelo Disney+. Os demais filmes e séries do MCU também estão no streaming.
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