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Watchmen | Sexto episódio trouxe revelação bombástica que diverge da HQ
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Watchmen | Sexto episódio trouxe revelação bombástica que diverge da HQ

A história de Will, quem diria, está diretamente ligada à dos Minutemen

Daniel John Furuno
Daniel John Furuno
25.nov.19 às 11h49
Atualizado há mais de 5 anos
Watchmen | Sexto episódio trouxe revelação bombástica que diverge da HQ

[Aviso: spoilers abaixo!]

Se na semana passada Watchmen reforçou a reverência com que vem tratando o material original, desta vez a série mostrou ousadia ao mexer no cânone. Um dos segredos mantidos na graphic novel é a verdadeira identidade do Justiça Encapuzada, o primeiro herói mascarado, que surgiu nos anos 1930, inspirou outros a seguirem seu caminho e integrou os Minutemen — grupo do qual ainda faziam parte o Comediante e a primeira Espectral, pais de Laurie (Jean Smart). Pois o sexto episódio revelou que o vigilante era ninguém menos que Will (Louis Gossett Jr.).

O título, This Extraordinary Being, alude a um trecho de Sob o Capuz, autobiografia de Hollis Mason, no qual o primeiro Coruja relata justamente o aparecimento do Justiça Encapuzada. Mas trata-se também de uma referência literária real: “esse ser extraordinário” é como o francês Victor Hugo descreve, a certa altura, o protagonista de seu romance O Corcunda de Notre Dame, publicado originalmente em 1831. Quasímodo é um órfão que sofre de deformidades no corpo; tratado por todos como monstro, o personagem se isola na célebre catedral parisiense e passa a demonstrar uma agressividade quase selvagem. “À medida que crescia, ele encontrava apenas ódio à sua volta. E acabou por aceitá-lo. Adquiriu a maldade ambiente. Apossou-se da arma com que o feriam”, escreve o autor.

A ideia de alguém moldado pela violência resume a trajetória de Will (em sua versão jovem, interpretado por Jovan Adepo). Sua confiança na lei — manifesta na admiração por Bass Reeves, protagonista do filme que assistia quando criança, e, mais tarde, pelo tenente Samuel J. Battle, primeiro oficial negro da polícia de Nova York — acabou arruinada por dois episódios traumáticos: o brutal assassinato dos pais e seu linchamento pelos próprios colegas. Esse segundo, por sinal, trouxe novo significado ao visual do vigilante mascarado, além de dotar de simbolismo o momento em que ele decidiu vestir novamente o capuz ao se deparar com o crime em andamento no beco. “O uniforme que um homem veste o transforma”, disse de modo agourento o chefe durante a cerimônia de formatura dos cadetes.

O roteiro do showrunner Damon Lindelof em parceria com Cord Jefferson teve outros bons achados, como as cenas da série American Hero Story: Minutemen no início, antecipando alguns dos temas explorados a seguir (caso do relacionamento entre o Justiça Encapuzada e o Capitão Metrópole), bem como o paralelo traçado entre Will e um certo super-herói alienígena estampado na capa da revista Action Comics #1 (ambos enviados para longe pelo pai, a fim de escapar de uma tragédia).

Outro ponto positivo foi a direção de Stephen Williams, que apresentou recursos narrativos bem interessantes, casos do uso de uma bateria de jazz na trilha sonora de três momentos-chave cheios de tensão, representando o conflito interno do personagem; e a inserção de alguns elementos coloridos saltando aos olhos em meio à fotografia em preto e branco, como uma espécie de visão fantasmagórica: o membro da Ku Klux Klan, a mãe de Will ao piano, os corpos arrastados pela viatura de polícia. O grande destaque no quesito técnico, no entanto, foi a opção por filmar o linchamento sob o ponto de vista do protagonista do episódio, amplificando todo o horror daquela sequência.

 

Também bastante efetiva foi a inclusão de Angela (Regina King) na pele de Will em passagens escolhidas com precisão, nas quais as falas dele espelharam os sentimentos dela — “Eu não estou com raiva”, como insincera resposta à observação de June (Danielle Deadwyler) de que ele era um homem com muita raiva, ou “Eu tenho certeza”, quando perguntado se estava certo de que queria se tornar um justiceiro. Em termos de enredo, a solução serviu para ilustrar a intenção de Will de usar as pílulas de Nostalgia para fazer a neta compreender suas motivações.

Ou seja, além de aprofundar o personagem, o episódio também ajudou a desenvolver sua relação com Angela. De quebra, ainda introduziu informações que podem ser bastante relevantes mais à frente. Por exemplo: será que a tecnologia de hipnose, a arma da KKK da qual Will se apossou, está relacionada com o plano de Lady Trieu (Hong Chau)?

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