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Blade Runner: Black Lotus tem início marcado por homenagens e roteiro pouco inspirado
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Blade Runner: Black Lotus tem início marcado por homenagens e roteiro pouco inspirado

Anime da Crunchyroll em parceria com Adult Swim se esforça para recriar atmosfera do filme de 1982

Gabriel Avila
Gabriel Avila
05.nov.21 às 11h54
Atualizado há mais de 3 anos
Blade Runner: Black Lotus tem início marcado por homenagens e roteiro pouco inspirado

Poucos filmes construíram um legado tão sólido quanto Blade Runner - O Caçador de Androides. Desde sua estreia em 1982, o longa mudou a forma de se pensar em ficção científica e passou a fazer parte do DNA da cultura pop. Adaptação de um romance clássico, a produção deu início a uma franquia que ganhou uma continuação nos cinemas e agora retorna aos animes com Blade Runner: Black Lotus. Produção da Crunchyroll em parceria com a Adult Swim, a animação tem um início marcado por homenagens e um roteiro pouco inspirado.

Black Lotus acompanha Elle, jovem que acorda em um caminhão de mudanças sem memórias, portando apenas um objeto misterioso. Chegando à futurística e distópica Los Angeles de 2032, ela inicia uma busca pela verdade, contando apenas com pequenos fragmentos de memórias que surgem ocasionalmente.

Trazer uma franquia como Blade Runner de volta é um desafio enorme. A maior prova é que demorou 35 anos para que o filme original ganhasse a sequência Blade Runner 2049. Muito desse obstáculo está no fato de que a obra original é uma mistura de características muito diferentes, que unidas dão origem a um universo único e rico. O que é possível replicar do longa de Ridley Scott é a ambientação única da Los Angeles do futuro. Nesse quesito, a equipe do estúdio Sola Digital Arts fez bonito com uma reconstrução que beira a perfeição.

Blade Runner: Black Lotus captura a atmosfera deslumbrante e claustrofóbica nos mínimos detalhes. Desde as ruas sujas banhadas pelo neon de telões e placas, até ambientes internos tomados por fumaça e a intrusiva luz que invade janelas e portas. Dessa forma, o design cria o palco perfeito para que os diretores Kenji Kamiyama e Shinji Aramaki (Ghost in the Shell: SAC_2045) explorem esse ambiente com o mesmo olhar assustado, porém curioso, encontrado nos cinemas.

Cena do anime Blade Runner: Black Lotus (Divulgação/Adult Swim e Crunchyroll) A deslumbrante Los Angeles de Blade Runner: Black Lotus

Esse capricho, infelizmente não chega completamente aos personagens. Logo nos primeiros minutos, a computação gráfica do anime demonstra na prática a teoria do vale da estranheza. Enquanto os personagens se saem bem em cenas de luta e perseguição, o mesmo não dá para dizer nas passagens mais calmas, onde a movimentação é travada e as expressões sem vida. Há momentos em que a câmera foca em figurantes com movimentos travados e sem vida, que parecem ter saído diretamente das animações em computação gráfica do início dos anos 2000.

Por outro lado, o anime busca compensar essas falhas com a já citada familiaridade evocada pelos cenários e ampliada pela trilha sonora de Michael Hodges e Gerald Trottman. A dupla se esforça para fazer jus ao memorável trabalho de Vangelis no filme de 1982 e ao mesmo tempo dar ritmo a uma história que é menos contemplativa. Isso porque em seus primeiros episódios, Black Lotus toma caminhos diferentes e foca mais na ação do que no suspense filosófico que se tornou marca registrada da franquia até aqui.

Assim como Rick Deckard (Harrison Ford) e K (Ryan Gosling), a jornada de Elle está repleta de questionamentos existenciais. Porém, ao contrário dos protagonistas dos filmes, que tinham o luxo de serem desenvolvidos ao longo de horas, a jovem é colocada em um caminho que inicialmente tem maior foco na porradaria do que nas reflexões.

Até certo ponto, chega a ser frustrante sentir que o universo de Blade Runner foi trazido de volta para contar uma história tão comum quanto a de alguém sem memórias em busca de respostas. O tema já ficou desgastado por dar as caras em produções como Battle Angel Alita, A Identidade Bourne e muitos outros. Porém, logo em seu segundo episódio o anime toma a sábia decisão de mudar as regras do jogo, tirando a previsibilidade da equação e apontando rumos para que a história mergulhe em outros temas da franquia.

Elle no anime Blade Runner: Black Lotus (Divulgação/Adult Swim e Crunchyroll) Elle, a protagonista de Blade Runner: Black Lotus

Com onze episódios pela frente, Blade Runner: Black Lotus tem o desafio de colocar em prática o potencial que demonstrou nos dois primeiros capítulos. O anime saiu na frente ao ter feito a lição de casa na recriação do característico universo da franquia, agora resta dar à sua protagonista uma jornada memorável.

Blade Runner: Black Lotus, uma produção original da Crunchyroll e do Adult Swim, estreia no dia 13 de novembro na Crunchyroll.

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