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Filme do Mario compensa história simples com encanto visual | Crítica
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Filme do Mario compensa história simples com encanto visual | Crítica

Super Mario Bros. celebra ícone dos videogames com aventura tão direta, quanto divertida

Gabriel Avila
Gabriel Avila
06.abr.23 às 13h06
Atualizado há mais de 1 ano
Filme do Mario compensa história simples com encanto visual | Crítica
Super Mario Bros./Universal/Divulgação

Por 30 anos, “filme do Mario” se referiu a um live-action desastroso que falhou em capturar a alma dos games de Super Mario, que tornou essa franquia tão querida por gerações de jogadores. Essa história muda com Super Mario Bros., animação que joga seguro com uma história extremamente simples, mas que diverte com uma animação encantadora e empolgante.

Para retirar o gosto amargo da última aparição de seu maior personagem nos cinemas, a gigante dos games Nintendo firmou uma parceria com o Illumination, estúdio de animação responsável pela franquia de sucesso Meu Malvado Favorito. A produtora, por sua vez, montou uma equipe focada justamente no que a versão anterior deixou a desejar: levar para as telas a magia dos jogos.

O foco é tão claro que o roteiro de Matthew Fogel (Minions 2: A Origem de Gru) não esboça a menor vontade de reinventar a roda. A história coloca Mario para trilhar a famosa Jornada do Herói sem surpresas, o que pode frustrar quem vai assistir ao filme buscando um enredo robusto. Porém, a forma como essa estrutura é preenchida é o que torna a produção digna de atenção.

O filme apresenta Mario e Luigi como irmãos que deixam um emprego estável para criar a própria empresa de encanamento. Durante um serviço, eles acabam puxados por um cano verde que os leva a um universo mágico ameaçado pelo maligno Bowser, que conseguiu um artefato capaz de lhe conceder poderes para conquistar o mundo. Assim, os humanos precisam unir forças à Princesa Peach para derrotar o vilão e voltar para casa.

Por um lado, a narrativa joga seguro ao colocar o Mario dos cinemas para trilhar uma jornada que emula a de figuras como Luke Skywalker, Frodo e infinitos outros. Por outro, é esperto ao voltar seus esforços para contar essa aventura celebrando o material base.

A migração de Mario do mundo “real” para o dos games é a deixa para que o time de animação brilhe. A equipe se apropria da belíssima estética consagrada nos games e as combina com ferramentas aprimoradas nos filmes anteriores do estúdio, para dar uma espécie de realismo que não trai a estética cartoon deste universo. O resultado é o mais positivo possível, tornando palpável um mundo habitado por cogumelos falantes e soldados-tartarugas.

A produção é eficaz ao trazer cenários, criaturas e objetos dos games e incorporá-los como na construção deste mundo. Faz parte da diversão aprender junto com Mario as estruturas e peculiaridades do local, cuja fauna e flora é composta pela vasta gama de elementos retirados dos jogos lançados em quase 40 anos de história. Uma incorporação que faz a alegria dos fãs, mas não atrapalha a experiência de novatos.

Os diretores Aaron Horvath e Michael Jelenic (Jovens Titãs em Ação) aproveitam a animação deslumbrante para causar no público a mesma sensação de maravilhamento do protagonista. A partir daí, o filme empolga justamente ao costurar elementos presentes em um sem-fim de jogos que construíram tal universo, sem muito foco em unificar a mitologia em torno deles. O roteiro aproveita essa oportunidade em diversas situações com variados graus de sucesso.

No melhor deles, usa algumas lacunas para estabelecer dinâmicas e questões – observe a grande motivação de Bowser ou a justificativa para Luigi ir parar em uma mansão mal assombrada. Nas piores, simplesmente traz elementos considerados necessários para um filme do Mario sem a menor vergonha de forçar a barra, como é o caso da justificativa para incluir os karts.

Porém, se o texto falha em certos momentos, a direção leva o foco para outro canto e foca em tornar a sequência tão empolgante e hipnotizante, que se torna fácil perdoar o deslize. Usando os próprios karts como exemplo, a sequência transforma a corrida pela Rainbow Road em uma espécie de “Mad Max para baixinhos” com agilidade e psicodelia tão envolventes que fica fácil perdoar a inconsistente motivação para sua inclusão.

O mesmo pode ser dito dos personagens, que em sua maioria são encarnações de arquétipos. Ao invés de prezar pela profundidade, a animação investe em diferentes formas de tornar seus personagens carismáticos com base nas características herdadas dos games.

Mario é o herói desacreditado, Luigi é o medroso que não se acovarda, Toad é o alívio cômico verborrágico, Donkey Kong é o fortão exibido. Estereótipos que se valem da simpatia instantânea pelos personagens e pelas dinâmicas entre eles. Nesse quesito, vale destacar Peach, que ganha mais agência e importância do que ser a donzela em perigo, e Bowser, que não perde a maldade mesmo com uma motivação tão inusitada.

Por falar nos personagens, é preciso dizer que a versão exibida para a imprensa foi dublada em português. Reafirmando o talento dos dubladores brasileiros, o elenco nacional não desaponta e faz bonito, especialmente nos momentos de comédia. Um trabalho reconhecido nos créditos, que colocaram os nomes dos dubladores brasileiros ao invés do elenco original.

Ao fim de uma hora e meia de uma aventura simples, cheia de ação e comédia, contada em uma animação bela e hipnotizante, é justo dizer que Super Mario Bros. redime a franquia nos cinemas. E o faz em uma produção francamente voltada ao público infantil, focando em uma representação genuína que não busca agradar o público maduro com metalinguagem ou sarcasmo. Ao focar nas qualidades e peculiaridades desse universo que o filme cumpre seu propósito, o de divertir. E não é essa a função do super encanador desde sua estreia nos games?

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