A convite da Electronic Arts, tivemos a oportunidade de conversar com Josef Fares, diretor de A Way Out. Fares é um cineasta libanês que mora na Suécia e que recentemente deixou de lado a carreira nas telonas para se dedicar a jogos. Em 2013, publicou o premiado Brothers: A Tale of Two Sons e agora está lançando A Way Out através do selo EA Originals.
A Way Out é um projeto de paixão e Fares chegou a deixar de lado uma oportunidade de dirigir mais um longa metragem para se dedicar ao game. Ele diz que é essencial que o jogo seja sempre cooperativo, e que recusaria qualquer oferta de tornar o jogo single player. Isso nunca vai mudar, “nem mesmo se você me der US$ 100 milhões”.
A ideia por trás desse novo projeto começou quando o diretor estava jogando com um amigo e começou a buscar por um jogo cooperativo que não fosse simplesmente “entrar e sair” como a grande maioria dos FPS atuais.
Queríamos algo em que os personagens tivessem personalidade e pudéssemos experimentar a história juntos. Foi nisso que tudo começou. E também por querer encontrar novas formas de contar histórias e criar sentimentos emocionais para os jogadores. Então foi assim que A Way Out surgiu. E isso também foi a parte mais difícil, claro, contar a história. Porque você joga com duas personalidades diferentes aqui, você não usa simplesmente personagens com diferentes habilidades. Eles reagem de maneira diferente às situações.
Apesar de publicado pela EA, A Way Out é um jogo de orçamento modesto e uma das maneiras de conseguir fazer isso foi deixando os negócios em família e convidando Fares Fares, o irmão mais velho de Josef Fares, para interpretar Leo, um dos protagonistas.
Meu irmão é um ator muito bom, mas além disso consigo ter ele atuando de graça. Esse é um jogo com um orçamento baixo, então é uma maneira de economizar dinheiro, manter os negócios em família. Esse é o tipo de coisa que você pode fazer quando tem um orçamento baixo, pode fazer qualquer coisa. Eu consigo um ator incrível de graça, é perfeito.

Um dos diferenciais de A Way Out é a possibilidade de jogar online com um amigo que não tem o título. Segundo o desenvolvedor, a motivação para fazer isso é que quando você está jogando o modo multiplayer local, também não há necessidade de comprar duas cópias e, por conta disso, não vê motivo para cobrar um preço diferente (o título custa US$ 29,99) ou forçar quem joga online com os amigos a comprar mais de uma cópia. A experiência deve ser a mesma.
Durante a conversa, Fares comentou que pouco da história mudou, tudo tem sido basicamente a mesma coisa desde o primeiro dia e os detalhes que foram alterados só mudaram por terem sido ideias de gameplay que não funcionaram de maneira cooperativa. Mesmo assim, algumas dos cortes que tiveram que acontecer partiram um pouco o coração dele.
É sempre assim. É sempre muita tentativa e erro, é por isso que é tão difícil fazer um jogo, porque você tem uma visão, você tenta, você trabalha, tenta algo e não funciona, tenta de novo e de novo. É um processo muito animador, mas pode ser também bem frustrante. Especialmente quando você está fazendo um jogo como A Way Out, que é bem diferente e bem novo em como ele conta sua história. Mas é isso que é também divertido, é por isso que me sinto apaixonado por jogos.
Apesar de Fares ter atuado como cineasta, muito do que ele sabia como diretor de cinema teve que ser reaprendido quando começou a se dedicar aos games:
Acho que uma das coisas importantes que eu aprendi como diretor de filmes é que filmes são uma experiência passiva, que filmes não são jogos. Fazer um jogo e contar uma história em um jogo é muito sobre interatividade. Eu acho que a coisa mais importante que aprendi é que filmes são filmes e que jogos têm sua própria maneira de contar uma história. Isso é algo de que eu também quero fazer parte, de explorar de forma criativa.
O desenvolvedor já tem planos para um próximo projeto e prometeu que com certeza fará mais jogos. Ele não descarta um dia voltar a dirigir filmes e até brincou que poderia vir ao Brasil e fazer um longa por aqui. No momento, Josef Fares está focado em desenvolver games mas quem sabe em alguns anos possamos ver nas telonas a adaptação cinematográfica de algum deles dirigida por uma das mentes criativas por trás do original: "É só questão de o roteiro certo aparecer".