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Suzume é um épico sobrenatural magicamente humano | Crítica
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Suzume é um épico sobrenatural magicamente humano | Crítica

Novo longa-metragem de Makoto Shinkai é grandioso e intenso, sem perder a sensibilidade que marca os trabalhos do diretor de Your Name

Saori Almeida
Saori Almeida
13.abr.23 às 09h00
Atualizado há mais de 1 ano
Suzume é um épico sobrenatural magicamente humano | Crítica
CoMix Wave Films/Story Inc./Divulgação

Quatro anos desde seu último lançamento e seis após o sucesso Your Name, Makoto Shinkai retorna às salas de cinema e plataformas de streaming com o filme Suzume no Tojimari. Também conhecida apenas como Suzume, a produção apresenta muito do que já se tornou marca registrada do diretor, ao mesmo tempo que ousa em uma aventura épica sobrenatural.

A grande expectativa para o novo longa de Shinkai era que ele estregasse, pelo menos, uma animação de encher os olhos - e não decepcionou. Belos quadros das zonas rurais e urbanas do Japão ambientam a história de Suzume Iwato, uma garota que, em mais um dia normal de sua pacata vida, encontra um misterioso estranho buscando por uma porta. Mesmo em cenários simples ou em ruínas, o filme consegue mostrar a beleza única de cada detalhe como uma pintura.

No entanto, Suzume não se apoia totalmente em seu visual. O filme tem uma carga muito além da superfície, pois se inspira no Grande Terremoto no Leste do Japão, que ocorreu em 11 de março de 2011 e resultou na morte de mais de 19.700 pessoas, sem contar desaparecidos.  A atmosfera e sentimento deixados por esse desastre está intrínseco à beleza do projeto, mostrando, com delicadeza, uma comunidade tentando se reerguer e se amparar em meio aos destroços. Mesmo nos elementos fantasiosos, existem fragmentos de realidade que emanam a empatia pela população afetada pela catástrofe.

A trilha sonora sensível e muito bem moldada também dá profundidade ao belo ambiente. Cada instrumental passa o sentimento certo na hora certa - seja apreensão, comédia, grandiosidade ou uma calma sensação de relaxamento e contemplação.

Suzume transforma as ruínas do Japão em quadros cheios de sentimento e beleza (CoMix Wave Films/Story Inc./Reprodução)

Shinkai criou uma história que pisa nas mesmas bases de Your Name e Weathering with You, mas sobe o nível em tensão, dinâmica e elementos espirituais ou mágicos. A ameaça é concreta, assustadora e imprime ansiedade a cada vez que aparece, entregando vários pequenos clímax durante as 2 horas da produção.

Mesmo sendo bastante longo para esse tipo de projeto, o filme não entedia e se desenrola além do que o espectador espera. Há sempre um ar de "algo intenso está para acontecer", prendendo a pessoa que está assistindo. Porém, parte da curiosidade que fica no final é resultado de perguntas não respondidas e lacunas deixadas para o espectador pensar por si mesmo - o que carrega certa negatividade, mas também é um recurso narrativo explorado por Makoto Shinkai há algum tempo.

Além disso, a conexão entre as grandes cenas de ação deixa Suzume muito perto de se perder. É preciso pisar no freio da antecipação quanto mais o enredo avança, já que não seria possível manter a alta tensão por tanto tempo numa sequência longa de diferentes situações.

Felizmente, os curiosos personagens não deixam que a audiência fique desorientada nesse caminho.

O gato Daijin é um personagem que conquista a atenção em Suzume (CoMix Wave Films/Story Inc./Reprodução)

Os personagens de Suzume são justamente uma das grandes armas que o projeto tem para disfarçar seus "buracos" ou cenas que poderiam quebrar completamente a cadência - junto com a beleza visual e trilha sonora.

O núcleo principal oferece personalidades interessantes, carismáticas e com tiradas que podem fazer gargalhar alto ou refletir sobre a vida. A protagonista, inclusive, merece destaque especial, pois se torna cativante ao balancear força, inseguranças e gracinhas da forma mais madura possível.

Por baixo da superfície sobrenatural, Suzume tem muitas mensagens relacionadas ao ser humano - como é de costume nas obras de Makoto Shinkai. A importância das memórias, o luto, o sacrifício, o crescimento e a vontade de viver, entre outros profundos sentimentos, estão intrínsecos à rotina dos protagonistas e dos personagens secundários que acompanhamos. Diversas pessoas apoiam a linha principal do longa, mas não são apenas objetos. Cada um recebe um segundo plano e pode fazer com que o espectador se identifique e lembre de situações da própria vida.

Suzume é cheio de pessoas magicamente humanas

Suzume no Tojimari é uma veloz montanha-russa de emoções que desliza entre o épico sobrenatural e o drama humano, transformando-se em mais uma intensa obra do diretor de Your Name. Mesmo as questões sem resposta (que não são novidade nas produções de Shinkai) deixam o espectador imerso no enredo por um bom tempo após os créditos subirem.

Os detalhes enriquecem ainda mais esse universo de pessoas normais e, mesmo que algo extremamente poderoso e mágico aconteça, são os sentimentos, acontecimentos e inseguranças mundanos que alcançam o coração e fazem qualquer um se identificar. Em paralelo, algo misterioso e profundo sempre está representado, nos fazendo refletir sobre o que existe além da realidade observável.

Suzume está em cartaz nos cinemas brasileiros.

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