Você provavelmente já assistiu os vídeos de A Lenda do Herói, no qual os Castro Brothers - Marcos (esquerda) e Matheus (direita) - cantam o decorrer de fases de um videogame ficcional. Bom, agora ele existe. Na última sexta-feira, a dupla lançou A Lenda do Herói no Steam. Foi uma longa jornada para o jogo, e para refletir nela conversamos com Matheus Castro sobre o processo de desenvolvimento, a paixão dos irmãos por games e outras coisas mais.
Jovem Nerd News: Fazer um jogo não é nada fácil. Olhando pra trás agora, como vocês descreveriam o desenvolvimento e a experiência?
Matheus Castro: Foi uma experiência enlouquecedora, mas ao mesmo tempo, muito recompensadora. Com certeza aprendemos muito sobre desenvolvimento de jogos, já que eu e meu irmão participamos ativamente na produção do jogo, com a composição das letras e do universo que rodeia o jogo.
JNN: E por que vocês decidiram fazer o jogo, como foi que essa decisão foi tomada?
MC: Nós tomamos essa decisão por causa do público, que viu nossa série de vídeos no YouTube e não só achava, como tinha certeza, que a animação se travava de um gameplay de um jogo que já existia. Então havia uma demanda grande e real por um jogo de verdade. Por isso fechamos uma parceria com a Dumativa para fazer o jogo do jeito que ele merece ser feito.
JNN: O que vocês diriam que aprenderam com esse processo todo?
MC: A gente sempre aprende algo todo dia, mas o bom de trabalhar em um jogo foi ter a confirmação de certas dúvidas que a gente sempre tem sobre o desenvolvimento de games, sobre os desafios e obstáculos enfrentados. Foi bom ter a certeza de que sim, fazer um jogo é muito difícil. Mas foi melhor ainda descobrir que não é impossível.
JNN: Quais eram os objetivos de vocês com esse jogo? E estão satisfeitos com o resultado?
MC: Nosso objetivo era recriar os vídeos do YouTube de forma interativa, com o jogo cantando os movimentos do jogador, e eu acredito que nossa equipe alcançou este objetivo.
JNN: Uma das coisas mais interessantes sobre o jogo é o uso de música. Como foi trabalhar usando isso na hora de construir o gameplay?
MC: A mecânica da música interativa é uma partes mais complexas do jogo, justamente porque é algo que nunca foi feito. Construir o gameplay em cima desse elemento foi um grande desafio. Nós tivemos que organizar milhares de tabelas e diagramas para todas as possibilidades de versos que podem ser cantados em um determinado momento. Felizmente, podemos dizer que tivemos sucesso ao implementar a mecânica no jogo.
JNN: Vocês usaram financiamento coletivo pra ajudar a fazer o jogo, quais foram as dificuldades que vocês encontraram por ter ido nessa rota, fariam algo diferente?
MC: A maior dificuldade de fazer um jogo com financiamento coletivo é que certas decisões tomadas no início da campanha ficam talhadas em pedra. Ou seja, você não pode oferecer uma versão beta para todos se você ofereceu acesso à versão beta como uma das recompensas durante a campanha. Felizmente, nós conseguimos contornar esses problemas e temos a certeza de que os apoiadores não ficarão decepcionados. Mas uma coisa é certa: não descartamos a possibilidade de continuar a usar o financiamento coletivo em projetos futuros.
JNN: Muito de A Lenda do Herói é quase uma carta de amor aos videogames. Como é a história de vocês dois com jogos?
MC: Nossa história com os jogos se confunde com a história de nossas vidas. Desde criança, nós jogamos clássicos como Zelda, Wonder Boy, Mario e Sonic. E com o passar dos anos, nossa paixão pelos games só aumentou cada vez mais, especialmente com a ascensão dos jogos independentes. É simplesmente impossível imaginar como seriam nossas vidas se não fosse pelo nosso amor pelos games.
JNN: Agora que vocês se aventuraram no desenvolvimento, vocês olham pra jogos de outra maneira?
MC: A gente já teve experiência prévia com desenvolvimento de jogos, mas em menor escala. Marcos [Castro], por exemplo, chegou a fazer jogos no RPG Maker na década passada. Mas é verdade, trabalhar em uma produção desse tamanho realmente expande seus horizontes e permite que você tenha mais empatia pelos desenvolvedores de jogos em geral. Uma coisa é certa, não dá para fazer jogos sem paixão, nem mesmo o AAA mais genérico do mundo.
JNN: Devemos esperar outras empreitadas dos Castro Brothers no mundo dos jogos?
MC: Sim, com toda certeza! Agora que a gente pegou gosto pela coisa, a gente vai querer fazer isso pelo resto da vida!