Com quase meio século de existência (pois é), Star Wars é uma daquelas franquias com muitas histórias espalhadas por diferentes mídias. Entre filmes, séries, quadrinhos e jogos, esse universo foi tão expandido que, por vezes, até esquecemos do que sentimos no nosso primeiro contato com a saga.
É então que, inesperadamente, aparece alguma obra que consegue resgatar esse sentimento e nos relembrar do quão especial é a galáxia tão, tão distante. Esse é o caso de Star Wars Outlaws.
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Faltando um mês para o lançamento, tive a oportunidade de jogar quase quatro horas de Outlaws, a convite da Ubisoft, que deram uma boa ideia do que podemos esperar do jogo — que gerou curiosidade (e o receio) dos fãs desde o anúncio.
E, logo de cara, posso afirmar: a Força é bem forte por aqui!
Contrabandista sincerão
Seja para bem ou mal, Star Wars Outlaws chama a atenção por ser o primeiro mundo aberto da franquia até hoje. Mas apresenta algo bem mais valioso do que apenas uma proposta ambiciosa: o resgate da essência da trilogia original de filmes.
Isso porque o jogo não parece preocupado em se encaixar na imensa linha temporal do universo de Star Wars, mas em contar uma história própria, original e fiel à natureza da protagonista Kay Vess — que é uma contrabandista à la Han Solo.

As quatro horas com o jogo foram gastas em Toshara, planeta inédito que se inspira nas savanas africanas, e Kijimi, planeta gélido que apareceu no filme Star Wars: A Ascensão Skywalker, em uma linha de missões que apresenta o sistema de reputação, envolvendo quatro facções criminosas.
A ideia é que Kay está envolvida nesse “submundo do crime” (como todo contrabandista que se preza) e precisa cumprir missões fornecidas por essas organizações para ganhar a vida. Só que não dá para agradar todo mundo, e ajudar um lado significa enfurecer o outro.
Durante o teste, por exemplo, decidi apoiar a facção Aurora Escarlate por algumas missões porque não simpatizei com as motivações do Sindicato Pyke — até que uma tarefa exigia um módulo diferente para a minha blaster, que só podia ser encontrado na base dos Escarlate. Aproveitei, então, minha reputação positiva com o grupo para entrar no esconderijo e roubei o item sem ninguém ver, o que deu uma boa ideia de como a troca de lados é frequente em Outlaws. Ei, uma contrabandista precisa sobreviver, né?

Esse sistema de reputação é o elo principal de Outlaws, esbanjando aquele sentimento de poder ser um contrabandista egoísta — que, pode confessar, é um sonho para qualquer fã de Star Wars.
Outro pilar do jogo é o mundo aberto, que não parece ser imenso em escala, mas apresenta algo bem mais importante do que tamanho: profundidade. Toda a ambientação de Toshara parece viva, com atividades acontecendo por todo lado, como se tudo existisse independente da protagonista.
Entre minhas andanças pela cidade, percebi que há muitas interações e surpresas a serem encontradas. Tentei comprar algo com um mercador, por exemplo, e fomos interrompidos por um Stormtrooper, que apareceu para tentar extorquir o comerciante. Pude, então, escolher se ajudava ou simplesmente fingia que não vi nada. Outro momento curioso também fez com que um viciado em apostas me chamasse de canto para pedir dinheiro emprestado, com a promessa de que dividiria o lucro depois — resta a você decidir se acredita ou não.
O mapa também não apresenta pings além das missões ativas, e pontos de interesse pipocam aos poucos na bússola (a barra no topo da tela) ao explorar organicamente os cenários. São esses pequenos detalhes que constroem a identidade do mundo aberto de Outlaws, que é bem diferente daquela que estamos acostumados a ver em títulos da Ubisoft.

Por fim, a jogabilidade é simples, mas eficaz, apostando na proposta de se focar em blasters. A ideia funciona, porque o jogo encontra maneiras de expandir as possibilidades de combate para não cair na repetitividade. Um exemplo é ter habilidades de lábia, em que Kay pode conversar com os Stormtroopers para enrolá-los e conseguir brechas para atirar primeiro (viu, Han Solo?), ou usar hackeamento para sabotar mecanismos dos cenários.
Uma surpresa é que boa parte dos confrontos no teste foram sequências furtivas obrigatórias, sem dar a opção de partir livremente para cima dos inimigos na porrada. As mecânicas de furtividade se resumem em usar os objetos do ambiente para se esconder, e abates com golpes corpo a corpo e com o modo silencioso da blaster — o que funciona na prática, sendo desafiador na medida certa. Isso dá uma temática forte de espionagem a Outlaws, que combina com a protagonista, mas deixa a dúvida se permeia por todo o game.
A parte negativa, no entanto, é que a inteligência artificial dos inimigos não é tão aprimorada quanto poderia ser. Abater um soldado que está no meio de uma conversa com um colega, por exemplo, não alertará ninguém. E, ao ser avistada, a protagonista é facilmente esquecida ao se esconder.

Kay ainda é acompanhada de Nix, uma pequena criatura que parece uma salamandra alienígena, na aventura — que, além de esbanjar fofura, é bastante útil na exploração e no combate. Ele é responsável por analisar os cenários e apontar os pontos interativos dos cenários com indicativos visuais, que não são óbvios e dão dicas sutis (e bem-vindas) ao jogador.
Uma nova esperança
Star Wars Outlaws aparece como um jogo que é sincero com sua proposta, sem querer ser ambicioso demais ao ponto de correr risco de tropeçar nas próprias pernas. Não é um projeto que pretende reinventar a roda, mas certamente apresenta um baita potencial de trazer um frescor nostálgico aos fãs de Star Wars.
Afinal, em apenas quatro horas, pilotei um speeder, derrotei caças estelares no espaço, invadi bases do Império, enganei Stormtroopers, perdi dinheiro em uma corrida virtual, traí facções, morri de fofura com o Nix — e, é claro, fiquei ainda mais ansiosa para veremos na versão completa dessa experiência.
Ambientado entre os acontecimentos de O Império Contra-Ataca e O Retorno de Jedi, Star Wars Outlaws será lançado no dia 30 de agosto para PlayStation 5, Xbox Series X|S e PC.
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