Alberto Santos Dumont é considerado um dos grandes nomes entre os brasileiros notáveis da história. Por isso, a HBO transformou a sua trajetória em uma minissérie, a Santos Dumont, que explica ao público, quase que didaticamente, quem foi a pessoa por trás do título de "pai da aviação".
Além de ser conhecido como um grande inventor e como o primeiro homem a voar – pelo menos no Brasil –, ele também era uma pessoa de gênio forte e com sérias dificuldades de se relacionar, características que não são escondidas na minissérie.
Assistimos ao primeiro primeiro episódio de Santos Dumont em uma exibição para a imprensa e, logo em sua primeira cena, somos levados à infância de Dumont, vivido então pelo jovem ator Guilherme Garcia. Desde o começo, a produção dirigida por Estevão Ciavatta e Fernando Acquarone mostra muita atenção aos detalhes criados para remeter o espectador aos anos de 1870.
Logo no início do episódio, há uma recriação de um trem dentro da plantação de café da família de Dumont e já é o bastante para entender que fotografia, cenários, figurinos e objetos de época são pontos importantes da produção.
A verossimilhança das roupas e adereços mostram a preocupação em tornar tudo o mais próximo da realidade da época possível. Para que a estética antiga se mantenha, a série é fiel à iluminação da época, o que significa que em cenas internas, não há luz artificial, tornando a imagem escura, o que causa um certo incômodo ao espectador, mesmo que durante festas e jantares; tudo é iluminado com velas.
Em contrapartida, durante os eventos externos, a fotografia faz com que tudo se torne grandioso, como o dirigível construído pelo protagonista para tentar fazer um dos primeiros vôos com um motor à combustão.
Santos Dumont trabalha com muitos flashbacks, revezando entre um Alberto criança e outro já mais velho, interpretado por João Pedro Zappa, em Paris, desenvolvendo suas audaciosas criações. Essa escolha da produção deixa o ritmo do episódio cair algumas vezes. Durante certos momentos da vida adulta de Dumont em que ele entra em conflito com superiores são apresentadas cenas do passado que nada acrescentam à narrativa, servem apenas para ajudar a criar laços com o personagem, artifício desnecessário, uma vez que acompanhamos quase que todo o tempo os acontecimentos a partir do ponto de vista de Santos Dumont.
Algumas falas e frases da série foram retiradas de textos escritos pelo próprio inventor e, por isso, trazem um estranhamento a quem assiste, pois não é comum ouvir pessoas terem diálogos da maneira que são apresentados. Essa escolha do roteiro faz com que muito do que é dito fique artificial e torne alguns momentos verborrágicos demais, com explicações desnecessárias.
Por outro lado, novamente pela tentativa de se ater à realidade, a narrativa se utiliza de diversas línguas, afinal Dumont também era um poliglota. Durante o primeiro episódio, é falado português, francês, espanhol e inglês.
A produção tem potencial de se tornar um sucesso da HBO por se tratar de uma história real que, já se sabe, é extremamente conturbada. Ainda há muito o que ser explorado ao decorrer da série, como a personalidade do inventor, os desentendimentos com os irmãos Wright, norte-americanos que disputam o posto de inventores do avião com Dumont, e o próprio resgate histórico que apenas uma trama baseada em fatos verdadeiros consegue trazer à tela.
Santos Dumont tem seis episódios e estreia no próximo dia 10 de novembro, às 21h, na HBO.