Feito na América é um filme que conta a história de Barry Seal (Tom Cruise), um piloto de avião comercial que se transforma em traficante de drogas a serviço do cartel de Medellín, e enfeita um pouco o que aconteceu de verdade, adicionando conspirações internacionais e até uma pitada de comédia.
Barry é um protagonista que tem uma atitude extremamente arrogante perante os riscos, e se vê como alguém inalcançável por conta de seus contatos no governo e pela confiança atingida graças a seu apelido de “o gringo que entrega”. Na maior parte do tempo, só enxerga as pessoas como degraus para alcançar os seus objetivos e só demonstra qualquer tipo de empatia quando está com a sua própria família.
Mesmo assim, desafiando qualquer lógica, o charme e a convicção de que nada é impossível que Tom Cruise transparece, deixa difícil torcer contra o protagonista anti-herói. Você sabe que eventualmente a ruina virá para Barry Seal (caso contrário a história não renderia um filme), mas quer muito que ele escape ileso, só mais uma vez.
A trama também faz uma crítica à maneira hipócrita e ineficaz com a qual o governo americano dizia combater as drogas. O longa mostra que ao mesmo tempo em que Nancy Reagan, primeira-dama americana em 1986, dizia seu famoso discurso sobre “apenas diga não [às drogas]”, o país foi em grande parte responsável por armar e fortalecer os cartéis colombianos, direta ou indiretamente.
O longa conta com as já famosas aventuras de Cruise como dublê. Dessa vez, o perigo envolveu colocar um pequeno avião no piloto automático enquanto descarregava um estoque ilegal em pleno voo, sendo que ele era o único tripulante da aeronave. Não se compara com voar do lado de fora de um grande avião, como ocorreu em Missão: Impossível – Nação Secreta, mas ainda é um feito que fica mais interessante por ser real.
Feito na América é um filme que entretém, mas que não se aprofunda em nada. As críticas, as conspirações, os riscos, tudo apenas esboça uma intenção de ser grandioso, mas acaba sendo só mais um filme divertido do Tom Cruise. Às vezes é só isso que a gente precisa.