Quem gosta de jogos de luta está vivendo um momento incrível. Com o revival de todas as franquias principais, com Street Fighter 6, Mortal Kombat 1, Tekken 8, Guilty Gear, The King of Fighters XV e o vindouro Fatal Fury: City of the Wolves, é como se estivéssemos numa “Segunda Era de Ouro” do gênero.
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Não bastasse isso, as coletâneas de jogos antigos da Capcom estão sendo lançadas aos montes, trazendo para modernidade os arcades dos anos 1990. Agora, em 16 de maio, chega o último capítulo dessa história clássica em Capcom Fighting Collection 2, incluindo alguns dos jogos mais aclamados pelo público, e outros completamente desconhecidos. Um furacão de emoções.
Capcom vs. SNK, o confronto do milênio

Entre o final dos anos 1990 e a primeira metade dos anos 2000, a Capcom viveu uma fase relativamente tranquila e com poucos concorrentes diretos. A quantidade massiva de títulos, uma boa dose de publicidade e, principalmente, a aceitação do público, fizeram a empresa alcançar o topo no que tange aos jogos de luta.
Assim como Sony e Microsoft hoje brigam pela atenção dos fãs, um dia SEGA e Nintendo também brigaram. E, dentro do pequeno nicho dos jogos de luta, também tivemos um embate sanguinário de empresas, no caso, a Capcom, representada por Street Fighter, Darkstalkers e as séries VS; e a SNK, de Fatal Fury, Samurai Shodown e The King of Fighters.
Agora, imagine um crossover entre marcas de uma forma nunca antes vista no mercado. Seria como se Master Chief lutasse contra Nathan Drake num mapa de Gears of War valendo toda a glória da empresa.
Quando Ryu e Kyo Kusanagi se encararam pela primeira vez, o mundo da FGC desabou em lágrimas de emoção. Quando Mai e Chun-Li encostaram as suas respectivas testas, os “fanfiqueiros” de plantão nunca mais pararam de escrever. Quando Ken Masters pegou do chão e devolveu o boné a Terry Bogard, a história era escrita ao vivo.
Capcom vs. SNK Millennium Fight Pro veio como um sonho realizado, porém, foi com Capcom vs. SNK 2: Mark of the Millennium 2001 que ele se consagrou como o jogo de luta crossover mais completo de todos os tempos.
Quem é você no churrasco?

A rivalidade entre Capcom e SNK existe antes mesmo dos fãs. Tudo começou em 1987, quando Takashi Nishiyama apresentou ao mundo Street Fighter, com seus comandos secretos e dois lutadores viajando pelo mundo. Mas suas ideias de continuação não agradaram a Capcom, então ele deixou a empresa em busca de novos desafios. É aí que surge a SNK, que deu total liberdade criativa ao desenvolvedor, que acabou criando um legado na empresa concorrente, começando por Fatal Fury, a continuação espiritual de Street Fighter.
Apesar da SNK ter colocado no mercado quatro franquias inéditas num intervalo de dois anos, eram poucos os jogadores que conheciam Terry Bogard, Ryo Sakazaki, Haohmaru e companhia. Ao contrário da Capcom, que investiu dinheiro em publicidade, fazendo com que não houvesse um jogador na época que desconhecesse nomes como Ryu, Chun-Li ou Blanka.
A SNK por sua vez, trabalhava com esmero a história dos seus jogos e as ligações entre personagens, criando um universo singular a todas as suas franquias. Os animes lançados na época colaboraram para a popularização de algumas séries, aumentando a base de fãs através, mas faltava um gameplay sólido em seus jogos para consolidar os jogadores.
Nos dias de hoje é ainda mais difícil encontrar fãs da SNK. A empresa passou por maus bocados no começo dos anos 2000, declarando falência, sendo comprada por outros conglomerados e sobrevivendo de migalhas. Com o lançamento de The King of Fighters XII (2009) e XIII (2010), a SNK tentou se apresentar mais uma vez como uma desenvolvedora de jogos de luta, mas num mundo em que esse gênero voltava apenas a engatinhar.
O começo do sonho

De acordo com os relatos dos próprios desenvolvedores – numa série especial de entrevistas cedidas ao Polygon –, Takashi Nishiyama e Yoshiki Okamoto idealizaram todo o projeto de uma união das franquias. Já havia uma rivalidade entre as empresas na época, e, a ideia surgiu num jantar, ao acaso. Nishiyama propôs o embate entre as franquias, e Okamoto, na época chefe de desenvolvimento da Capcom, apoiou. Para consolidar o acordo só era preciso convencer ambos os CEOs, Kenzo Tsujimoto, da Capcom, e Eikichi Kawasaki, da SNK – praticamente desesperado por um bom negócio, pois era exatamente o período em que a companhia anunciou falência e trocou de mãos.
Com falência decretada pela SNK em 2000 (uma época bastante conturbada para a empresa), a Capcom acabou lançando dois jogos em sequência, enquanto a SNK produziu apenas um jogo de luta (SVC Chaos, lançado recentemente para consoles e Steam num pacote especial).
O primeiro Capcom vs. SNK chegou em 2000, e mesmo alguns desenvolvedores da Capcom, precisaram estudar todo o elenco da SNK, pois nunca haviam jogado seus games. A sensação de que os personagens da Capcom eram mais fortes no título não era à toa. Demorou um ano e pouquinho para que o segundo jogo desse as caras, e aí as coisas ficaram boas.
Capcom vs. SNK 2, de 2001, é extremamente especial para a comunidade, já que incorpora todos (sem exageros) os aspectos dos jogos de luta de ambas as empresas, divididos em estilos de jogo que o jogador escolhe antes de iniciar a partida. O cuidado e o esmero com ambas as empresas foi cirúrgico.
Com o relançamento dessa pérola (quase) esquecida, os olhares retornam para ambas as empresas, que estão em momentos particularmente ótimos: Street Fighter 6 tem o melhor lançamento da franquia em anos, e a SNK prepara o aguardado Fatal Fury: City of the Wolves, dando continuidade a uma saga esquecida lá em 1999. Bem que um novo Capcom vs. SNK podia dar as caras nos próximos anos, né?
Bate-papo com o produtor Shuhei Matsumoto

Tivemos a oportunidade de conversar sobre a nova coletânea Capcom Fighting Collection 2 com Shuhei Matsumoto, produtor do game (que também está à frente de Street Fighter 6). Assim como muitos jogadores atualmente, ele começou sua carreira (de jogador) com Street Fighter, mas ficou surpreso ao encontrar um novo universo de lutadores com Capcom vs. SNK.
A dupla à frente de Street Fighter 6, Takayuki Nakayama (diretor) e Shuhei Matsumoto (produtor) é famosa dentro da comunidade por, além de cuidarem carinhosamente de Street Fighter 6, também serem ávidos consumidores de jogos de luta. E a história com os jogos da SNK, pelo menos para Matsumoto-san, começou exatamente com o CVS2.
“Na época, eu estava no ensino médio e ouvia muito hip hop. Quando me tornei universitário, joguei muito Capcom vs. SNK 2 e, graças a esse jogo, conheci um novo mundo de personagens da SNK. É realmente uma honra estar envolvido neste projeto cerca de 25 anos depois, e eu adoraria contar isso ao meu eu mais jovem”, contou Matsumoto-san revelando o seu primeiro contato com o game.
À frente do relançamento de CVS2, o produtor almeja alcançar tanto os jogadores que já tem uma experiência prévia com o game, como também aqueles que nasceram na nova geração, com SFV e SF6. “Acredito que os jogadores que já experimentaram Capcom vs. SNK 2 sentirão uma sensação de nostalgia, enquanto aqueles que vão conhecer o crossover através de Street Fighter 6 terão a oportunidade de ver sua origem. Espero que todos possam desfrutar da emoção de ver muitos personagens cruzando fronteiras”, disse.

Recentemente, tivemos Terry e Mai Shiranui em Street Fighter 6, firmando uma nova parceria com a SNK, que vai receber Ken e Chun-Li no seu próximo lançamento, Fatal Fury: City of the Wolves. Óbvio que essa parceria incita a imaginação de todo mundo, esperando por um possível CVS3. De acordo com Matsumoto-san, tanto ele quanto todo o time da Capcom estão ansiosos para que isso aconteça, mas nada sobre esse futuro está firmado ainda.
Nessa onda de crossovers com outras empresas, talvez seja um pouco frustrante para os amantes de Street Fighter encontrarem personagens como Terry e Mai e sequer saber de onde vieram. Claro que isso não cobre todo o passado desses personagens, mas Matsumoto-san acha que a Fighting Collection 2 dá uma boa base histórica para essa galera descobrir mais sobre os personagens convidados.
“Seria uma pena se os jogadores que estão curtindo os personagens do crossover em Street Fighter 6 não pudessem experimentar suas aparições anteriores em consoles atuais e aprender sobre suas origens. Embora haja muitas diferenças entre os jogos daquela época e agora, acredito que aumentar as oportunidades de conhecer o passado dos personagens que amam pode ser uma grande motivação para jogar jogos de luta.”
Capcom Fighting Collection 2 será lançado dia 16 de maio, não apenas com a série Capcom vs. SNK, mas também com Power Stone 1 e 2, Plasma Sword e Project Justice no pacote.
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