Logo do Jovem Nerd
PodcastsNotíciasVídeos
That ‘90s Show se apoia na nostalgia para cativar | Crítica
Séries, TV e Streaming

That ‘90s Show se apoia na nostalgia para cativar | Crítica

Derivada de That ‘70s Show mostra certa dificuldade em trilhar o próprio caminho

Mariana Rodrigues
Mariana Rodrigues
23.jan.23 às 17h02
Atualizado há mais de 1 ano
That ‘90s Show se apoia na nostalgia para cativar | Crítica
That '90s Show/Netflix/Divulgação

Resgatar a nostalgia de uma geração com reboots é uma das estratégias favoritas das plataformas de streaming atualmente - principalmente quando as séries novas também conversam com o público mais jovem. Nem sempre dá certo, como o caso da recém-cancelada Gossip Girl, mas há exemplos de sucesso, como Fuller House e Cobra Kai. É este o impacto buscado pela Netflix com That ‘90s Show, que até tenta caminhar sozinha, mas tem dificuldade de fugir das sombras da sitcom original.

Derivada de That ‘70s Show, a produção destaca um novo um grupo de adolescentes em uma cidade fictícia de Wisconsin, mas dessa vez na década de 1990. Eric (Topher Grace) e Donna (Laura Prepon) estão casados e são pais da jovem Leia (Callie Haverda) - qualquer referência a Star Wars não é mera coincidência - que viaja para passar o verão na casa dos avós, Kitty (Debra Jo Rupp) e Red (Kurtwood Smith).

Poucas horas na cidade são suficientes para ela fazer amigos, como Gwen (Ashley Aufderheide) e Nate (Maxwell Acee Donovan), que moram na antiga casa de Donna. Rapidamente novos e antigos personagens também dão as caras, como Nikki (Sam Morelos), Ozzie (Reyn Doi) e Jay (Mace Coronel), filho de Kelso (Ashton Kutcher) e Jackie (Mila Kunis) que, apesar que não ficarem juntos em That ‘70s Show, formam um casal no reboot.

Mesmo não sendo tão experiente, o elenco mais jovem entrega personagens carismáticos. Leia herdou boa parte da personalidade do Eric e lidera o grupo de amigos, mesmo com as inseguranças e questionamentos que rondam essa fase da vida. Jay também tem características - e até bordões - de Kelso, mas se mostra mais inteligente e, principalmente, mais sensível, conquistando não somente o coração da protagonista, mas também de quem assiste à série.

Os novos personagens também são responsáveis por trazerem discussões que não tinham tanto espaço na televisão vinte anos atrás. Além de mais diversidade racial, o grupo aborda questões como feminismo e pautas LGBTQIA+, de uma maneira natural e descontraída, encaixando-se perfeitamente com a linguagem e roteiro da série.

Por falar na série original, é quase impossível os protagonistas antigos não roubarem a cena nos momentos em que aparecem. No entanto, o roteiro sabia disso e deixou para trazer de volta a “gangue” dos anos 70 apenas em momentos mais cruciais da história, para não ofuscar completamente os novos atores.

Mesmo assim, é quase como se o tempo nunca tivesse passado para esse grupo. Grace e Prepon fazem um excelente trabalho ao mostrar como Eric e Donna amadureceram para se tornarem ótimos pais, mas também nunca deixaram de lado o senso de humor que conquistou o público. Enquanto Fez (Wilmer Valderrama) continua o mesmo paquerador de sempre em busca de um amor verdadeiro.

Mas o grande destaque da produção definitivamente são Kitty e Red. O casal continua com a mesma essência após duas décadas e protagonizam cenas ainda mais hilárias. É difícil não se empolgar com os momentos de Kitty com Leia ou se divertir com as piadas sarcásticas e irônicas de Red.

Mas, apesar de todos estes pontos positivos, fica claro que That ‘90s Show ainda não se sustenta sozinha. A sitcom tem um roteiro simples que se apoia principalmente na nostalgia - o que nem sempre é um problema, principalmente se conseguir realmente resgatar o antigo público com referências à série original. Mas, se vista de maneira isolada, não passa de mais uma comédia adolescente, assim como várias que dominaram os streamings nos últimos anos.

Há potencial para os personagens se desenvolverem, amadurecerem e trilharem o próprio caminho para fugir da sombra de Eric, Donna, Fez, Kelso, Jackie e Hyde. Mas, para isso, também serão necessárias mais temporadas, assim como That ‘70s Show teve. E com a onda de cancelamentos que sempre assombra a Netflix, essa é uma produção que provavelmente terá que lutar por uma renovação no streaming.

Encontrou algum erro neste conteúdo?

Envie seu comentário

Veja mais

Utilizamos cookies e tecnologias semelhantes para melhorar a sua experiência em nossas plataformas, personalizar publicidade e recomendar conteúdo de seu interesse. Ao continuar navegando, você concorda com estas condições.
Para mais informações, consulte nossa Política de Privacidade.
Capa do podcast