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Os Rejeitados usa carisma agridoce para encantar como presente de Natal | Crítica
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Os Rejeitados usa carisma agridoce para encantar como presente de Natal | Crítica

Filme encara clichês de trama-conforto com identidade própria e elenco primoroso

Pedro Siqueira
Pedro Siqueira
29.fev.24 às 16h23
Atualizado há cerca de 1 ano
Os Rejeitados usa carisma agridoce para encantar como presente de Natal | Crítica
(Focus Features/Divulgação)

Para além dos tsunamis culturais dos Barbies e Oppenheimers da vida, ou de mestres do cinema como Martin Scorsese e seus Assassinos da Lua das Flores, a seleção do Oscar 2024 também guarda gratas surpresas para quem se dispõe a conferir o que a Academia reconheceu de melhor na telona. Uma delas é Os Rejeitados, uma trama que, sem prometer quase nada, conquista com muito carisma e um coração enorme.

O longa de Alexander Payne (Os Descendentes, Nebraska) traz Paul Giamatti como Paul Hunham. Professor da prestigiada escola Barton, o homem se dedica ao ofício mesmo que isso lhe custe família e qualquer traço de uma vida social ativa. Até por isso, cabe a ele a ingrata missão de servir de tutor dos alunos que, por quaisquer motivos, não têm onde com quem passar as festas de final de ano.

Enclausurados nos corredores da escola por semanas, Hunham, a simpática cozinheira Mary (Da’Vine Joy Randolph) e o garoto-enxaqueca Angus (Dominic Sessa) se descobrem uma família tão inusitada quanto disfuncional.

Química entre o trio protagonista dá a liga do filme. Crédito: Focus Features/Divulgação

No papel, o roteiro parece cruzar a maioria dos requisitos de filmes-conforto (ou “feel good movies”) e, de fato, Os Rejeitados não busca fugir desta raiz, tampouco se envergonha de assumir os clichês. Longe disso, o longa se dá o cuidado de assumir uma identidade própria e irresistível às situações que apresenta, graças, principalmente, a seu protagonista.

Teimoso como uma mula e visto como um legítimo chato de galochas pelos colegas do corpo docente e pelos alunos, o Paul Hunham construído por Giamatti poderia, muito bem, ser um dos personagem detestável, se não fosse o inegável carisma do astro e a sensibilidade do texto em construir um protagonista falho, mas, talvez até por isso, amável.

A performance magnética é acompanhada por Da’Vine Joy Randolph e Dominic Sessa em atuações igualmente marcantes. É uma mera tecnicidade defini-los como coadjuvantes, já que suas presenças são tão importantes e complementares ao show de Paul Giamatti.

A atriz de Rustin (2023) e Meu Nome é Dolemite (2019) emociona como uma mãe enlutada que, ainda assim, se obriga a manter uma força quase inabalável e uma divertida acidez em contraponto ao rabugento Hunham. Já o novato Sessa toma para si o arquétipo do jovem rebelde, conciliando a marra com uma fragilidade comovente, à medida em que o personagem se abre para o mundo e para si mesmo.

Com a química única do trio, Os Rejeitados não foge de explorar como, à sua maneira, todos têm suas falhas e motivos para manter a guarda alta e se esconder da vida. Trata-se de um carisma agridoce, mas que não cai na armadilha da auto compaixão.

Dominic Sessa e Paul Giamatti formam dupla improvável. Crédito: Focus Features/Divulgação

Tudo isso é embalado numa deliciosa capa vintage, como se o filme tivesse saído diretamente de um projetor de rolo de 1971 (quando o filme se passa), combinando com a época retratada em cena. Mérito de Alexander Payne, enquanto diretor, e da bela fotografia de Eigil Bryld (Na Mira do Chefe).

A volta ao passado pode ser sentida até no ritmo do longa, deliberadamente lento (mas nem um pouco entediante), exprimindo que Os Rejeitados sabe que o maior trunfo é seu elenco, e deixando que uma boa história entre humanos se sobressaia a tramas mirabolantes ou reviravoltas.

Dificilmente Os Rejeitados será um dos grandes destaques do Oscar 2024, a não ser que Paul Giamatti consiga uma inesperada (mas merecidíssima) vitória na cerimônia. Ainda assim, o longa se sobressai como uma história de amizade competente e emocionante. Um abraço quentinho ou um presente que você nem sabia que queria, mas que traz toda a magia do Natal.

Os Rejeitados segue em cartaz em alguns cinemas do país e ainda não tem data para chegar em streaming. O longa concorre a cinco categorias do Oscar 2024, incluindo Melhor Filme, Ator, Atriz Coadjuvante e Roteiro Original.

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