O primeiro Gravity Rush foi uma bela surpresa no PlayStation Vita, que impressionou com uma mecânica criativa e divertida, além de visuais belíssimos para o portátil da Sony, antes de ser relançado para PlayStation 4.
Agora, Kat, a garota capaz de mudar a gravidade, está de volta em uma aventura inédita e ainda maior no console de mesa da Sony, para mostrar o quanto evoluiu suas mecânicas de jogo e revelar todo seu potencial visual.
Passado revelado
Antes de qualquer coisa, é importante dizer que Gravity Rush 2 tem diversas referências ao primeiro jogo e algumas cenas são mais impactantes para quem jogou o antecessor. Isso não é obrigatório, mas ajuda a entender a relevância de alguns eventos da história.
A nova jornada começa com Kat e seu amigo Syd em Banga, um vilarejo itinerante formado por mineradores. A garota, que foi acolhida pelos moradores, está sem a companhia de seu gato Dusty e, portanto, também sem os seus poderes.
Logo no início é revelado que ela e Syd foram parar em Banga após um incidente misterioso em Hekseville, a cidade do primeiro jogo. Este acontecimento é contado em uma curta animação intitulada Gravity Rush – Overture (assista gratuitamente aqui a Parte 1 e a Parte 2).
Ritmo
Na maior parte do jogo, a história acontece ao redor do povo de Banga e sua relação com o governo de Jirga Para Lhao, um local assolado por fortes diferenças entre as classes sociais e injustiça. Embora tudo seja contado de forma bastante fluida em cenas que lembram histórias em quadrinhos, o jogo demora para evoluir a trama, que deveria ser principalmente sobre Kat e seu passado misterioso.
O ritmo lento vira um problema nos episódios finais, quando o jogo precisa correr para contar a história principal e que tem pouquíssima relação tudo o que aconteceu até então. Isso é uma pena, já que esta é a parte mais interessante, mas acaba sendo pouco desenvolvida, tirando boa parte do impacto das revelações.
Outro ponto negativo deste trecho corrido é que alguns detalhes relevantes ficam sem explicação. Eles podem ser elaborados em uma possível continuação ou em um DLC, o que é uma pena, já que fazem falta na história principal.
Melhor, mas ainda com problemas
O forte do jogo, além de um visual lindo, com uma arte bonita e animações fluidas, é sua criativa mecânica de mudar a gravidade, que retorna do primeiro jogo. A essência continua a mesma, sendo necessário mirar onde Kat deve cair, seja numa parede ou em um teto. Desta forma ela pode “voar” na direção que o jogador quiser e a partir daí o céu é o limite (literalmente).
A mecânica é divertida e faz sentido, já que não é um voo de verdade, é apenas Kat caindo em uma direção inusitada. Mas ainda assim, o jogo poderia se aproveitar de um controle mais parecido com o de um voo para facilitar viagens entre as ilhas flutuantes.
Um dos motivos para afirmar isso é que, assim como no primeiro jogo, a câmera é o principal inimigo na aventura. Principalmente em locais fechados. Ao enfrentar inimigos muito grandes ou muito ágeis o poder de mudar a gravidade consegue ser bastante desnorteante, o que me fez desejar que existisse um sistema básico para travar a mira nos adversários.

E por falar em inimigos, o combate também retorna parecido com o primeiro. No chão, Kat pode desferir uma combinação de golpes, enquanto no ar é possível dar um chute voador nos adversários. Ela também pode lançar objetos do ambiente, utilizar um poderoso golpe ao gastar toda sua barra de energia e, em determinado momento na história, ela também ganha o poder de se transformar temporariamente em uma pantera, que regenera sua vida e aumenta seu dano.
Diferentes estilos
Uma das principais novidades é que Kat também ganha novos poderes, chamados de Estilos, que mudam a forma como a gravidade age e também a natureza de seus ataques. Eles podem ser alterados a qualquer momento deslizando para cima e para baixo na tela de toque ou simplesmente encostando nela para voltar ao normal.
No Estilo Lunar, ela equipa acessórios brancos no corpo, o que a deixa mais leve, como se estivesse na lua. Com isso, ela pode dar poderosos saltos, consegue alterar a direção no ar com mais facilidade e se move mais agilmente.
Já no Estilo Júpiter, ela equipa acessórios amarelos que a deixam mais pesada, sendo capaz de quebrar objetos mais duros com ataques ou simplesmente caindo neles. Seus golpes ficam mais lentos, mas muito mais poderosos, em alguns casos causando uma grande explosão na área. No entanto fica mais difícil movê-la no ar.
Kat também conta com uma árvore de habilidades para melhorar diferentes aspectos de seus poderes, como quantos objetos pode carregar simultaneamente, extensão de seus combos e efeitos de seus golpes especiais.
Com duas novas formas de lutar e interagir com o mundo, parece um desperdício que o jogo tenha uma diversidade de inimigos tão baixa e missões tão repetitivas. Mesmo nas missões principais, a variação é baixa, sendo frequentemente fácil prever qual será o objetivo. As tarefas costumam se resumir a eliminar todos os inimigos, atravessar um trecho com condições específicas ou encontrar um local usando uma foto de referência.
Isso também é uma pena, já que o mundo a ser explorado é grande e tem muitos NPCs com missões e outras atividades paralelas que podem ser realizadas para conseguir itens, roupas alternativas e outras recompensas opcionais. O jogo conta também com elementos online, onde é possível, por exemplo, receber missões de caça ao tesouro tendo como base fotos tiradas por outros jogadores.
Felizmente não há pressa para fazer isso, já que é possível retornar após a conclusão do jogo para realizar missões pendentes e explorar o mundo.
Mesmo com problemas no desenvolvimento da história, pouca variação de atividades e uma câmera que pode ser um pesadelo, de modo geral Gravity Rush 2 consegue divertir por muitas horas com uma trama interessante, mecânicas divertidas e um visual lindo.
O jogo é maior e melhor que o primeiro em praticamente todos os sentidos: quem gostou do anterior certamente gostará deste; quem está começando na franquia poderá se perder em alguns momentos, mas nada que atrapalhe muito a experiência e ainda terá boas horas de diversão.
Gravity Rush 2 será lançado em 20 de janeiro exclusivamente para PlayStation 4. Esta análise foi feita com uma cópia do jogo cedida pela Sony.