Antes da estreia de What If…?, o diretor Brian Andrews celebrou a chance de trazer “novos gêneros” ao MCU. Isso porque em seu universo principal, a Marvel dificilmente fará filmes que fujam do foco em ação e sua famosa “fórmula”. Composta por episódios fechados, a animação do Disney+ aproveitou a chance de trazer um gosto novo em seu terceiro capítulo.
Após mostrar a origem da Capitã Carter e imaginar T’Challa como Senhor das Estrelas, a série retorna novamente à Fase 1 do MCU, mais especificamente na véspera da formação dos Vingadores. Porém, antes que Homem de Ferro, Thor e Hulk possam unir forças, misteriosos assassinatos começam a acontecer, jogando Nick Fury e a Viúva Negra em um clássico mistério de “quem matou”.
[Atenção! A partir daqui, spoilers do terceiro episódio de What If…?]
Em seu terceiro episódio, What If…? encontra um equilíbrio quase perfeito entre seus pontos positivos e negativos. Em primeiro lugar, a trama focada em misteriosos assassinatos que impedem a criação dos Vingadores é riquíssima e mantém a curiosidade do público no máximo.
De forma inteligente, o texto mantém o espectador se questionando o tempo inteiro sobre quem, como e por que. Essas regras básicas do whodunit, gênero de histórias a respeito da investigação de um assassinato, são potencializadas pelas regras internas da própria Marvel. Quem ou o que seria forte o suficiente para matar titãs como Hulk e Thor? Como isso está acontecendo à vista da SHIELD? Será que a Viúva Negra traiu a organização?
Mas antes que a balança penda demais para o positivo, essa tensão toda é enfraquecida por um ritmo morno que parece sempre pisar no freio quando a história está para deslanchar. Com isso, a visita a cenas icônicas de filmes como Homem de Ferro 2, O Incrível Hulk e até Thor soam quase burocráticas, como se a animação estivesse entregando o fanservice quase de má vontade antes de avançar para onde quer chegar.
Levando a gangorra novamente para o lado positivo está a combinação de situações e personagens envolvidos. Apesar de a tal “invasão de Loki” ter uma importância muito menor que o esperado, colocar o personagem em uma situação abertamente cômica faz muito bem à trama e novamente destaca o talento de Tom Hiddleston no papel.
O mesmo pode ser dito sobre Samuel L. Jackson como Nick Fury e sobre a Viúva Negra, que enfim ganha espaço em uma espécie de “comentário metalinguístico” bizarro em que a Marvel praticamente assume que só dá espaço para a Vingadora quando seus companheiros estão fora da jogada. É uma pena que Scarlett Johansson não seja responsável por essa versão da personagem, uma irônica coincidência considerando a disputa que a atriz está travando com a Disney nos tribunais.
Por fim, para deixar a balança mais pendente para o lado positivo está Michael Douglas. Responsável pelas mortes do episódio, o ator dá vida a uma versão absolutamente amarga e revoltada de Hank Pym. Além de mostrar o personagem em um contexto completamente diferente, sua participação dá ao ator a oportunidade de voltar aos tempos de Um Dia de Fúria para vociferar um monólogo carregado de ódio que poderia durar muito mais.
Sem ganchos ou grandes pretensões, o episódio chega ao fim mostrando que a Marvel ainda está jogando muito seguro com What If…?. É curioso que esse sentimento apareça justamente em um episódio que mata grandes figuras da editora, provando simplesmente “fazer diferente” não é o suficiente. Uma pena, já que o capítulo deixa a série na cara do gol, faltando apenas a coragem para chutar.
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- Como Chadwick Boseman mudou os rumos de What If…?
- Leia o recap do primeiro episódio de What If…?
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What If…? ganha novos episódios às quartas-feiras no Disney+.