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Dororo | Crítica
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Dororo | Crítica

O anime apresenta uma história trágica influenciada por elementos e criaturas do folclore japonês

Tayná Garcia
Tayná Garcia
25.jun.19 às 14h46
Atualizado há mais de 1 ano
Dororo | Crítica

Se você acompanha o universo dos mangás e animes, já deve ter percebido que muitas animações japonesas acabam repetindo arquétipos e sendo "mais do mesmo". Mas então vem uma obra que decide jogar essas ideias para o alto e proporcionar uma experiência diferente. E Dororo é uma dessas obras.

Baseado no mangá de Osamu Tezuka, um dos pioneiros do mangá moderno, Dororo conta uma história de fantasia que se passa durante o Período Sengoku no Japão feudal, uma época em que conflitos brutais entre samurais eram constantes. Nesse contexto, monstros sobrenaturais e demônios do folclore japonês existem e até concedem pactos em troca de desejos.

O protagonista Hyakkimaru é uma vítima de um desses pactos, um feito por seu próprio pai que ansiava por poder. Em troca de ser o líder de uma região, ele ofereceu o corpo do filho para os demônios devorarem.

Com essa premissa trágica, o anime se desenrola com Hyakkimaru, usando próteses de madeira em todo o corpo dilacerado, em uma jornada de vingança para recuperar os seus membros ao lado de Dororo, um garotinho órfão destemido. A princípio, o papel de mocinho e vilão parece bem delineado, não é? Mas não se deixe enganar.

Em um cenário de guerras e mortes, as nossas percepções sobre os personagens e seus objetivos mudam a cada episódio – o que parecia tão certo rapidamente muda de direção e nos vemos pegos dentro dos dilemas que cada um enfrenta.

As camadas de complexidade não aparecem apenas no protagonista, e mesmo personagens que aparecem em um ou dois episódios são aprofundados até certo nível, dando consistência e veracidade ao universo apresentado.

Junto da jornada principal de Hyakkimaru, a dupla de viajantes enfrenta monstros que aterrorizam cidades em episódios isolados. A maioria deles é inspirada em criaturas de lendas japonesas, como as youkai, que são uma classe de criaturas sobrenaturais do folclore japonês.

A influência da cultura presente na história do Japão não se limita aos monstros. A trama também apresenta referências aos aspectos políticos nipônicos de 1960 e, principalmente, ao budismo. Mas não pense que tantas características orientais podem atrapalhar o entendimento da história, pelo contrário. O público ocidental consegue conhecer mais sobre a história do Japão, principalmente sua cultura.

O anime traça vários caminhos diferentes do mangá, o que vai surpreender os veteranos que já se aventuraram nas páginas preto e branco da obra de Tezuka. Algumas diferenças são para melhor e outras para pior, mas nada fica inexplicado ou sem sentido.

Dororo não é uma obra qualquer. É uma história sobre pessoas corrompidas, guerras inacabadas e, principalmente, sobre a linha que separa a humanidade da monstruosidade. O anime acaba se tornando uma produção quase que necessária para quem é fã da cultura japonesa, não apenas por sua história, mas por seu simbolismo e significância. É uma experiência única que consegue trazer risadas e desconforto em um único episódio, deixando o espectador submerso em seus questionamentos.

No fim, o que eu mais aprendi ao assistir Dororo é que, apesar de parecer impossível por enfrentarmos um período tão conturbado atualmente, é possível encontrarmos a paz no meio de tanta guerra — basta querermos.

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