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Renfield diverte com Nicolas Cage solto, sangue e tripas | Crítica
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Renfield diverte com Nicolas Cage solto, sangue e tripas | Crítica

Filme tem Nicholas Hoult como o ajudante do Conde Drácula em busca de emancipação

Pedro Siqueira
Pedro Siqueira
26.abr.23 às 10h00
Atualizado há mais de 1 ano
Renfield diverte com Nicolas Cage solto, sangue e tripas | Crítica
Crédito: Universal/Divulgação

Dizer que a carreira de Nicolas Cage é curiosa chega a ser eufemismo. Por um lado, o astro caiu nas graças do público equilibrando atuações verdadeiramente boas, como Arizona Nunca Mais (1987), Coração Selvagem (1990) e Despedida em Las Vegas (1995), que o rendeu um Oscar de Melhor Ator. Por outro, esbanjou canastrice em projetos que, se não renderam elogios ao ator, certamente deixaram pelo menos sua conta bancária um pouco mais polpuda. É um deleite, então, que Cage tenha assumido de vez a persona de meme ambulante, e aceitado a galhofa ao se divertir e divertir o público como a melhor coisa de Renfield: Dando Sangue Pelo Chefe.

No filme de Chris McKay (LEGO Batman), Cage vive o Conde Drácula, mas como o título indica, o astro empresta o holofote ao xará Nicholas Hoult, dando vida ao fiel Robert Montague Renfield. Ajudante do vampiro ao longo das décadas, o jovem desajeitado percebe que pode levar uma vida melhor caso foque as energias em si mesmo. Com um pequeno probleminha: o chefe abusivo não parece nem um pouco disposto a largar os serviços do escravo.

Versátil, Nicholas Hoult segue cavando o posto como um dos atores mais interessantes dos últimos anos, traduzindo em tela a dicotomia da vida de Renfield. Com uma dose temporária dos poderes do vampiro, atingida sempre ao ingerir insetos, Hoult estrela cenas de ação sobre humanas ao caçar vítimas para Drácula. A dinâmica traça um paralelo interessante entre a forma imponente como o protagonista se posta com humanos “normais”, e a pequeneza e submissão, até no tom de voz, ao menor indício da presença do vampirão.

É nas cenas de ação e “terror” (com aspas enormes), inclusive, que Renfield brilha mais, elevando absurdamente a violência a cada sequência de ação. E tome cabeças voando, braços decepados, tripas à mostra, corpos espatifados e mais. Tudo isso com jatos de sangue falso que deixarão fãs de filmes como Evil Dead - A Morte do Demônio (1981) com um sorriso no rosto.

Nicholas Hoult em modo 'quero matar meu chefe' em Renfield. Crédito: Universal/Divulgação

A diversão, no entanto, não esconde um problema fundamental de Renfield. Em sua jornada de auto aceitação, o personagem principal busca um grupo de apoio para relacionamentos abusivos. Embora nunca exatamente cruze a linha do mal gosto, o longa pode torcer narizes ao zombar de situações que, no mundo real, soam problemáticas. A dinâmica de poder entre Renfield e Drácula se limita a piadas do tipo “Eu sou a verdadeira vítima aqui!”, dita pelo vampiro em um confronto com o lacaio, e mantras motivacionais entoados pelo próprio Nicholas Hoult durante a trama.

Se a codependência da dupla já seria o suficiente para vender o filme, é inexplicável também a invenção de uma tediosa trama de luta policial contra um império do crime, que parece servir apenas para estabelecer Rebecca Quincy (a sempre divertida Awkwafina) como fiel da balança entre o passado sombrio de Renfield e a possível vida nova longe de vampiros e corpos.

Dito tudo isso, é natural que a grande estrela do filme seja mesmo Nicolas Cage, que entrega tudo que se esperaria da premissa, com folga. O astro joga a vergonha longe ao esbugalhar os olhos, presas e tudo que tem direito em um Drácula ao mesmo tempo sinistro, hilário e estranhamente sexy (é um vampiro, ora bolas!).

Com visual bebendo da clássica interpretação de Bela Lugosi, no Drácula de 1931, Cage imprime a marca própria ao maior sanguessuga da cultura pop, não deixando dúvidas de quem está por trás de toda a maquiagem branca.

Renfield dificilmente será lembrado em detalhes daqui a uma década, mas ao trazer uma divertida e escapista aventura, o filme resgata um tipo de filme que parece em falta nos dias atuais. Sem preocupação em garantir continuações ou coisas do tipo, o longa leva a sério o propósito de divertir, e acerta a estaca no objetivo, embora seus dentes emocionais pudessem ser um pouco melhor afiados.

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