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Review | Deus Ex: Mankind Divided
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Review | Deus Ex: Mankind Divided

O mesmo jogo em uma nova ambientação e com trama mais interessante

Bruno Izidro
Bruno Izidro
29.ago.16 às 11h25
Atualizado há mais de 8 anos
Review | Deus Ex: Mankind Divided

Eu percebi que estava complemente imerso em Deus Ex: Mankind Divided quando já estava há mais de dez minutos explorando cada canto da sede da Força-tarefa 29, a nova organização que o protagonista Adam Jensen trabalha, em vez de seguir com o real objetivo de me encontrar com o chefe do lugar e reportar para a próxima missão.

Além de conversar com os principais NPCs para conhecer os novos personagens, o tempo também era gasto com passeios nas tubulações de ar para entrar em salas trancadas e, principalmente, hackear computadores para bisbilhotar emails alheios.

Não por coincidência esse era o mesmo hábito que possuía nos escritórios da Sarif Industries em Human Revolution.

Quanto mais eu jogava Mankind Divided, mais ele entregava uma experiência bem parecida com a do jogo anterior. Diria até que é uma experiência de jogo remasterizada, já que ele possui a mesma estrutura, só que com o visual obviamente mais bonito (e com paleta de cores menos laranja) e melhorias nas mecânicas.

Porém, enquanto essa repetição na fórmula faz de Mankind Divided um ótimo RPG, tão bom quanto Human Revolution, também expõe um lado ruim do jogo como sequência.

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Eu pedi por isso

Com Mankind Divided o estúdio Eidos Montreal fez o dever de casa em consertar algumas das falhas do game passado, entre elas as mecânicas de tiro.

Não que Deux Ex tenha virado um Call of Duty, mas para quem quer se utilizar mais das armas do jogo, vai encontrar controles melhores e até um foque maior na ação, com a novidade das customizações das armas, podendo mudar tipos de balas e acessórios a mais para elas.

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No entanto, a jogabilidade furtiva é que continua com o protagonismo aqui e passar se esgueirando de inimigos ou pegá-los desprevenidos é o que faz de Mankind Divided tão divertido.

O level design dos ambientes e algumas das novas habilidades de Adam Jensen (como o hack remoto) agora possibilitam diversas possibilidades até chegar ao objetivo, o que incentiva mais a abordagem stealth.

Já as lutas contra os chefes, outra das falhas presentes em Human Revolution, também foram remediadas. Sempre haverá uma opção de enfrentá-los de forma não violenta, dependendo das escolhas feitas durante a missão ou mesmo convencendo eles na lábia, do jeito mais diplomático.

Como sabemos, um RPG não pode ser bom sem ter uma boa trama para deixar o jogador intrigado e disposto a continuar na aventura. Pois é nesse aspecto que Mankind Divided consegue mais se destacar.

Apartheid Mecânico

A maior parte de Mankind Divided se passa na cidade de Praga, em 2029, dois anos depois de Human Revolution e, embora as escolhas do jogador não afetem na continuação (já que não é possível transferir os saves), o incidente ocorrido no final do primeiro jogo é o principal elemento para o enredo atual.

As pessoas “aprimoradas”, que possuem partes mecânicas no corpo, estão sendo perseguidas e segregadas dos humanos “puros”.  No meio dessa tensão, ocorrem atentados terroristas que fazem o protagonista Adam Jensen, agora um membro da Interpol, entrar mais uma vez em ação. E não só com os punhos.

Vez ou outra o game força o jogador a escolher entre duas opções para continuar a missão e elas podem afetar bastante o desenrolar da história. O que se ganha e o que se perde deve ser cuidadosamente estudado.

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Mesmo estando em um cenário de ficção científica e bem diferente do que vivemos, os temas abordados no game conversam com e são um espelho da nossa realidade. Assuntos como segregação racial, preconceito, extremismo religioso e polícia militarizada estão bem ali, sendo escancarados e discutidos pelos personagens e, de uma forma ou de outra, nos fazem refletir.

A ambientação também é muito bem construída ao longo do jogo e o principal benefício é nos deixar presos a essa história para saber com o que mais de interessante podemos nos deparar, seja nos esgotos ou nos bordéis dessa Praga futurista.

Eu não pedi por isso

Mesmo que Mankind Divided apresente essas melhorias na jogabilidade e uma ambientação que até supera o anterior, por trás disso é possível ver um game muito dependente da fórmula e estrutura já estabelecida, o que não é lá muito bom para uma continuação.

Tudo bem que não se mexe em time que está ganhando, mas é necessário também alguns elementos mais originais para deixar a experiência de jogo com características próprias e não um mais do mesmo remodelado, principalmente quando houve um período de cinco anos entre um jogo e outro.

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Mankind Divided também é um jogo bem mais curto que Human Revolution, o que não seria um problema, se o jogo concluísse de forma mais satisfatória a trama, o que não acontece.

O final do jogo corre com algumas tramas paralelas e muitas pontas soltas são deixadas. A sensação é que estamos vendo a segunda parte de uma trilogia, sendo que não sabemos se um terceiro ato vai existir. Será que vai demorar mais cinco anos?

Mankind Divided pode fazer jus ao nome e dividir opiniões dos jogadores. Ele certamente não conseguiu criar um impacto tão forte quanto o anterior, mas entrega o suficiente para aqueles que adoraram Human Revolution possam se divertir mais uma vez.

Deus Ex: Mankind Divided está disponível para PS4, Xbox One e PC. A cópia do jogo para análise foi cedida pela Square Enix.

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