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The Swords of Ditto | Review
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The Swords of Ditto | Review

Jogo explora um conceito criativo, mas tropeça em sistema repetitivo e bugs

Tayná Garcia
Tayná Garcia
02.jun.18 às 11h30
Atualizado há mais de 1 ano
The Swords of Ditto | Review

Toda vez que eu aperto “Start” e começo um novo jogo, eu espero ter uma experiência única que me envolva de alguma forma, seja através da narrativa, do visual ou emocionalmente. Encontrar histórias, personagens, vilões, quests ou literalmente qualquer coisa interessante que prenda a minha atenção e me faça lembrar porque eu amo tanto esse universo deliciosamente vasto e diversificado dos jogos. A espinha dorsal da história de The Swords of Ditto, título independente desenvolvido pelo onebitbeyond e publicado pela Devolver Digital, é justamente baseada nesse conceito de entregar uma experiência completamente única para o jogador (ou melhor, jogadores), seja isso pelo bem ou pelo mal.

Dittolândia, Dittocicaba, Dittobelville, Dittosolóvia. Você verá essas e muitas outras variações da cidadezinha de Ditto se topar embarcar nesse RPG de ação e aventura, que lembra as mecânicas e narrativas de Mother e dos primeiros jogos de The Legend of Zelda, e as pitadas de humor e ironia de Undertale e Night in the Woods.

A história de The Swords of Ditto é, paradoxalmente, simples e complicada. Você é a "espada de Ditto" — um guerreiro cujo destino é salvar o povo da cidadezinha das terríveis mãos de Mormo, uma tirana que destrói tudo o que vê pela frente. Logo no início, você já precisa adentrar no castelo da vilã para derrotá-la, mas falha miseravelmente por não ter experiência necessária e por não tê-la enfraquecido antes. Você, então, morre — e reaparece controlando outro personagem, cerca de 100 anos depois do ocorrido. E é assim que a narrativa central do jogo é apresentada. Seu objetivo é derrotar Mormo, mas se falhar, Ditto sofrerá nas mãos da vilã por um século — até outro predestinado aparecer e enfrentá-la novamente.

A simpática barata Puku é quem acompanha o protagonista em sua preparação para essa batalha, ela é seu guia através do mapa — explicando o que é preciso ser feito para enfraquecer Mormo: superar quatro dungeons e destruir dois cristais do castelo, que estão espalhados pelo mapa. Além disso, você terá um limite de tempo: apenas quatro dias. Mas calma! Você tem meios para voltar no tempo e esticar esse prazo — o que adiciona mais tarefas na sua “lista de afazeres”. E não podemos esquecer as side quests, que também ocupam a sua agenda apertada.

Você já deve estar pensando que a narrativa de The Swords of Ditto é bem diferente do que estamos acostumados a ver por aí — e realmente é! No entanto, essa criatividade se tornou uma faca (ou melhor dizendo, uma espada) de dois gumes — o sistema cíclico da narrativa deixa o jogo demasiadamente repetitivo, dando um cansaço a mais para o jogador, que provavelmente vai se irritar quando ver todo seu processo indo por água abaixo, seja porque morreu ou por um simples bug. E é aqui que adentramos no maior problema de Ditto: os bugs.

Nas vezes que eu morri e tive meu progresso reiniciado, eu encontrei diversos erros diferentes. Erros que me forçaram a me suicidar para reiniciar propositalmente — porque simplesmente não havia maneira de continuar. Os problemas mais graves que me deparei foi quando a parte superior do mapa se tornou inacessível por ter bloqueios que só podiam ser destruídos do outro lado, e a dungeon do taco de golfe teve três portas que não abriam, por mais que eu pressionasse os switches. Esse tipo de erro estraga completamente a experiência (e a paciência do jogador, que vê todo seu progresso ser perdido por um erro que não é seu).

Deixando os bugs e as portas travadas de lado, é preciso ressaltar que The Swords of Ditto é uma ótima revigorada no gênero roguelike — que consiste na ideia de que morrer, será realmente fatal —, por seu sistema de mortes fazer sentido para a narrativa e deixá-la ainda mais intensa (quando você é derrotado por Mormo e retornar após 100 anos, as casas e lojas estão destruídas, resultado do reinado da vilã). E também esquece o modo online que se tornou quase vital nos jogos atualmente e resgata o multiplayer co-op local, que é um dos elementos que deixa tudo ainda mais divertido (vale ressaltar que a pluralidade no título, “Swords”, se refere tanto ao co-op quanto às várias vidas que você terá ao longo da história).

Em meio a vários monstros e viagens no tempo, a narrativa tem alguns toques que dão aquela aquecida no coração: a descrição das armas, dos adesivos (os poderes especiais das armas) e até os diálogos podem te fazer sorrir por causa da uma piada ou trocadilho. Como, por exemplo, quando recebi um aviso de que era melhor não questionar a existência de um anel mágico que me faria avançar no tempo, porque isso resultaria em furos na narrativa.

O visual colorido do jogo, que é mostrado com uma câmera panorâmica em 2D, é outro aspecto que encanta. Não vai ser difícil você perceber que está apenas parado admirando a fofura de um gato gigante ou até de pinguins com cachecóis.

The Swords of Ditto explora um conceito criativo e empolgante, mas tropeça um pouco por conta da sua narrativa cíclica e por não ver o quanto de paciência está exigindo dos jogadores. Você pode ser pego sorrindo em uma parte do jogo, mas em outra já está irritado por um deslize ou um erro que não cometeu. Além disso, não tem como estabelecer uma conexão maior com os personagens — afinal, você pode começar com uma garota de moicano, passar por um gatinho laranja e até se tornar um robô azul em uma de suas vidas. O que faz os jogadores se apegarem apenas à história em si.

No começo, o jogo parece simples e te dá a impressão de que entregou o plot em suas mãos — mas tenha calma antes de julgar. As terras de Ditto ainda têm várias surpresas, que são melhores se mantidas em segredo. Sendo um título encantador com algumas falhas que podem estragar um pouco sua experiência, The Swords of Ditto merece atenção por sua narrativa ousada e mecânicas nostálgicas para aqueles que apreciam um bom RPG.

The Swords of Ditto está disponível para PlayStation 4 e PC.

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