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A Graphic MSP que engrandece os 60 anos da Mônica
HQs e Livros

A Graphic MSP que engrandece os 60 anos da Mônica

O Bunker indica Coragem, a nova HQ de Bianca Pinheiro, e convida Vitor Cafaggi para recomendar um gibi

Gabriel Avila
Gabriel Avila
04.abr.23 às 17h41
Atualizado há cerca de 1 ano
A Graphic MSP que engrandece os 60 anos da Mônica
Mônica: Coragem/MSP/Divulgação

O ano de 2023 marca o aniversário de 60 anos da Mônica, a personagem de Mauricio de Sousa que dá nome à Turma da Mônica. Nessas seis décadas, a Dona da Rua se tornou um ícone da cultura brasileira e ganhou diferentes significados. Inspiração para uns, incentivo para a alfabetização de outros, fato é que ela merece toda a festa que deve ganhar neste ano. E o melhor presente é exatamente Mônica: Coragem, a nova Graphic MSP de Bianca Pinheiro.

A história acompanha os preparativos para um aniversário da jovem. As coisas se complicam graças a uma sequência de eventos que vai de um temporal que atinge o Bairro do Limoeiro, passa por embates com Carminha Frufru e chega ao aparecimento de uma cacatua incapaz de voar. Esses elementos, e várias outras surpresas, são peças de um quebra-cabeças que celebra o legado de sua protagonista.

Capa da Graphic MSP Mônica: Coragem, de Bianca Pinheiro (MSP/Divulgação) Capa da Graphic MSP Mônica: Coragem, de Bianca Pinheiro (MSP/Divulgação)

Em sua terceira Graphic MSP da Mônica – e primeira aqui no Me Indica uma HQ – a autora Bianca Pinheiro sintetiza com muita paixão alguns dos motivos que tornaram a personagem, e o universo que a cerca, partes do DNA da cultura pop no Brasil. Particularmente, não acredito em “versões definitivas” de personagens, mas Coragem chega perto dessa definição ao incorporar alguns dos significados que a baixinha colecionou em seis décadas.

Se no mundo real a Mônica tem muitos significados, não é diferente dentro de seu universo. Filha, amiga, adversária, nervosa, carinhosa… A garotinha de vestido vermelho é muita coisa e a palavra usada para descrevê-la depende de quem se pergunta. A nova Graphic MSP triunfa ao contar uma história engajante que realça várias dessas facetas.

Mônica tenta ajudar a cacatua Ju em cena de Coragem (MSP/Reprodução) Mônica tenta ajudar a cacatua Ju em cena de Coragem (MSP/Reprodução)

São várias as situações que exigem atributos como força, compaixão e companheirismo, e Mônica os entrega com graça. Em tantos anos como leitor da turminha, não esperava ficar emocionado em uma interação entre ela e o Seu Juca. Mas o quadrinho não para por aí e aborda também os “defeitos” da personagem.

Aspas porque as falhas fazem parte da experiência humana e sentir raiva ou frustração não é exatamente um demérito. O roteiro de Pinheiro não só reconhece isso, como aproveita essa imperfeição para trazer complexidade à personagem. Se na Graphic MSP Força (2016) a quadrinista apresentou uma situação que Mônica não poderia resolver com força física, Coragem leva essa dinâmica a um novo patamar – perceba como Sansão aparece mais como parte dos cenários do que como arma.

Carminha Frufru se desfaz de Mônica em cena da Graphic MSP Coragem (MSP/Reprodução) Carminha Frufru se desfaz de Mônica em cena da Graphic MSP Coragem (MSP/Reprodução)

O maior acerto, porém, é tratar a personagem com profundidade sem perder de vista que ela e boa parte dos coadjuvantes são crianças. Muitas das atitudes e aprendizados da jornada condizem com a visão de mundo de uma criança, mas a narrativa é tão hábil ao potencializar momentos emocionantes, que se torna capaz de mexer até com os adultos.

Graphic MSP e o legado vivo da Turma da Mônica

Em retrospecto, esse resultado honra um dos principais objetivos da criação das Graphic MSP, que é atrair o público jovem adulto que cresceu com os gibis da turminha. Ao longo de dez anos, a linha atingiu pontos altos justamente ao extrapolar o que se espera de uma história da Turma da Mônica.

Mais do que personagens, estamos falando de ícones que dispensam apresentação e fazem parte da vida do público leitor. São figuras tão presentes no imaginário coletivo que já sabemos o que esperar de um novo lançamento antes mesmo de abrirmos o gibi, e é especialmente satisfatório quando essa bagagem é utilizada para levá-los para novos ares.

Mônica tenta erguer árvore caída em cena da Graphic MSP Coragem (MSP/Reprodução) Mônica tenta erguer árvore caída em cena da Graphic MSP Coragem (MSP/Reprodução)

Essa é uma constatação que aparece quando as histórias tratam de temas sérios – como racismo e ancestralidade nas histórias do Jeremias ou o assédio na da Tina –, mas não se restringem a eles. Um exemplo recente é Franjinha: Contato, quadrinho de Vitor Cafaggi que impactou Bianca Pinheiro ao ponto de a quadrinista descartar a ideia original para Coragem em busca por algo mais impactante.

Contada nos extras da nova Graphic MSP da Mônica, essa anedota reforça a importância dessas HQs para o legado vivo da Turma. Se hoje temos uma ideia firme de quem a Mônica é, histórias como Coragem nos fazem pensar para onde ela pode ir e quem se tornará amanhã. É uma pergunta sem resposta no momento, mas que dá à Dona da Rua um belo presente de 60 anos: a certeza de que ela ainda é necessária e tem muito o que fazer e descobrir.

Parabéns, Mônica. Parabéns, Bianca Pinheiro.

Vitor Cafaggi indica Mouse Guard – Os Pequenos Guardiões, de David Petersen

O Me Indica Uma HQ é uma série colaborativa que traz convidados especiais para recomendar uma leitura que merece ser levada para o Bunker de Quadrinhos.

Para manter o tema Graphic MSP, o convidado da vez é Vitor Cafaggi, autor não apenas de Franjinha: Contato, como também da trilogia Turma da Mônica: Laços, Lições e Lembranças ao lado da irmã Lu. Fora do universo da turminha, ele é criador da série Valente.

O quadrinista recomenda a HQ Mouse Guard – Os Pequenos Guardiões, de David Petersen.

Vitor Cafaggi recomenda Mouse Guard – Os Pequenos Guardiões (Conrad/Vitor Cafaggi/Reprodução) Vitor Cafaggi recomenda Mouse Guard – Os Pequenos Guardiões

“Mouse Guard é uma aventura medieval e de fantasia que conta a história dessa sociedade de ratinhos vivendo os perigos de ameaças muito maiores que eles. O livro mostra como funcionam as sociedades e as outras profissões, mas o foco é essa pequena guarda de elite da rainha e suas missões. Logo no primeiro volume eles têm que investigar o desaparecimento de um ratinho no meio de uma viagem e descobrem toda uma conspiração para derrubar a ratinha rainha e ocupar o poder.”

O quadrinista afirma que o quadrinho é um prato cheio para quem gosta da saga O Senhor dos Anéis, de HQs como Bone, e de RPG. Especialmente porque os ratinhos ganharam o próprio game anos atrás:

“A HQ ficou muito conhecida pelo RPG, que é muito premiado e conhecido, que chegou a ser lançado aqui no Brasil. Eu já cheguei a recomendar o quadrinho e a pessoa falou ‘existe um RPG parecido com isso’, e era baseado exatamente nessa história.”

Por fim, Vitor Cafaggi celebra a abordagem universal de Mouse Guard, que torna a história uma ótima indicação para todos os tipos de público:

“Acho que é um quadrinho que agrada adultos e até pessoas que não estão acostumadas com quadrinhos. É uma porta de entrada legal para quem só leu Turma da Mônica na infância e quer conhecer algo novo agora, já adulto. Tenho uma amiga que está lendo para o filhinho e ele está curtindo também. É bem indicado para todas as idades.”

Mouse Guard – Os Pequenos Guardiões está em publicação no Brasil pela Conrad.

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