Ed, o penúltimo personagem do primeiro ano de DLCs para Street Fighter 6, finalmente foi lançado para o game. Já é possível encontrá-lo no World Tour (o modo história de SF6), assim como no Fighting Grounds (arcade mode e versus). Mas será que Ed consegue representar o boxe em Street Fighter de uma forma mais divertida que Balrog ou Dudley?
- Street Fighter 6 chega como a versão definitiva da franquia | Review
- Entenda como Street Fighter 6 elevou o padrão de acessibilidade em jogos
Tive a oportunidade de experimentá-lo antecipadamente, durante as finais da Capcom Cup X, que aconteceram no último final de semana, e fizeram do seu campeão o primeiro jogador de SF a receber o prêmio de um milhão de dólares. E, já no evento, era possível ver a empolgação nos olhos dos jogadores, que iam se apaixonando pelo personagem à medida que o experimentavam.
Caso haja alguma confusão, esse Ed é o mesmo que foi introduzido como personagem jogável na segunda temporada de Street Fighter V. Mas ele deu as caras pela primeira vez durante o final de Balrog, em Street Fighter IV. Ele era o garotinho enfaixado resgatado pelo boxeador.
Ed é um experimento da Shadaloo, criado como um possível corpo sobressalente para M. Bison, e capaz de utilizar o psycho power como sua habilidade especial. Depois de passar anos sob a tutelagem de Balrog, ele se dedicou ao boxe como principal arma de combate e reapareceu na trama completamente monstrão na fisionomia.
Aliás, uma curiosidade: de acordo com o X de Takayuki Nakayama, diretor de SF6, o nome Ed, na verdade, foi um acidente de percurso. A mensagem deixada para o designer, pelo diretor, era a seguinte: “ED no otoko no ko”, ou “a criança que aparece no final” (o ED era de encerramento). O designer achou que ED era o nome do personagem, e no final, Nakayama-san também curtiu o nome.

A principal diferença da versão Street Fighter V do personagem em relação ao elenco do jogo, e de todos os demais Street Fighter já lançados, é que Ed não carregava consigo os movimentos tradicionais de um jogo de luta. Nada de meia lua, comando de shoryuken, etc., tudo era resolvido com o apertar de um ou dois botões mais uma direção, no máximo.
Pode-se dizer que essa mecânica simplificada foi o protótipo para a criação do modo Moderno de SF6. O novo Ed, no entanto, vem com golpes no estilo tradicional de comandos, já que SF6 possui seu próprio modo Moderno, para comandos simplificados. E, ao contrário do passado, agora ele é descrito na tela de seleção como um personagem “difícil”, ou seja, que requer um pouco mais de malemolência na utilização.
Lembrando que o Ed foi lançado junto de um pequeno ajuste no balanceamento de alguns personagens do game, além de um cenário inédito que pode ser adquirido com bilhetes de Drive, dados de graça ao cumprir missões dentro de Street Fighter 6.
Boxe nos videogames

Sem qualquer tipo de chute no acervo de golpes, Ed é um boxeador esguio e rápido. Seus ataques normais são bastante variados, mesmo que apenas representados por socos. Os botões de chute são flickers que, na linguagem do boxe, quer dizer uma espécie de “jab” serpenteado, e que nos games aparecem em personagens como Ryuji Yamazaki (The King of Fighters) ou Steve Fox (Tekken). Curioso notar também que o seu “jab” (o botão de soco fraco), na verdade não é um jab, e sim um tipo de gancho bem veloz que, se pressionado mais de uma vez, se transforma em cruzado e, depois, num direto (mas é apenas uma animação diferenciada, no final, é um ataque fraco mesmo).
Ed tem uma grande variedade de Target Combos (sequências pré-programadas de botões apertados em sequência), mas nem todos eles podem combar com ataques especiais no final. Apenas um deles, o de soco médio e soco forte, pode ser cancelado em Drive Rush, técnica extremamente apreciada em Street Fighter 6.
Entre os golpes especiais estão o retorno do Psycho Spark, a principal magia do personagem em sua versão anterior. O Psycho Uppercut também está de volta, bem parecido com a sua versão antiga. Eles podem ser utilizados exatamente da mesma maneira que no jogo anterior, porém a complexidade do boneco mudou da água para o vinho, já que ele veio munido de novas ferramentas (para a nossa alegria).

As novidades ficam por conta do Psycho Blitz, uma combinação de socos imbuídos do Psycho Power; Psycho Flicker, um comando que faz as vezes do seu V-Skill do passado. Se carregado, ele puxa o adversário para perto. E o Kill Rush, que é um avanço rápido muito parecido com a corrida de Ken (dois botões de chute). Ele pode ser utilizado como forma de movimentação pelo cenário, e também como prolongamento de combos. Também serve para cancelar o movimento carregado do Psycho Flicker e ganhar uma vantagem surpresa contra o adversário.
Os golpes em Overdrive geram oportunidades bastante criativas para os jogadores que gostam de fazer malabarismo com os adversários. Tem jogador por aí que já conseguiu até combar dois Supers de nível 2 no mesmo combo! Ok, é o Momochi (jogador japonês que alguns devem conhecer de outros invernos) testando o personagem no lançamento, mas já vale o estudo para aplicação em torneios e MDs por aí.
No geral, Ed ganhou muito mais formas de se movimentar pelo cenário. Os ataques são longos, o que favorece o posicionamento a média/longa distância, e ele pode assustar o adversário de diversas maneiras com seus “feint moves”, golpes em que finge iniciar um movimento, mas cancela em outro. Ed possibilita ao jogador a criar situações inusitadas e manter aquela sensação de desconforto no adversário, sempre em dúvida do que virá a seguir.
Mudanças (pequenas) no gameplay
Ed é um pouco diferente dos personagens habituais de Street Fighter. Ele é complexo e pode confundir alguns jogadores que não estão habituados com suas ferramentas, seja em movimentação ou aplicação de golpes mesmo. Mas no final das contas, é isso a franquia sempre precisou: de novidades.
Street Fighter 6 abriu as portas para um mundo de “gimmicks”, que alguns mais puristas estão torcendo o nariz, mas são mecânicas de combate que funcionam como um divisor de águas entre o que foi feito até aqui e o que será feito daqui por diante na franquia. Novidades muito bem vindas à franquia, que continua servindo de modelo para a maioria dos jogos do mercado.

Com o Ed, um novo balanceamento também chegou para apimentar um pouco a jogatina. Nada muito profundo, apenas ajustes pontuais em golpes de alguns personagens e um pequeno ajuste na “qualidade de vida do jogo”. Agora é possível realizar a procura de partidas online delimitando um raio de busca que vai até o global. Ao que parece, a Capcom está bastante orgulhosa do netcode do game e decidiu que era hora de testá-lo numa escala mundial.
De resto, entre risos e provocações nas redes sociais, personagens como JP, o grande vilão de SF6, e Ken Masters, Luke e Dee Jay passaram (de leve) pela faca do nerf. Outros, como Ryu e A.K.I. foram positivamente impactados pelas mudanças.
Todas as mudanças do balanceamento mais recente só vão se mostrar de verdade nos próximos meses, não dá para ter uma real certeza se o seu boneco ficou melhor ou pior até que ele seja usado à exaustão nas partidas ranqueadas.
Mas, fiquem tranquilos, nenhuma grande mudança no game deve ocorrer antes do Evolution Championship Series, torneio mais importante do calendário da FGC (fighting game community) mundial, que acontece no final de julho de 2024. E ainda tem o Akuma para ser lançado, então até lá, quem chora com o Drive System do jogo vai continuar chorando por mais alguns meses. E acho que vai continuar chorando depois também.
Street Fighter 6 está disponível para PlayStation 4 e 5, PC e Xbox Series X|S.
Aproveite e conheça todas as redes sociais do NerdBunker, entre em nosso grupo do Telegram e mais - acesse e confira.