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Os julgamentos reais que inspiraram Coringa: Delírio a Dois
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Os julgamentos reais que inspiraram Coringa: Delírio a Dois

Ao NerdBunker, Joaquin Phoenix e Todd Phillips explicam conexão do filme com o mundo real

Gabriel Avila
Gabriel Avila
02.out.24 às 16h00
Atualizado há 6 meses
Os julgamentos reais que inspiraram Coringa: Delírio a Dois
Warner/Reprodução

No centro de Coringa: Delírio a Dois está o julgamento de Arthur Fleck (Joaquin Phoenix) pelos crimes cometidos no primeiro filme. Ao NerdBunker, o diretor Todd Phillips explicou que essa parte da história tem raízes firmes no mundo real.

A convite da Warner Bros., participamos de uma entrevista presencial com o cineasta em Los Angeles, que citou o caso de Bernhard Goetz como referência. Esse é o nome de um homem que atirou em quatro jovens no metrô de Nova York, em 1984, e que inspirou uma das cenas do filme Coringa (2019). Todd Phillips explica que retornou ao episódio para a sequência devido à forma como tudo foi transformado em espetáculo:

“Em 1984, eu tinha 13 anos e lembro que houve o julgamento de Bernhard Goetz, que foi um justiceiro de Nova York, e foi muito parecido com o do Arthur… Do lado de fora, foi um grande circo. O mesmo prédio do tribunal, quer dizer, literalmente a mesma coisa. As pessoas estavam lá a favor e contra ele. As pessoas acreditavam no que ele tinha feito ou não.”

Na sequência, o diretor também citou o julgamento de O.J. Simpson, ex-astro de futebol americano acusado de assassinar a ex-esposa, Nicole Brown Simpson, e o amigo dela, Ronald Goldman, em 1994:

“É claro que, como todos nós sabemos, houve o julgamento de O.J. Simpson depois. (...) Duas pessoas foram assassinadas, mas você está vendendo comerciais durante [a transmissão do julgamento]. É loucura quando você para para pensar [risos].”

Nesse momento do papo, o diretor fez uma pausa e perguntou se esse circo midiático em torno de eventos graves também acontece nos países dos jornalistas sentados à mesa. Quando os jornalistas brasileiros responderam que isso é comum por aqui, Phillips caiu na risada: “É, imagino o Brasil fazendo isso. Nós aqui e o Brasil… Somos muito parecidos de muitas formas, é verdade.”

Coringa no tribunal

De acordo com o cineasta, a espetacularização de questões sérias está no cerne de Coringa: Delírio a Dois. Segundo ele, um dos temas principais do filme é a forma como a sociedade corrompeu o significado da palavra “entretenimento”:

“Para mim, [o filme] também é sobre a corrupção do entretenimento. Qual o significado de quando pegamos julgamentos de assassinos e colocamos na TV para vender comerciais? O que significa vender um debate presidencial como se fosse uma luta de vale-tudo? Se tudo é entretenimento, o que é entretenimento? (...) É nesse lugar em que estamos culturalmente.”

Para Joaquin Phoenix, a atenção midiática que Arthur Fleck ganhou com julgamento foi uma ferramenta fundamental para desenvolver novas facetas do personagem na sequência:

“Você tem alguém que é muito isolado, que viveu uma vida muito solitária e que através do Coringa, essa outra parte de si, de repente ganha vida, certo? Ele vai de alguém literalmente reprimido, curvado e anônimo para alguém que ganha os ouvidos do mundo, todo mundo passa a prestar atenção nele. E o que ele faz com esse tipo de fama – ou infâmia – o afeta.”

O impacto mais claro desta fama repentina está no fato de que o Coringa passa a atrair figuras como a Arlequina, vivida por Lady Gaga. Um relacionamento que traz sensações inéditas a Arthur ao mesmo tempo em que o obriga a refletir sobre a própria identidade:

“Vemos ele ganhando vida e literalmente encontrando a própria voz novamente, e é uma nova voz, uma nova parte dele, de certa forma. E esse processo de encontrar alguém e sentir afeto e romance, faz ele refletir sobre si mesmo, sobre as próprias ações e o que o trouxe até aqui. E, subitamente, essa vida que ele achou que queria, a pessoa que ele achou que queria ser, trazem dúvidas e ele passa a refletir sobre isso e as próprias ações.”

Coringa: Delírio a Dois conta com o retorno de Joaquin Phoenix ao papel principal e apresenta uma nova versão da Arlequina, vivida por Lady Gaga. O filme chega aos cinemas do Brasil em 3 de outubro.

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