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MaXXXine fecha trilogia de forma imperfeita, mas satisfatória | Crítica
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MaXXXine fecha trilogia de forma imperfeita, mas satisfatória | Crítica

Liderado por Mia Goth, cria pesadelo neon na efervescente e ameaçadora Hollywood da década de 1980

Gabriel Avila
Gabriel Avila
11.jul.24 às 09h00
Atualizado há 9 meses
MaXXXine fecha trilogia de forma imperfeita, mas satisfatória | Crítica
A24/Reprodução

MaXXXine chega aos cinemas para encerrar a trilogia iniciada no surpreendente X - A Marca da Morte (2022) e continuada no queridinho Pearl (2022). Ainda que funcione de forma independente, o terceiro longa não nega o próprio DNA e carrega as mesmas assinaturas dos anteriores, para o bem e para o mal.

Cronologicamente falando, MaXXXine é uma sequência direta de X - A Marca da Morte e mostra Maxine Minx (Mia Goth) após os chocantes eventos do longa, ocorridos na fazenda em que a estrela foi gravar um filme adulto e encontrou um pesadelo. Agora, a jovem está em Hollywood, se dividindo entre trabalhos no ramo adulto e a busca por uma chance de construir carreira no cinema convencional. Isso até entrar na mira de alguém perigoso que conhece seu passado.

A primeira assinatura do novo filme está na forma como ele incorpora e homenageia um uma época e um estilo de fazer cinema. Enquanto X bebeu das águas pantanosas do Texas setentista, de onde saiu O Massacre da Serra Elétrica (1974), e Pearl construiu um sonho technicolor aos moldes de O Mágico de Oz (1939) para arrebentá-lo a machadadas, o novo longa vai à pulsante e perigosa Los Angeles da década de 1980. E é de lá que traz alguns de seus maiores acertos.

O retrato de Hollywood feito em MaXXXine é tão apaixonado quanto apaixonante. A produção se esforça para se parecer ao máximo com um filme produzido na época, o que aparece tanto na reconstituição com arquitetura, veículos, figurinos e maquiagens que eram moda, quanto na cinematografia retrô do projeto.

Esse mergulho nostálgico é conduzido, em grande parte, pela direção de fotografia de Eliot Rockett, que também exerceu a função nos lançamentos anteriores. Pela ótica do cineasta, os cenários banhados em neon são sempre vibrantes e pulsantes, trazendo vida e escondendo ameaças, ao mesmo tempo em que realçam o glamour Hollywoodiano pelo qual a protagonista se apaixona tão fervorosamente.

Essa estética torna o mundo que Maxine desbrava visualmente rico e espetacular. Uma estética que ganha ainda mais destaque quando o terror toma conta, tornando o que parece ser o cenário de um sonho em algo ameaçador, com perseguições e assassinatos que se desenrolam em lugares que eram abrigo ou o objetivo da protagonista.

MaXXXine, aliás, traz outra grande atuação de Mia Goth. A atriz convence como uma versão mais firme de Maxine, que reflete o amadurecimento trazido junto dos horrores vividos em X. Porém, ela mantém um foco obstinado que a leva às últimas consequências para que o sonho não morra. Uma característica simples, mas que ganha camadas conforme ela precisa trafegar nas águas do cinema comercial, ao qual não domina.

Nesse ponto, o grande acerto da produção foi cercar Maxine de figuras que não deixam a grande estrela brilhar sozinha. Com diferentes tempos em tela, astros como Giancarlo Esposito, Elizabeth Debicki e Moses Sumney ajudam a desenvolver as camadas da personagem. Porém, ninguém merece mais destaque nesse quesito do que Kevin Bacon. O astro é a grande dupla de Mia Goth na produção, colocando para jogo um carisma canalha acompanhado por uma aura maligna que o torna magnético e tempera o jogo de gato e rato entre os dois.

É uma pena que todos esses acertos não acompanhem o filme do começo ao fim. A reta final de MaXXXine é marcada por uma desaceleração que joga contra o que a produção construiu até ali. As peças se encaixam de maneira pouco surpreendente e não causam o impacto esperado pela conclusão de uma história que está sendo contada ao longo de três filmes (e 67 anos, na cronologia deles).

Especialmente porque muitos dos temas do longa já foram trabalhados nos anteriores, e alguns de forma muito melhor. Com isso, a grande conclusão a qual a produção chega traz um gosto de repetição que frustra as expectativas criadas pela própria jornada, que não concretiza a grande catarse para a qual apontava.

Por outro lado, essa conclusão não coloca tudo a perder. Afinal de contas, MaXXXine é eficaz ao transportar o espectador para uma outra época enquanto celebra as próprias influências com um toque próprio. Maxine pode até não brilhar tão intensamente quanto seria capaz, mas é inegável que, no fim do dia, ela é uma estrela.

MaXXXine está em cartaz nos cinemas do Brasil.

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