Guy Ritchie é um diretor com muita personalidade e Rei Arthur: A Lenda da Espada não foge à regra.
Assim como em Sherlock Holmes, Ritchie pega uma história clássica e dá toques contemporâneos, evocando elementos que remetem ao cenário underground de Londres, o que dá uma estética interessante para a produção. Em termos de direção, o novo Rei Arthur é incrível. Ritchie utiliza movimentos de câmeras inusitados, flashbacks, flashforwards, montagens alternadas (quando vemos dois acontecimentos paralelos se revezando em tela) e outras técnicas que servem bem à narrativa.
Outro destaque da direção é o ritmo do longa. A música incidental é parte importante do clima da produção e por diversas vezes, Ritchie optou por conduzir as cenas de forma com que elas se encaixassem no ritmo da trilha sonora — que é recheada de batidas de tambores e guitarras ao fundo.
Falando da trama: Rei Arthur é um filme engraçado. Muito engraçado. É como se Terry Pratchett ou Douglas Adams tivessem reescrito a história que todos conhecemos. Contudo, alguns podem estranhar algumas mudanças, não temos Merlin ou Lancelot, com Ritchie focando mais no Arthur humano do que necessariamente na lenda.
Charlie Hunnam entrega uma performance decente como o Rei, porém, em alguns momentos, deixa seu lado Jax Teller, de Sons of Anarchy, falar mais alto e temos a sensação de estar assistindo um episódio medieval da série. Jude Law aparece ameaçador como o Rei Vortigen e assusta pela ausência de emoções, parecendo um robô na maior parte do tempo.
O maior problema de Rei Arthur: A Lenda da Espada está em seu terceiro ato, quando o filme tenta ser um épico de fantasia grandiloquente e deixa sua identidade de lado para se tornar uma aventura genérica, embora esse equivoco não tire o brilho da obra de maneira geral. Todo o resto é muito coerente, muito divertido, muito engraçado e com bom ritmo.
Apesar de não ser um filme espetacular, Rei Arthur: A Lenda da Espada é um filme honesto, daqueles que você vê enquanto come pipoca. Talvez era isso que Guy Ritchie queria. Se foi, acertou em cheio. Se não foi, ainda saímos no lucro.