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Hellblade II: Senua's Saga evolui o melhor do pesadelo nórdico original | Preview
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Hellblade II: Senua's Saga evolui o melhor do pesadelo nórdico original | Preview

Jogamos um trecho da continuação nos estúdios da Ninja Theory, no Reino Unido

Arthur Eloi
Arthur Eloi
04.abr.24 às 10h14
Atualizado há cerca de 1 ano
Hellblade II: Senua's Saga evolui o melhor do pesadelo nórdico original | Preview
(Ninja Theory/Divulgação)

Desenvolvido e publicado pela Ninja Theory, com equipe de cerca de 20 pessoas, Hellblade: Senua’s Sacrifice foi uma grata surpresa quando chegou em 2017. Três anos antes, em 2014, o estúdio de DmC: Devil May Cry (2012) havia revelado o projeto ao mundo como uma ambiciosa iniciativa de criar um “indie Triple A”, ou seja, um projeto menor que não ficasse devendo em nada aos títulos grandes — e, surpreendentemente, eles conseguiram.

Gráficos impressionantes, mecânicas satisfatórias, história intrigante e protagonista marcante conquistaram os jogadores, em uma aventura curta e intensa, com preço inferior a R$100 no lançamento. Hoje em dia, tudo é diferente. A Ninja Theory não é mais independente, tendo sido comprada pelo Xbox em 2018. E a continuação, Hellblade II: Senua’s Saga, não só tem quase o quádruplo da equipe de desenvolvedores do original, como também é um dos títulos mais aguardados entre os caixistas.

À convite do Xbox, o NerdBunker foi até a sede da Ninja Theory em Cambridge, no Reino Unido, para testar o game em primeira mão. O estúdio novamente surpreendeu, mas agora por manter a visão clara, concisa e segura, mesmo em meio ao cenário barulhento dos jogos blockbuster.

Por trás das cortinas

Imagem de Hellblade II: Senua's Saga Tour pela sede da a sede da Ninja Theory ajudou a entender a ideia da empresa para a franquia (Ninja Theory/Divulgação)

Antes de jogar, nós, e outros jornalistas do mundo todo, fizemos um tour para ajudar a entender a filosofia de design e as práticas do estúdio. Em um prédio de três andares, localizado próximo ao centro da pequena cidade inglesa, a Ninja Theory continua fazendo muito com pouco.

Os vários departamentos contam com equipes pequenas, como cinco funcionários para cuidar de efeitos visuais, ou então oito para desenvolver os ambientes ultrarrealistas, e um pouco menos do que isso para as animações, vistas no combate e nas interações com o cenário.

Nas conversas com os desenvolvedores, porém, todos pareceram empolgados pelo processo de obter algo incrível a partir de métodos bastante artesanais, como modelar figurinos de couro e juta trançada na vida real e escaneá-los para o jogo, para garantir maior autenticidade e detalhes nas texturas. O mesmo se aplica para os ambientes, modelados a partir de extensas fotos e filmagens de drone de montanhas rochosas e campos esverdeados da Islândia, país onde a trama se passa.

Hellblade II é desenvolvido na Unreal Engine 5, o que garante um fotorrealismo absurdo, acima até do visual já impressionante do primeiro, além de uma enorme gama de efeitos visuais inéditos, como neblina e raios de luz mais realistas. O antecessor foi construído na UE4, e os desenvolvedores garantem que foi uma transição super tranquila, que ainda elevou a fidelidade visual a outro patamar sem dores de cabeça.

Nas conversas, a filosofia do estúdio ficou evidente: criar algo grandioso, mas consistente com a visão do game de 2017, sem ceder aos delírios de sequências e do atual mercado de Triple A. Senua’s Saga será um game de curta duração, focado em narrativa e unicamente single-player, o que continua sendo um ponto fora da curva entre grandes lançamentos.

A melhor infraestrutura e investimento que a Ninja Theory recebeu foram inteiramente dedicados a lapidar o que já funcionava bem antes. Com o controle na mão, testamos se a desenvolvedora está bem encaminhada na missão.

Melhor e mais brutal: jogamos Hellblade II

Imagem de Hellblade II: Senua's Saga Agora podemos afirmar: o combate do jogo segue impressionante (Ninja Theory/Divulgação)

Após algumas horas explorando o prédio da desenvolvedora, chegou a hora de jogar um pouco do game. Uma demonstração havia sido especialmente preparada para a ocasião, com diversas estações de jogo montadas em uma das paredes do enorme estúdio de captura de movimentos da desenvolvedora. Para os curiosos, é bom notar que o game estava rodando em um PC que emulava a versão de Xbox Series X, mas que a build ainda não estava finalizada. Mesmo assim, o que vimos foi bem impressionante!

A continuação se inicia logo após o original, e traz a guerreira celta Senua em uma jornada de vingança pela morte de seus entes queridos. Após conseguir honrar a alma de seu falecido amado, e de ter melhor entendimento de sua condição de psicose, ela decide dar um basta aos impiedosos vikings que arruinaram sua vida, se deixando capturar pelos guerreiros. Levada até à Islândia, ela testemunha mais barbaridade e violência de perto, jurando encontrar e acabar com quem acabou com ela.

Na demo, haviam dois capítulos: um funcionava como uma breve introdução, e o outro, mais extenso, trazia situações variadas que serão encontradas no game. Em ambos os casos, a qualidade visual foi de tirar o fôlego — mesmo, bom lembrar, não se tratando da versão final.

É possível ver um salto de qualidade considerável em tudo, como as expressões faciais de Senua e dos demais personagens, que frequentemente parecem até filmagens reais; ou então a atmosfera carregada, que transforma ambientes vívidos em cenas de pesadelo através de iluminação macabra, névoa, boa direção de fotografia e cenários marcados pela violência viking, como vilas destruídas.

Hellblade II parece pisar mais fundo no horror, ainda que os desenvolvedores com quem conversamos, em grande parte, afirmem que o jogo completo explorará uma vasta gama de tons diferentes. Ainda assim, os elementos mais assustadores estão lá, como Senua tendo que lidar com uma realidade tão chocante quanto a projetada por sua mente, tendo que conciliar sua missão pessoal com os aliados que encontra pelo caminho e com as vozes que ainda a atormentam.

O Capítulo 1 da demo pende mais para o lado de guerreira torturada da protagonista, servindo como uma breve introdução ao combate, que mostra Senua enfrentando diversos vikings em uma praia, durante a noite. Já o Capítulo 2 a coloca para explorar uma vila atacada pelos guerreiros e, aqui, foi possível sentir mais da exploração, dos puzzles e da narrativa.

Ao todo, há altos e baixos. Dentre os destaques, a escrita parece equilibrar bem o inferno pessoal de Senua com a situação tensa em que está inserida. O jogo sabe como destrinchar bem a personagem e colocá-la em todos os elementos: transições entre fases, ou áreas secretas encontradas pelo mapa, ganham um toque alucinógeno, com a personagem vendo rostos nas rochas ou se deparando com portais gigantes feitos de mãos humanas, que poderiam muito bem ser algo saído de Doutor Estranho.

O combate, por sua vez, reflete o fato de que Senua é sim treinada para a guerra, mas que ainda é uma pessoa. Isso significa que ela se cansa, que precisa fazer esforço para desferir golpes mais potentes, que sente o peso de cada pancada, e que também precisa focar em um inimigo por vez. As brigas acontecem em duelos, com o jogador tendo que prestar atenção nos padrões de ataque dos rivais para saber quando defender, se esquivar ou golpear, com punições para os erros.

As mecânicas de luta já eram um destaque do antecessor, mas agora brilham ainda mais com mais variedade de animações de combate e de inimigos. Tudo soa mais orgânico e imprevisível, com vikings mais ágeis e brutos, que até jogam machadinhas à distância e cospem fogo. Realizar várias lutas em sequência faz com que o jogador sinta o peso do cansaço da protagonista, o que ajuda a reforçar que Hellblade II passa longe de uma fantasia de poder.

Imagem de Hellblade II: Senua's Saga Os puzzles foram o ponto baixo deste teste inicial (Ninja Theory/Divulgação)

A nossa principal reclamação é sobre a utilização de um dos piores elementos do game original: os puzzles. Ainda que curto, o antecessor apela exaustivamente para enigmas simples de perspectiva, em que é preciso encontrar runas pelo cenário para destrancar portas para progredir. O trecho que jogamos era pequeno, comparado com o jogo todo, mas nos deixou torcendo para que a Ninja Theory tenha aprendido a variar um pouco as coisas.

Felizmente, a reta final da demo deu a sensação de que, sim, o estúdio quer tentar coisas novas. Parece que todas as qualidades se encaixam perfeitamente neste momento em que Senua avista, do topo de uma montanha, uma figura de seu passado sendo sequestrada pelos vikings. Apesar das vozes relutantes em sua cabeça, ela decide resgatar o misterioso homem, e assim se inicia uma seção que poderia bem estar em um dos títulos recentes de Tomb Raider.

Senua desce a montanha se esgueirando furtivamente, enquanto um impiedoso e violento ataque viking à camponeses acontece ao seu redor. A câmera se aperta com ela quando a protagonista precisa rastejar pela lama e sangue, por baixo de uma ponte repleta de corpos. Ao chegar até o homem, é avistada, dando início a uma intensa batalha contra uma avalanche crescente de guerreiros.

As desgastantes lutas em sequência, a variedade de ataques dos inimigos, o combate simples mas exigente, a trilha sonora de vozes guturais falando palavras nórdicas: tudo é bastante brutal, sujo, cinematográfico e memorável. Em dado momento do nosso tour, Benoit Macon, o diretor de combate, afirmou que gostaria que todas as grandes lutas do game transmitissem a mesma sensação de agonia e frenesi de acompanhar Jon Snow na Batalha dos Bastardos, de Game of Thrones. Esse é justamente o sentimento que Hellblade II consegue transmitir em seus melhores momentos.

No fim das contas, a Ninja Theory está ridiculamente empenhada em refinar e melhorar o que já era bom, ao invés de começar do zero e tentar revolucionar. Até o momento, o resultado parece seguir por um ótimo caminho, prometendo um jogo macabro, intenso, original e bruto — justamente tudo que consagrou o antecessor.


Hellblade II: Senua’s Saga chega ao Xbox Series X | S e PC em 21 de maio. O game estará disponível no catálogo do Game Pass logo no lançamento.

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