A cidade de São Paulo possui mansões escondidas bem no meio de alguns de seus bairros mais movimentados, rodeadas de prédios comerciais e avenidas. Fomos acompanhar as gravações do filme e da série de O Doutrinador em uma dessas mansões.
São 14 semanas de gravação para o filme e os sete episódios da série, com Gustavo Bonafé e Fabio Mendonça alternando a direção. As duas produções estão sendo gravadas simultaneamente, o que é interessante já que acordos da série ficaram prontos antes dos do longa. Apesar de tratarem do mesmo assunto — a origem do Doutrinador — o foco é diferente: o filme se preocupa em contar a história do anti-herói, e a série em expandir o universo e desenvolver os personagens secundários. O fim das gravações está previsto para 30 de março.
Apesar de não adaptarem a história dos quadrinhos diretamente, tanto o filme quanto a série se inspiram muito não apenas no universo da HQ como também nos enquadramentos e cores utilizados para compor seu visual. Nas cenas que vimos, ainda sem adição de efeitos especiais e apenas com alguns ajustes mínimos, ficou claro que as cores fazem grande parte do trabalho de aproximar o conteúdo em vídeo do original. As gravações também apresentavam vários ângulos para uma mesma cena, o que abre um leque de opções na hora de montar o corte final. Os diretores prometem que, para os fãs do Doutrinador, será possível notar referências diretas à comic em sequências, planos de câmera e frames.
O Doutrinador é interpretado pelo mesmo ator em ambas as produções: Kiko Pissolato dá vida ao anti-herói brasileiro. Durante coletiva de imprensa, ele revelou que suas maiores inspirações vieram de consagrados atores do gênero de ação, como Steven Seagal, Arnold Schwarzenegger e personagens como Justiceiro, Demolidor, John Wick e até mesmo o Batman de Christopher Nolan. Pissolato também ressaltou (diversas vezes!) que as ações do Doutrinador não são modelos a serem seguidos e que o trabalho é uma ficção, uma história completamente fantasiosa.
Há uma grande preocupação em comunicar as produções como entretenimento por um motivo específico: violência. Os quadrinhos são bastante violentos, e o filme não vai aliviar nesse sentido. Além disso, O Doutrinador envolve política, que é um tema sensível no país. Luciano Cunha, o criador da HQ, contou que foi difícil encontrar uma editora para publicar a história original por conta de seu teor político, e tanto o filme quanto a série evitam personagens que sejam muito parecidos com figuras marcadas da política nacional.
Além das duas produções, a equipe também pensa em desenvolver a franquia do Doutrinador em outros meios, investindo na criação de jogos e merchandising.
Pessoalmente, o que vi no set e nas cenas gravadas foi além das minhas expectativas. As cores, o posicionamento das câmeras, a máscara do anti-herói — os elementos se unem e criam uma experiência visual interessante mesmo sem os efeitos especiais. Agora nos resta esperar até o lançamento para conhecer a história.
O filme e a série estão sendo produzidos pela Paris Entretenimento, a distribuição do filme é da Downtown/Paris Filmes e a série será exibida pelo canal Space.
O filme de O Doutrinador tem estreia prevista para 2018, e a série para abril de 2019.