Logo do Jovem Nerd
PodcastsNotíciasVídeos
Enola Holmes 2 | Crítica
Filmes

Enola Holmes 2 | Crítica

Mais madura, jovem detetive embarca em uma jornada de mistério e aventura na luta pelos direitos das mulheres

Mariana Rodrigues
Mariana Rodrigues
07.nov.22 às 12h15
Atualizado há mais de 1 ano
Enola Holmes 2 | Crítica

A irmã caçula de Sherlock Holmes voltou para construir seu legado como uma grande detetive em Enola Holmes 2, novo filme da Netflix. Inspirado nos livros de Nancy Springer, o longa cria uma trama ainda mais intrigante que o primeiro, ao apresentar uma versão madura da protagonista, envolvida em um mistério que traz à tona importantes questões sociais.

Após resolver o caso do Lorde Tewksbury, Enola (Millie Bobby Brown) abre o próprio escritório para investigar pessoas desaparecidas. Sem muitos clientes, ela é contratada por uma garotinha para apurar o sumiço de Sarah Chapman, uma mulher pobre que trabalha em uma fábrica de fósforos.

O que aparenta ser uma investigação simples, revela-se como um grande caso e coloca em risco não apenas pessoas próximas a Sarah, mas a própria Enola, que precisa recorrer à ajuda do irmão (Henry Cavill) e da mãe (Helena Bonham Carter) para resolver o mistério.

Assim como Sherlock, Enola costuma sempre trabalhar sozinha. No entanto, o detetive também está passando por dificuldades e a união entre irmãos se mostra como a solução para o caso. Uma estratégia certeira no roteiro de Harry Bradbeer e Jack Thorne, visto que o entrosamento entre Bobby Brown e Cavill nas telas é impressionante.

Dessa vez, Sherlock também contribui para a evolução da irmã, tanto pessoal quanto profissional, ao servir como um mentor e estar realmente próximo a ela. Diferente do primeiro filme, Cavill entrega uma performance mais sensível e vulnerável, deixando os momentos entre eles ainda mais naturais e comoventes.

Mas Cavill está longe de ser o único que faz uma boa dupla com a atriz. Louis Partridge também retorna para a sequência em uma versão apaixonante de Tewksbury, que finalmente começa a concretizar os sentimentos por Enola. No entanto, ainda que as cenas entre os dois sejam encantadoras, o romance está longe de ser o foco da trama.

Embora não seja uma invenção dos contos de Sherlock Holmes, de Arthur Conan Doyle, Enola Holmes pega emprestado diversos elementos dessas histórias, como ambientes e personagens icônicos, para criar uma versão moderna, capaz de se conectar com o público mais jovem e trabalhar temáticas muitas vezes ignoradas por dramas de época.

Desde o primeiro filme, é possível perceber o cunho social do enredo, quando é revelado a relação de Tewksbury com a Lei de Reforma de 1832. Também baseada em fatos históricos, a sequência tem como pano de fundo a Greve das Matchgirls, na qual um grupo de garotas lutou por condições melhores de trabalho nas fábricas de fósforo, após serem expostas a jornadas exaustivas e elementos químicos nocivos à saúde.

Defensora do feminismo, Enola sempre coloca em pauta o machismo e a luta pelos direitos das mulheres, algo que fica ainda mais forte ao encontrar as Matchgirls e se deparar com condições sociais completamente diferentes das que está acostumada. Dessa vez, a jovem vai além de apenas resolver o mistério e se envolve emocionalmente no caso. O resultado é um amadurecimento e entendimento que ela sabe se virar muito bem sozinha, mas é ainda mais poderosa quando se une a outras pessoas.

Bobby Brown é conhecida por excelentes performances dramáticas, mas também esbanja talento ao interpretar uma personagem brincalhona, descontraída e que quebra a quarta parede, algo bem diferente da Eleven de Stranger Things, por exemplo. Atriz mostra versatilidade e mais confiança em Enola Holmes 2, provando como se sente confortável e imersa no papel.

Bonham Carter também ganhou mais destaque na sequência. Eudora, mãe da família Holmes, aparece além de flashbacks para protagonizar uma incrível sequência de luta e um emocionante momento entre mãe e filha, essencial para o crescimento de Enola.

Todas essas temáticas são inseridas no roteiro de forma inteligente, entrelaçadas na história de maneira natural e cativante, sem parecer algo forçado. Além disso, o ritmo acelerado, as cenas de luta e os momentos de drama ajudam a construir a jornada da personagem e mostrar a evolução dela do primeiro para o segundo longa.

O universo de Sherlock Holmes é extremamente vasto e cheio de possibilidades a serem exploradas e Enola Holmes 2 deixa a porta aberta para novas histórias que estão por vir. Ainda não é certeza se haverá mais uma continuação, mas é fato que a franquia tem potencial para atingir um público cada vez mais diverso. Afinal, quando o assunto é prender o espectador do começo ao fim e ser capaz de arrancar risadas e criar momentos de tensão ao mesmo tempo, Enola Holmes 2 é um excelente exemplo.

Encontrou algum erro neste conteúdo?

Envie seu comentário

Veja mais

Utilizamos cookies e tecnologias semelhantes para melhorar a sua experiência em nossas plataformas, personalizar publicidade e recomendar conteúdo de seu interesse. Ao continuar navegando, você concorda com estas condições.
Para mais informações, consulte nossa Política de Privacidade.
Capa do podcast