Logo do Jovem Nerd
PodcastsVídeos
Review | Crash Bandicoot: N. Sane Trilogy
Games

Review | Crash Bandicoot: N. Sane Trilogy

Crash está de volta com visuais lindos e o gameplay de sempre

João Abbade
João Abbade
06.jul.17 às 16h26
Atualizado há quase 8 anos
Review | Crash Bandicoot: N. Sane Trilogy

Lembro nitidamente de jogar Crash Bandicoot com amigos no famoso esquema “morreu passou o controle” e as pessoas ajudarem comentando sobre segredos, macetes e dicas. Hoje, mais de uma década depois, ao jogar Crash Bandicoot: N. Sane Trilogy em uma fase qualquer, um amigo que estava comigo comentou: “não, volta ali, você perdeu uma caixa escondida”.  Por algum motivo Crash é desses jogos que, mesmo 21 anos depois, as pessoas ainda se lembram onde estão as caixas secretas. Esse é o tipo de personagem que marca uma geração.

Jogar novamente os três primeiros títulos da série foi algo estranho. Mesmo sendo alguém que passou por aqueles jogos centenas de vezes, ainda pairava aquele sentimento de dúvida: aquelas poderiam ser apenas memórias falsas. Felizmente, isso não aconteceu e, como alguém que torceu muito para que essa remasterização existisse, a N. Sane Trilogy entregou exatamente o que eu esperava.

Crash está mais belo do que nunca

Os visuais estão belíssimos, tudo refeito do zero, com um polimento primoroso e um cuidado com a essência do personagem que me fez admirar a Vicarious Visions. O estilo de arte e movimentação são encantadores e me deu a sensação de estar jogando uma animação pré-renderizada em CGI para os cinemas — quase um filme da Pixar. As adições técnicas também foram muito bem-vindas, coisas que na época não eram possíveis por limitações do cartão de memória, como salvamento automático, são extremamente necessárias atualmente e deixa a experiência de jogar muito mais gratificante e simples. Coisas triviais, mas interessantes, como a adição de Coco como personagem jogável mostra o carinho que o trilogia recebeu.

Os inimigos estão levemente mais fáceis: oponentes que antes tinham movimentos difíceis de prever agora são derrotados sem muito trabalho. Os cenários mega-detalhados, que vão de florestas com vegetação dinâmica até fases futuristas, não se tornaram poluição visual ao ponto de perdermos vidas por isso: é emocionante jogar novamente Crash e ver a vegetação se movimentando com o vento, pássaros voando por aí, fogo gerando iluminações incríveis em uma tumba ou focas e pinguins extremamente fofos na neve.

Apesar de chamado de “remasterização”, os desenvolvedores recriaram a trilogia original completamente do zero e nesse processo colocaram a série que tinha a proporção quadrada de 4:3 em 16:9, também refizeram a movimentação e os cenários. Por mais que jogar Crash usando o analógico seja incrível e um trabalho meticuloso (no PS1 o controle só tinha direcionais), a movimentação original não foi muito mudada e ainda dá pra sentir fragmentos daqueles pulos levemente travados do PlayStation 1. Manter essa sensação ao jogar é algo que é bom para alguns e péssimo para outros. Como saudosista, faço parte do grupo que não vai reclamar disso, mas não há como negar que esse tipo de mecânica deixa fases como “Road to Nowhere” e “The High Road” extremamente desafiadoras e talvez frustrantes para novos jogadores.

Além dos gráficos, a Activision trouxe áudio totalmente refeito: eles chamaram os atores originais para regravar as vozes em aparelhos modernos e aproveitaram para orquestrar a belíssima trilha sonora em melhor qualidade. O bom disso é que, além de termos músicas e vozes mais claras, a nova tecnologia permite pequenas mudanças e efeitos sonoros, aumentando a variedade de sons de giro, queda, pulo etc.

crash-comparacao

Mesmo com o bom trabalho técnico no geral, a Vicarious Visions cometeu alguns erros e deixou coisas importantes de lado nesta remasterização. Uma das coisas mais incômodas, sem dúvida, foram as telas de carregamento. A experiência de jogar Crash consiste em morrer bastante e “loadings” são esperados, mas demora tanto (quase 30 segundos) que atrapalha a experiência, quando deveria ser quase instantâneo em um jogo de repetição. A transição entre a fase tradicional e o bônus, por sua vez, continua bastante fluida e não precisamos esperar absolutamente nada.

Com Crash Bandicoot: N. Sane Trilogy, a Vicarious Visions entrega mais que uma remasterização: um verdadeiro remake com tudo sendo feito do zero com muito carinho e respeito a origem e a persona do personagem. Não há dúvida quanto à existência das limitações do primeiro jogo, mas isso não se classifica um problema da nova trilogia. Talvez um botão que fizesse a transição entre o gráfico do PS1 e o gráfico do PS4... Mas isso sou querendo demais! A trilogia traz a experiência de jogar aquela série querida novamente e inclui o choque de ver limitações não antes reparadas. No mais, N. Sane Trilogy satisfaz o desejo dos fãs de reencontrar o marsupial — fico feliz com isso.

Encontrou algum erro neste conteúdo?

Envie seu comentário

Veja mais

Utilizamos cookies e tecnologias semelhantes para melhorar a sua experiência em nossas plataformas, personalizar publicidade e recomendar conteúdo de seu interesse. Ao continuar navegando, você concorda com estas condições. Este site utiliza o Google Analytics para entender como os visitantes interagem com o conteúdo. O Google Analytics coleta dados como localização aproximada, páginas visitadas e duração da visita, de forma anonimizada.
Para mais informações, consulte nossa Política de Privacidade.
Capa do podcast

Saiba mais