Quando joguei Assassin’s Creed pela primeira vez, o pensamento que mais passou pela minha cabeça era de que a franquia precisava de um jogo com ambientação no Japão Feudal — e, anos depois, cá estamos nós!
Após muitos pedidos de fãs, Assassin’s Creed Shadows finalmente leva os assassinos para o país do leste asiático, sendo uma das principais apostas da Ubisoft para 2024.
Durante a semana da Summer Game Fest, que aconteceu em Los Angeles, tivemos a oportunidade de dar uma espiada mais profunda no jogo, além de conversar com o diretor Charles Benoit, para entender melhor o que está por vir.
Luzes e sombras
Assassin’s Creed Shadows é ambientado na fase final do período Sengoku do Japão, entre os séculos XV e XVI, em que uma guerra civil longa e violenta aconteceu. Com foco na unificação do país, a história é protagonizada pelo samurai Yasuke (que realmente existiu!) e pela shinobi Naoe — e o jogador pode alternar entre os dois, cujas tramas se entrelaçam.
A ideia de ter dois protagonistas surgiu no início do desenvolvimento, segundo Benoit, uma vez que logo perceberam que samurai e shinobi são bem diferentes em termos de origem e classe social. Os samurais, por exemplo, eram soldados que viviam pela honra e estavam disposto a dar a vida pelo país. Enquanto os shinobis eram guerreiros habilidosos que não seguiam um código de conduta ética, agindo de acordo com a sua própria vontade.
Essas diferenças deram liberdade para a criação de jogabilidades únicas para cada um: Yasuke é do combate direto, e Naoe é da furtividade.

As disparidades físicas também são propositais. Yasuke é alto, imponente e grande, sendo fácil de ser avistado e de intimidar um inimigo. Já Naoe é o menor modelo de personagem já criado para um Assassin’s Creed, justamente para ser furtiva, podendo se esgueirar com facilidade e agilidade pelos cenários.
Pudemos assistir a uma apresentação a portas fechadas, que demonstrou na prática justamente essas diferenças entre os personagens, que servem quase como contrapontos.
Ambientada na cidade-castelo de Fukuchiyama, a missão mostra Yasuke e Naoe trabalhando juntos na busca por um daimyo (termo usado para os líderes dos clãs japoneses) corrupto. Você pode escolher com quem jogar — e pudemos ver a tarefa sendo realizada tanto com o samurai quanto com a shinobi.

Yasuke é focado na pancadaria sem rodeios, com uma abordagem brutal e direta, sendo baseado em parry (ou seja, bloqueio no momento certo), esquiva e contra-ataque. Além de muitas finalizações sangrentas. Ele também pode atacar com uma arma de fogo para causar dano a longa distância, mas os ataques mais poderosos são corpo a corpo.
A missão com o samurai é invadir o castelo em plena luz do dia e assassinar todos que ousarem entrar no caminho — uma estratégia simples, mas ousada. Consequentemente, isso faz o jogador enfrentar uma quantidade alta de inimigos.
Já Naoe apresenta táticas de furtividade, em que é possível usar um gancho para pular nos telhados, se arrastar pelos arbustos — o que lembra The Last of Us Part II — e causar mortes silenciosas. Assim, você derrota uma quantidade menor de adversários.
Usar o ambiente é a chave para se sair bem com a shinobi, mas é preciso ter cuidado: nem todos precisam morrer no castelo, uma vez que os servos são inocentes, então silenciá-los com abate não letal é a melhor abordagem. Se for vista, a personagem também consegue se virar no combate direto, com uma corrente eficaz para controle de grupo.
Assim, sensação é que Naoe apresenta uma jogabilidade que resgata e aprofunda as mecânicas de furtividade da franquia, enquanto Yasuke é um estilo mais "tanque", com golpes pesados e velocidade limitada.

Além disso, tanto Yasuke quanto Naoe têm três habilidades únicas com a katana, que rendem animações e movimentos estilosos e, é claro, sangrentos. Algo útil é que toda a experiência ganha com um protagonista é compartilhada com o outro — portanto, a dupla evolui ao mesmo tempo. Além dos espólios também serem compartilhados.
Ambientação no Japão
Durante a apresentação, foi perceptível o cuidado dos desenvolvedores com a ambientação, que parece ter saído de um filme antigo de Akira Kurosawa, com direito a vegetação colorida e estruturas tradicionais como templos, pagodas (torres imensas e pontudas) e castelos.
O cuidado com detalhes também parece presente, uma vez que lutas ao lado de tendinhas de frutas rendeu algumas laranjas voando para todo o lado! Além do sistema dinâmico de clima, em que as estações do ano vão afetar os cenários.
Em relação ao tamanho de Shadows, Benoit afirma que a relação de escala do jogo é mais realista em comparação com títulos anteriores da franquia, como Origins, Odyssey e Valhalla.
“Normalmente não criamos um mundo aberto com escala 1:1 porque tudo ficaria muito grande, as casas seriam muito distantes umas das outras. Mas aumentamos a escala para Shadows. Então tudo parecerá maior e mais autêntico. O castelo [da missão], por exemplo, foi baseado em uma planta realista.”
Como um dos fãs que estavam à espera pela ambientação no Japão Feudal há anos, a sensação é que Shadows será um passo ambicioso para a franquia, adicionando temperos novos com a dinâmica da troca entre Yasuke e Naoe — que lembra Assassin's Creed Syndicate — e um mundo aberto que faz jus à história japonesa. Só nos resta esperar para ver se realmente entregará tudo que promete!
Assassin’s Creed Shadows será lançado no dia 15 de novembro para PlayStation 5, Xbox Series X|S e PC.
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