Após meses e meses de especulações, a Warner oficializou a produção de um filme de origem do Coringa, e anunciou que Joaquín Phoenix (Ela) viverá o Palhaço do Crime. O personagem foi criado por Bill Finger, Bob Kane e Jerry Robinson, aparecendo pela primeira vez em Batman #1, HQ lançada em abril de 1940. Assim como o Homem-Morcego, o Coringa teve muitas versões distintas nos quadrinhos e em outras mídias. Listamos aqui as melhores delas, torcendo para que essas referências sejam usadas no novo filme.
Batman - A Piada Mortal (1988)
A graphic novel escrita por Alan Moore e desenhada por Brian Bolland é, sem sombra de dúvidas, uma das melhores HQs de todos os tempos, ponto. A história conta a origem do Coringa, retratando-o como um sujeito comum que, por circunstâncias da vida, acabou enlouquecendo. Ele era um engenheiro químico que tentou se tornar comediante após pedir demissão. Percebendo que não tinha talento para as piadas, o homem, cujo nome nunca é revelado, aceita guiar dois criminosos por entre os corredores da fábrica onde trabalhava. Durante a execução do plano, o Batman aparece e o futuro Coringa acaba caindo em um tanque de ácido, ganhando, então, a aparência que todos conhecemos.
Além de contar os primeiros anos do personagem, Moore também explora as semelhanças e as diferenças entre o vilão e o Homem-Morcego. Em uma ação envolvendo o Comissário Gordon e sua filha, Barbara, o Coringa tenta provar para o Batman que qualquer um pode perder a cabeça após um dia ruim. No livro How To Read Superhero Comics and Why, Geoff Clock, doutor em filosofia e estudos literários da Universidade de Oxford, argumenta que a única diferença entre o Cavaleiro das Trevas e o Palhaço do Crime está no fato de que Bruce Wayne “passou a vida tentando forjar um significado a partir de uma tragédia aleatória, enquanto o Coringa abraçou a absurdidade da vida, com todas as suas injustiças”.
Batman: O Cavaleiro das Trevas (2008)
Enquanto Alan Moore explorou as raízes psicológicas do Coringa em A Piada Mortal, Christopher Nolan em Batman: O Cavaleiro das Trevas, segundo filme de sua trilogia focada no Morcego, decidiu entender as motivações filosóficas do vilão. O roteiro, escrito por Nolan e seu irmão, Jonathan, constrói o vilão a partir, principalmente, de visões Absurdistas, Niilistas e Existencialistas do mundo. Em linhas gerais, essas três correntes de pensamento acreditam que não existe nenhum objetivo intrínseco no mundo e na vida em si, e que cabe a cada indivíduo traçar seu próprio destino conforme sua vontade. O Coringa, que foi vivido no filme por Heath Ledger, abraça essas ideias e faz com que o caos seja seu propósito. Com isso, ele tenta provar que as pessoas de Gotham não são realmente boas, e que na verdade simplesmente aceitaram os valores que lhes foram mostrados como verdades, sem nenhum tipo de questionamento. Junte isso tudo com a brilhante atuação de Ledger e você tem a melhor versão do Coringa nos cinemas.
Batman - A Série Animada (1992)
A animação para TV escrita por Paul Dini e com design de Bruce Timm apresentou o Morcego e o Palhaço do Crime para uma nova geração. Com voz original de Mark Hamill (o Luke Skywalker), o Coringa de Batman - A Série Animada misturava o tom mais sombrio e sério dos quadrinhos da época com uma pegada cômica, digna da performance de Cesar Romero, que interpretava o personagem na década de 1960, e das HQs dos anos 70. O roteiro não se aprofundava nas raízes psicológicas ou nas motivações filosóficas do vilão, mas logo de cara cativou os fãs. A performance de Hamill se tornou icônica, e ele esporadicamente interpreta o personagem até hoje. Seu trabalho mais recente como o Palhaço do Crime foi na animação Liga da Justiça Ação. Ele também deu voz vilão na série de jogos Arkham, que trazia uma versão um pouco mais adulta e brutal daquela vista em A Série Animada.
Batman - Morte em Família (1988)
Apesar de A Piada Mortal ser uma história bem violenta, o roteiro dava uma motivação às ações brutais do Coringa. Já em Batman - Morte em Família, vemos o Palhaço do Crime com sua faceta de assassino raivoso e impiedoso ainda mais acentuada. A HQ se tornou icônica porque a DC deu aos fãs a possibilidade de, através de um número de telefone, escolherem qual seria o destino de Jason Todd. Boa parte das votações pediam para que o personagem morresse, então a editora acatou a vontade do povo e colocou o Coringa assassinando-o violentamente com um pé de cabra. Apesar de ser legal ter uma ideia das motivações do personagem, também é interessante ver algumas histórias em que ele simplesmente é mau porque sim.
Batman - Asilo Arkham (1989)
A graphic novel escrita por Grant Morrison e desenhada por Dave McKean explora a psicologia do Coringa, mas de uma perspectiva mais esquizofrênica. Na trama, os criminosos internados no Asilo Arkham tomaram conta do local e Batman precisa ir até lá para impedir que algo pior aconteça — aquela velha história de sempre. No meio disso, Morrison explora os medos do Morcego e também a relação dele com seus arqui inimigos. O Coringa aparece como um sujeito obcecado — quase apaixonado — pelo Batman, e que possui uma mente singular, vendo, por exemplo, milhares de imagens em uma mancha de tinta em um Teste de Rorschach.
A HQ levanta de novo a ideia de que o Palhaço do Crime vive pelo caos, e explica que a diferença entre ele e o Morcego é que Bruce Wayne é movido por uma identidade única e simbólica, enquanto o Coringa vive para si, se reinventando a cada dia. Isso explicaria o fato de que em algumas épocas o vilão era retratado de maneira cômica e em outras como um assassino sanguinário. O roteiro de Morrison dá à narrativa ares de história de terror, algo que fica ainda mais evidente pelo estilo único dos desenhos de McKean, tornando Asilo Arkham uma HQ difícil de se ler e digerir, mas que é uma obra obrigatória para os fãs de Batman e do Coringa.
Será que teremos o Coringa perfeito caso o filme de origem do vilão misture um pouco de tudo isso? O longa começa a ser filmado em setembro, e não tem previsão de estreia.