Os Anéis de Poder apresenta nomes conhecidos da Terra-média em novo episódio

Após um explosivo começo de 2ª temporada, que finalmente avançou várias tramas, O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder diminui a velocidade no quarto capítulo.

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Intitulado de “O Mais Velho”, o episódio aposta em boas cenas de ação dentro de vários núcleos, e aprofunda relações importantes para o futuro da história.

[Spoilers de O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder a partir daqui]

O começo do capítulo é focado no reino dos elfos, e nas pequenas brigas entre Elrond (Robert Aramayo) e Galadriel (Morfydd Clark). Colocada de lado pelo Alto Rei Gil-galad (Benjamin Walker), a elfa precisa responder à liderança do velho amigo, o que gera um certo incômodo entre eles. Clark vai bem ao mostrar como Galadriel sente-se deslocada ao receber ordens, e Aramayo segue como uma boa surpresa da temporada, deixando claro que seu personagem não gosta dos anéis de poder (e tem bons motivos para isso).

A disputa entre os dois atinge o ápice quando Galadriel sente que o grupo, que segue para Eregion em busca de Celebrimbor (Charles Edwards), está caminhando para uma grande armadilha. Porém, como é o anel que guia tais pensamentos, eles não são aceitos por Elrond. O resultado é uma boa cena de ação, já antecipada nos trailers da segunda temporada, que coloca os seres imortais para lutar contra criaturas tumulares. O trecho, inclusive, aproveita a temática para acrescentar um ar de terror, ainda que mais leve do que as cenas com Sauron no começo do 2º ano.

Mas o desfecho não é positivo para os soldados de Lindon. Quando percebe que a comitiva está em menor número, Galadriel se oferece para ficar para trás e segurar os orques, enquanto pede para Elrond voltar para a capital élfica – e levar o anel dela consigo. O pedido é atendido, mas abala ainda mais a amizade entre os dois, já que o comandante hesita em tocar o objeto.

Então, mais uma boa cena de ação é protagonizada por Morfydd Clark, que luta bastante como Galadriel, mas não o suficiente para evitar a captura por Adar (Sam Hazeldine), deixando no ar o que vai acontecer com a personagem no episódio cinco.

As Aventuras de Tom Bombadil

Voltando para o núcleo de Nori (Markella Kavenagh), Poppy (Megan Richards) e O Estranho (Daniel Weyman), Os Anéis de Poder apresenta um dos personagens mais míticos do universo de J.R.R. Tolkien: Tom Bombadil, interpretado por Rory Kinnear (Nossa Bandeira é a Morte).

Cortado da versão cinematográfica de O Senhor dos Anéis, comandada por Peter Jackson no começo dos anos 2000, o personagem vive na floresta e é uma figura que parece conhecer tudo o que acontece na Terra-média, mas sem se intrometer muito, quase como um Vigia, do universo Marvel.

Embora não busque interferir diretamente nos acontecimentos, Tom Bombadil é de grande ajuda no livro A Sociedade do Anel, e é retratado da mesma forma na série do Prime Video. O homem indica que vai ajudar O Estranho a entender melhor seus poderes e seu papel ao cair (literalmente) do céu na Terra-média, além de dar dicas de que o Mago Sombrio, visto anteriormente na temporada, é semelhante a Saruman da mesma forma que O Estranho é semelhante a Gandalf.

Rory Kinnear estreou como Tom Bombadil em O Senhor dos Anéis (Prime Video/Reprodução)

Para quem estava preocupado em como o personagem seria representado, é bom dizer que o Tom Bombadil em live-action parece um tanto mais sóbrio do que a versão dos livros, mas sem perder a essência. Estão lá a profunda ligação com a natureza, a força que surge em momentos inesperados e até as famigeradas canções, que acrescentam ao personagem, sem roubar os holofotes. Com poucas cenas, é prematuro dizer se o trabalho de Rory Kinnear será satisfatório durante toda a temporada, mas o começo, ao menos, é promissor.

Enquanto isso acontece, Nori e Poppy vivem uma jornada própria. Após serem levadas para longe por um grande redemoinho criado pelo Estranho, as duas personagens conhecem os Grados (Stoors, no original) e descobrem mais sobre a origem dos próprios Pés-peludos e sua natureza nômade. O local em que o povo vive também lembra um pouco mais o Condado dos hobbits, gerando um sentimento satisfatório de familiaridade no público.

É provável que Nori e Poppy reencontrem O Estranho em breve, mas é interessante deixar a dupla longe do mago por algum tempo, em um movimento que fortalece a construção das personagens e a relação entre elas.

Que tal um entebate?

Os anãos e Númenor não tiveram espaço no quarto episódio de O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder, então o último núcleo tratado pelo capítulo é o de Isildur (Maxim Baldry) e Arondir (Ismael Cruz Cordova). No caso do numenoriano, as cenas se desenvolvem especialmente com a misteriosa Estrid (Nia Towle), que parece despertar sentimentos no jovem que está longe de casa. Curiosamente, o romance toma um caminho inesperado, quando a mulher encontra um homem do passado, que acreditava estar morto.

O Isildur da série está longe de ser a figura que não conseguiu destruir o Um Anel na Montanha da Perdição, tanto tempo depois, mas é interessante vê-lo como um jovem um tanto ingênuo, especialmente se a série conseguir avançar até a sua maturidade.

Por fim, “O Mais Velho” mostra os Ents, a raça humanóide de árvores da Terra-média, que fala um pouco mais lentamente, mas é letal quando necessário. Aqui, a chegada de tais criaturas serve especialmente a Arondir, que tem a chance única de fazer as pazes com o passado. Ainda na primeira temporada, o elfo foi sequestrado pelos orques e obrigado a cortar árvores, algo que vai contra a sua índole e gera uma grande tristeza.

É bonito ver a emoção do personagem ao confessar o que aconteceu e buscar de volta a ligação com a natureza, que sente ter perdido. Para quem ama fantasia e a descrição de natureza feita quase à exaustão por Tolkien, o momento é como um afago, e também uma lembrança de que a humanidade precisa reencontrar a própria conexão com o meio ambiente, antes que seja tarde demais.

Assim, o quarto episódio da 2ª temporada de O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder oferece momentos intensos de ação, ainda que menos memoráveis do que os três capítulos de estreia. Tal escolha narrativa, no entanto, não soa como um erro, e sim como uma estratégia para aprofundar temáticas antes de seguir para os próximos passos da história.