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Agatha Desde Sempre é um imperfeito, mas mágico respiro à fadiga da Marvel | Crítica
Séries, TV e Streaming

Agatha Desde Sempre é um imperfeito, mas mágico respiro à fadiga da Marvel | Crítica

Série do Disney+ marca novo esforço do MCU na TV com sucesso inusitado da feiticeira

Pedro Siqueira
Pedro Siqueira
31.out.24 às 16h19
Atualizado há 5 meses
Agatha Desde Sempre é um imperfeito, mas mágico respiro à fadiga da Marvel | Crítica
(Marvel Television/Divulgação)

Do anúncio da produção, no já distante 2021, Agatha Desde Sempre navegou do mar de bonança do MCU pós-Ultimato, que trouxe nada menos que NOVE filmes e séries no ano, até a estafa atual do estúdio, que precisou aprender a duras penas que menos é mais. Esse contexto coloca o projeto estrelado por Kathryn Hahn entre uma cruz e uma espada complicadas.

Em primeiro lugar, por mais carismática e deliciosamente dissimulada que fosse, a feiticeira roxa apresentada em WandaVision (2021) não estava exatamente na lista de prioridades nem mesmo do mais fervoroso fã da Marvel quando se trata de ganhar uma trama própria.

Segundo, por um auspicioso desejo do destino, a série derivada acabou assumindo um papel relativamente parecido ao da anterior, pois, se a fábula de Wanda e Visão marcou o início do MCU e todas as suas possibilidades na TV, Agatha Desde Sempre funciona como um importante lembrete do que o estúdio deixou para trás.

Situada anos após os eventos da produção original, a trama acompanha Agatha Harkness (Hahn) ainda sob o feitiço de Wanda (Elizabeth Olsen) na pequena Westview. A jornada da bruxa muda quando acontecimentos inusitados e um misterioso jovem (Joe Locke) colocam a feiticeira púrpura de volta aos eixos, mas não sem antes passar por um perigoso caminho na busca de restaurar seu poder.

Os espectadores mais céticos podem respirar aliviados, pois nenhum feitiço de Agatha Harkness exige línguas queimadas. Se fosse o caso, a bruxa certamente não sofreria da falta delas (inclusive a de quem vos escreve), pois a performance de Kathryn Hahn justifica a escolha para a aventura solo desde o primeiro minuto.

A atriz já roubava a cena com sua divertida aparição em WandaVision, mas Agatha Desde Sempre oferece um holofote aproveitado com maestria por Hahn, que constrói uma das personagens mais multidimensionais de todo o MCU em apenas nove episódios.

Coven de Agatha enfrenta perigosos desafios no Caminho das Bruxas. (Marvel Television/Divulgação)

Ao longo de toda a série, você se verá torcendo, odiando amar, amando odiar, mas nunca impassível às traquinagens da protagonista. De certa forma, é até refrescante ver a Marvel arriscar com uma personagem que deixa bastante turva a régua entre bem e mal.

Kathryn Hahn estabelece uma divertida dinâmica com Joe Locke, como mestre e aprendiz, mas com as deliciosas e impagáveis picuinhas e alfinetadas da feiticeira em seu protegido. No segundo papel de maior destaque, após o sucesso Heartstopper, o ator se revela uma interessante promessa, trafegando com êxito na montanha-russa de emoções trazida pelo arco do “Jovem” (que sim, é identificado apenas desse jeito).

Como uma bruxa que se preze precisa de um coven (nome dado a um grupo de bruxas), Agatha encontra companheiras em Sasheer Zamata, Ali Ahn e as lendárias Patti LuPone e Debra Jo Rupp, além da presença magnética de Aubrey Plaza.

O destaque fica para LuPone, que entrega uma performance, ao mesmo tempo, delicada, divertia e tocante, e Sasheer Zamata, que traz uma bem-vinda dose de comédia à mistura.

O que dizer então de Aubrey Plaza, que emprega uma persona perigosamente ameaçadora, enigmática e até sensual à misteriosa Rio Vidal, numa química inflamável com Kathryn Hahn.

Magia e delírio no MCU

(Marvel Television/Divulgação)

Como já citado, Agatha Desde Sempre representa uma espécie de recomeço para o MCU no streaming, já que deixa de lado a ambição de contar grandes histórias quebradas em blocos e repercussões no quadro maior da Marvel. É curioso que a franquia tenha chegado ao ponto em que uma série de TV se destaque exatamente por se comportar como… uma série de TV. Mas a narrativa episódica e mais contida guarda as armadilhas que deixam o caminho das bruxas um pouquinho mais esburacado.

Ao longo da trama, Agatha e companheiras se veem presas em diferentes provações para alcançarem seus objetivos, numa espécie de Jogos Mortais mágicos (mas menos sanguinários). O artifício é interessante como uma nova proposta para a narrativa, mas torna-se cansativo quando fica claro que a dinâmica se repetirá por mais episódios do que o necessário.

Além disso, por mais magia e carisma que tenha, Agatha não escapa de alguns velhos hábitos do MCU, incluindo a maldição dos finais das séries da Marvel, ainda que meio às avessas. Isso porque, na reta final, a série entrega aos fãs o bálsamo de porrada, magia e computação gráfica que já virou tradição, mas adota uma dispensável opção por tomar boa parte de seu desfecho preparando o terreno para possíveis projetos futuros com os personagens.

Ainda assim, entre percalços, mortos, feridos e magias, o Caminho das Bruxas reserva uma boa surpresa para quem mergulhar de cabeça aberta no lado mágico do universo Marvel. Caso tome a lição de que uma boa história é tão ou mais importante do que um espetáculo de ação e efeitos visuais, o MCU pode se gabar de um merecido retorno aos dias de glória. E com uma ajudinha de quem? Bem, da Agatha, e mais ninguém.

Todos os episódios de Agatha Desde Sempre estão em streaming no Disney+.

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