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Por que Duna é tão importante para a literatura?
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Por que Duna é tão importante para a literatura?

A obra mais popular de Frank Herbert mudou os rumos da ficção científica

Tayná Garcia
Tayná Garcia
30.jan.25 às 16h00
Atualizado há 1 dia
Por que Duna é tão importante para a literatura?
Duna/Editora Aleph/Reprodução

Já faz mais de 50 anos desde que Duna foi lançado, dando início a uma franquia que não viria apenas a se tornar a obra de ficção científica mais vendida do mundo, mas também uma das maiores referências do gênero, inspirando milhares de produções sci-fi — até mesmo Star Wars.

Começando como uma saga literária na década de 1960, o universo de Duna acabou sendo expandido ao decorrer dos anos principalmente com filmes, com versões de cineastas renomados como David Lynch e Denis Villeneuve, e até jogos eletrônicos, como o clássico Dune II e o vindouro Dune: Awakening.

Criada pelo escritor Frank Herbert, a franquia teve seis livros ao todo — que, diga-se de passagem, totalizam mais de 3 mil páginas (!!!) — que narram, de forma detalhada, uma história complexa e cheia de questionamentos filosóficos, sociais e políticos.

Parte da importância e relevância de Duna se deve ao fato de que se passa num universo totalmente novo com conceitos nunca pensados antes para a época, como conta Daniel Lameira, ex-editor da Aleph, a editora que publicou os títulos no Brasil:

"Duna é um marco da ficção científica, Frank Herbert criou uma história que mudou os rumos do gênero e, ao mesmo tempo, os abraçou e os homenageou", explica Lameira.

Antes de Duna, o sci-fi era ligado a dois grandes movimentos dialéticos. O primeiro é a narrativa “pulp”, que foca em um entretenimento rápido e curto, geralmente com bastante liberdade criativa. Já o segundo é a era de ouro da ficção científica: "Com narrativas mais elaboradas e maior cuidado científico, destacando os romances de autores como Arthur C. Clarke, Isaac Asimov e Robert A. Heinlein, durante a década de 1950", esclarece Lameira.

Assim, Herbert é o responsável por quebrar a divisão entre os dois movimentos, impondo uma visão inédita ao gênero, como completa o editor:

"Ao mesmo tempo que ele bebe dessas influências — e também da fantasia — ele acrescenta temas que passam ali a fazer parte da ficção científica, como influência das ciências sociais, psicologia, antropologia, discussões ecológicas, religiões orientais, drogas, contracultura. Ele capturou a essência da época, influenciando diversas áreas artísticas, transcendendo o próprio gênero".

A obra mais popular e relevante de Frank Herbert continua influenciando escritores mundo afora e, claro, isso inclui o Brasil. Samir Machado de Machado, autor de Homens Elegantes (Rocco, 2016) e Tupinilândia (Todavia, 2018), conta sobre a importância de Duna em sua carreira:

"Li o primeiro Duna no tempo da faculdade. Foi uma experiência transformadora, tanto como leitor quanto como escritor iniciante: a construção de um mundo épico espacial cujos dilemas políticos parecem sempre atuais, a visão cósmica sobre religião e sociedade, ao mesmo tempo tão avançada e retrógrada, como se o futuro e o passado convergissem numa realidade espacial barroca".

Mas sobre o que é Duna?

Duna se passa 20 mil anos no futuro, em um universo em que os humanos já colonizaram outros planetas e estabeleceram uma sociedade neles. O ano exato, de acordo com a nossa noção de tempo, seria 21.267 d.C.

A trama acompanha o conflito entre as duas famílias mais poderosas da galáxia — as dinastias Atreides e Harkonnen — que estão interessadas na mineração do planeta Arrakis, também conhecido como “Duna” por ter terrenos arenosos e um clima seco.

Lá, existe uma substância rara, apelidada de “especiaria”, que supostamente prolonga a vida humana, melhora as capacidades mentais e até possibilita a dobra entre o espaço-tempo. O uso contínuo deixa o usuário com os olhos totalmente azuis.

A especiaria só pode ser encontrada em Duna e é protegida por imensos Vermes de Areia com até 450 metros de comprimento, que vivem debaixo da areia e são atraídos pelas bases de mineração.

Além das criaturas, o planeta desértico também é habitado por seus nativos, os Fremen, que vivem como nômades debaixo das dunas e temem pela ocupação da dinastia Harkonnen, liderada por um barão ganancioso e cruel. Eles acabam se juntando ao protagonista Paul, o jovem duque da família Atreides, quem eles acreditam ser o profeta que vai salvar Duna.

Por trás ainda dessa premissa, existem muitos conceitos fictícios desse universo que envolvem destino, visões, guerras políticas, habilidades místicas, telepatia e por aí vai. Debates políticos e sociais, que podem até ser equiparados a cenários contemporâneos, também estão atrelados subjetivamente na narrativa.

Os seis livros

A saga escrita por Herbert tem início em 1965, com o primeiro livro, intitulado Duna.

A história completa da franquia é composta por seis livros ao todo, que são separados em duas trilogias. Confira todos abaixo:

  • Duna (1965)
  • O Messias de Duna (1969)
  • Os Filhos de Duna (1976)
  • O Imperador Deus de Duna (1981)
  • Os Hereges de Duna (1983)
  • As Herdeiras de Duna (1985)

Para Machado, a leitura das continuações também é a recomendada apesar de não tão conhecidas quanto o primeiro título. Além disso, o escritor também traça um comparativo com O Senhor dos Anéis, a icônica saga literária de J.R.R. Tolkien.

"Sinto que está para a ficção científica como O Senhor dos Anéis está para a fantasia, como exemplo máximo de construção de um mundo ficcional complexo e consistente", finaliza.

Todos os seis livros de Duna estão disponíveis no Brasil, com publicação pela Editora Aleph e também pela Nova Fronteira.

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