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Princess Peach: Showtime! é espetáculo visual sem qualquer profundidade | Review
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Princess Peach: Showtime! é espetáculo visual sem qualquer profundidade | Review

Diferentes versões da heroína ficam sem a chance de brilhar sob os holofotes

PH Lutti Lippe
PH Lutti Lippe
21.mar.24 às 09h58
Atualizado há cerca de 1 ano
Princess Peach: Showtime! é espetáculo visual sem qualquer profundidade | Review

Quase 20 anos após sua última aparição como protagonista no universo de Super Mario, Peach retorna como uma heroína multifacetada, capaz de fazer estrago com uma espada ou biscoitos com um fuê. Ela faz um pouco de tudo – mas nada muito bem.

Princess Peach: Showtime! tem seu charme. O jogo se passa em um mundo teatral cativante repleto de pequenos momentos de brilhantismo visual. Mas as mecânicas têm a profundidade de um pires, e forçam o jogador a imaginar como seria melhor se qualquer uma das várias Peaches tivessem jogos só para elas.

Um retiro teatral

Imagem de Princess Peach: Showtime As transformações de Peach são todas bem cinematográficas (Imagem: Nintendo/Divulgação)

Cansada dos incessantes sequestros e tentativas de cortejo do Reino do Cogumelo, Peach pega sua mala e viaja para conferir as peças do Teatro Esplendor. Chegando lá, porém, ela descobre que todos os espetáculos foram surrupiados por uma trupe de malvados, e suas protagonistas sumiram.

E assim, claro, começa uma aventura. Peach adentra cada espetáculo em busca de uma maneira de restaurar a ordem ao Teatro, inevitavelmente herdando o protagonismo dentro de cada mundinho e os poderes que acompanham tal papel.

É um pouco incerto se os Ribaltinos – os habitantes do Teatro Esplendor, com seus narizes luminosos – realmente vivem as realidades dentro de cada peça, ou se eles apenas são ótimos atores. Em todo caso, por onde passam os vilões da Trupe Uvaparsas, Peach precisa resgatar os pequeninos de alguma confusão, seja investigando um assalto ao museu ou saindo no braço com invasores alienígenas.

Imagem de Princess Peach: Showtime A Peach ninja consegue se esgueirar para pegar inimigos desprevenidos (Imagem: Nintendo/Divulgação)

Na construção de mundo, Showtime! se destaca. Remendos no cenário, cordas que penduram certos elementos da ação e outros pequenos detalhes lembram constantemente o jogador de que o que ele está vendo é uma peça de teatro. Mas isso não impede cada fase de ter identidades visuais marcantes e únicas.

As fases protagonizadas pela Peach ninja, por exemplo, são cheias de referências ao teatro japonês, com cenários giratórios e até mesmo homenagens à arte de Hokusai. Já as fases da Peach super-heroína brilham em luzes neon, enquanto as da Peach sereia evocam as diferentes cores do fundo do mar.

Infelizmente, o “espetáculo” é o único elemento da experiência que abraçou a diversidade de uma forma positiva. Mais do que qualquer outra sensação, a que mais tive em meu tempo com Showtime! foi a de frustração.

Imagem de Princess Peach: Showtime A Peach detetive não terá problemas para resolver os mistérios (Imagem: Nintendo/Divulgação)

Permita-me pular direto para o exemplo: a Peach espadachim é focada em combate. Ela consegue desferir ataques diretos, ou então esquivar no momento certo para reduzir o ritmo da passagem do tempo e contra-atacar. É simples, mas preciso. Divertido, até.

Esta versão da Peach enfrenta alguns inimigos básicos, depois um par de chefes, e... acabou. Na minha estimativa, você passa menos de uma hora com cada transformação do jogo – o que só é tempo o suficiente para aprender os controles, enfrentar algumas situações de conflito bem básicas naquela versão da heroína, e depois dizer adeus.

A maioria das transformações da Peach é interessante, como a sereia que canta para controlar os peixes no plano do fundo da fase, ou a patinadora que deve se apresentar seguindo o ritmo e o posicionamento ideais no gelo. Mas o jogo fecha as cortinas muito antes delas realmente mostrarem a que vieram.

Com raras exceções, as fases de Showtime! são bem lineares. Mesmo assim, há uma progressão de complexidade dentro delas – mas os desafios nunca chegam a ser realmente desafiadores. Os inimigos nunca chegam a ser fortes. Os quebra-cabeças nunca chegam a ser misteriosos. Tudo isso podia acontecer, mas o jogo não quer. E isso é constantemente frustrante.

Uma peça para todos os públicos

Imagem de Princess Peach: Showtime A fita de Peach pode ser usada para assustar inimigos (Imagem: Nintendo/Divulgação)

O foco na diversidade em jogos de plataforma da Nintendo é normal, mas ele precisa vir acompanhado de algum nível de desafio – que é algo que Showtime! recusa-se a oferecer.

O exemplo mais brutal é na comparação com Super Mario Odyssey: um game que, assim como este, obriga o jogador a assumir diferentes formas – incluindo algumas extremamente simples, que só podem realizar uma determinada ação. Mas cabia ao jogador escolher assumir aquela forma para tentar cumprir determinado objetivo. Em Showtime!, não há escolha: se a fase é da Peach vaqueira, você já sabe exatamente o que terá que fazer.

Felizmente, o jogo oferece motivação para que fases sejam enfrentadas mais de uma vez na forma das esplendoritas – itens colecionáveis que são recompensas para jogadores atentos que encontram pontos de interação escondidos nos cenários.

Os demais colecionáveis são diferentes vestidos para Peach e Estela, a companheirinha flutuante da vez, que podem ser desbloqueados ou comprados em uma loja. Quando Peach completa uma fase sem deixar nada para trás, ela libera um cartão postal temático; cenas animadas e músicas que a heroína encontra pelo caminho também ficam disponíveis para serem reaproveitadas através de um menu.

Imagem de Princess Peach: Showtime Peach vaqueira protagoniza algumas das fases mais eletrizantes (Imagem: Nintendo/Divulgação)

Com tudo isso dito, resta a certeza de que há um público específico que irá amar Princess Peach: Showtime!: crianças bem pequenas.

Não digo isso como ofensa, mas não há como negar que a combinação entre a localização completa para português do Brasil, a variedade de cenários, o espetáculo visual da ação e o baixo nível de dificuldade fazem da experiência perfeita para os pequeninos, como eram Kirby’s Epic Yarn no Wii ou o mais recente Yoshi’s Crafted World.

Mas, talvez com o foco em menos transformações, o jogo poderia ser isso e mais.


Esta review foi feita com uma cópia digital do jogo cedida pela Nintendo.

Princess Peach: Showtime! é exclusivo de Nintendo Switch, disponível para compra a partir do dia 22 de março.

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