O Festival de Cannes já acabou, mas a polêmica envolvendo o evento e a Netflix continua. Durante uma entrevista coletiva, Reed Hastings, CEO da Netflix, comentou a controvérsia, explicando que a plataforma de streaming não quer brigar com ninguém e que o burburinho só ajuda as produções da empresa:
Não queremos brigar com ninguém. Quando alguém quer brigar conosco, chama a atenção. E isso é fantástico para nós. Mais importante: é fantástico para Okja e The Meyerowitz Stories. Esses filmes ganharam mais atenção.
Nenhum dos dois filmes ganhou prêmios no Festival, mas certamente chegaram para trazer uma reflexão entre a essência do cinema e as novas plataformas tecnológicas.
Entenda o caso
Esse ano foi a primeira vez em que a Netflix concorreu à Palma de Ouro, prêmio máximo do Festival de Cannes. Porém, muita gente envolvida na comissão técnica não gostou disso. Sob a liderança de Pedro Almodóvar, parte do júri deslegitimou a presença da empresa no evento, alegando que os filmes produzidos por ela não são exibidos nos cinemas e por isso não seriam aptos a participar da competição.
Cinéfilos do mundo todo adentraram na discussão: uns defenderam a posição tradicionalista de Almodóvar, que tenta preservar a experiência de ir ao cinema e se assistir um filme em tela grande. Outros, como Will Smith, reconheceram a importância da Netflix em termos de liberdade para seus artistas e seu impacto mundial no consumo de produtos audiovisuais e declararam que existe espaço para os dois formato coexistirem em harmonia.
Como resposta à polêmica, a organização do Festival de Cannes vai implementar uma regra a partir do ano que vem que deixa claro que os filmes que entram em competição PRECISAM ser exibidos nos cinemas franceses após o evento.
O Festival de Cannes 2016 premiou o drama sueco The Square com a Palma de Ouro.