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Andor se despede de Star Wars em 2ª temporada sombria e tragicamente atual | Crítica
Críticas

Andor se despede de Star Wars em 2ª temporada sombria e tragicamente atual | Crítica

Segunda temporada firma a série como o grande projeto da franquia na era Disney

Pedro Siqueira
Pedro Siqueira
23.abr.25 às 11h43
Atualizado há 11 dias
Andor se despede de Star Wars em 2ª temporada sombria e tragicamente atual | Crítica
(Lucasfilm/Divulgação)

A vitória dos Rebeldes contra a Estrela da Morte em Star Wars é um feato tão aparentemente improvável que pode ser chamado de milagre. Afinal, quais as chances de um jovem fazendeiro espacial acabar se tornando o maior herói da galáxia, enfrentando um império inteiro? Bom, poderíamos dizer que certamente são maiores do que as de Andor, uma série derivada de um filme derivado (e ainda um prelúdio de um prelúdio) se tornar uma das melhores e mais bem sucedidas produções da maior franquia da história do cinema.

Abraçada por público e crítica, a produção chega ao fim com uma segunda temporada, superando o desafio de manter o alto nível da estreia na TV, em 2022 (que, por sua vez, já havia superado a desconfiança dos fãs), firmando-se como a melhor produção do universo Star Wars em toda a era da Disney.

Retomando a trama um ano após os eventos da temporada anterior, a série continua a jornada de Cassian Andor (Diego Luna) no período de formação como espião rebelde, agora com um pé mais fundo no acelerador. Isso porque, ao contrário da primeira leva de episódios, que passeia por um recorte temporal único na vida do rebelde, a segunda temporada aposta em blocos de episódios espaçados por saltos temporais maiores.

A estratégia poderia soar arriscada, já que parte do charme da trama era justamente a construção mais lenta, mas se justifica na estrutura narrativa adotada por Tony Gilroy e os colegas roteiristas, que oferecem quatro blocos de episódios com estilos e histórias distintos e atrativos o suficiente entre si.

Temporada apresenta Cassian mergulhado na Rebelião. (Lucasfilm/Divulgação)

A temporada apresenta um Cassian Andor já inserido no lado mais guerrilheiro e combativo da rebelião, sob a tutela do inescrupuloso Luthen Rael (Stellan Skarsgard). No lado mais diplomático da resistência, a senadora Mon Mothma (Genevieve O’Reilly) segue na luta política contra o Império, abdicando cada vez mais da própria vida em função da rebelião.

De certa forma, Andor levar o nome de seu protagonista é uma mera formalidade, porque mais do que uma história sobre a figura Cassian Andor, a série trata de diferentes formas de resistência à tirania e opressão, com personagens como Rael e Mothma ganhando destaque igual, como interessantes contrapontos e complementos à jornada do anti-herói.

Carregado pelo carisma de Diego Luna, Cassian se permite até ficar no escanteio em diferentes momentos da temporada, funcionando mais como um espectador de momentos decisivos do que um agente ativo na trama, mas ainda mantendo-se como a âncora de um homem mudado para sempre pela luta da qual, como sabemos, não há escapatória.

Isso porque, se o leitor perdoar o spoiler tardio, Cassian Andor encontra um fim heróico, mas trágico, no desfecho de Rogue One (2016). Por um lado, saber do destino do protagonista acaba com qualquer senso de perigo nas situações enfrentadas por Cassian. No entanto, a iminência da morte do personagem torna a jornada até o filme mais angustiante, tanto pelo apego emocional estabelecido com o rebelde, como pela sombra quase fúnebre que paira sobre toda a segunda temporada.

Mon Mothma vê a galáxia descender na tirania do Império. (Lucasfilm/Divulgação)

O fim (e uma nova esperança)

Embora se permita momentos de vitória, Andor, enquanto trama, nunca deixa de lado os sacrifícios que constroem a luta pela liberdade, especialmente na figura de Luthen Rael (Skarsgard).

Grande destaque no primeiro ano, o personagem retorna como a face mais interessante da complexidade moral apresentada pela série. Um homem disposto a queimar pontes, inimigos e aliados na mesma proporção, sob a justificativa do bem maior. E que também sabe que pode não viver para ver a liberdade pela qual tanto lutou. Já Genevieve O’Reilly volta como uma Mon Mothma cada vez menos no controle, aprendendo que não se faz uma rebelião sem sujar as mãos.

Enquanto isso, o Império se firma como uma força praticamente imparável, espalhando opressão pela galáxia em uma subtrama assustadoramente atual, que se prolonga ao longo dos 12 episódios da temporada.

Na reta final de construção da Estrela da Morte, as forças imperiais secretas voltam a atenção ao planeta Ghorman, que torna-se alvo de uma violenta campanha de desinformação e propaganda para justificar os interesses escusos do governo. Qualquer semelhança com as manchetes vistas ao longo dos últimos anos em regiões de conflito como a Ucrânia e a Palestina não é mera coincidência.

Trama caminha para os eventos de Rogue One e Uma Nova Esperança. (Lucasfilm/Divulgação)

Aqui, Andor encontra a saída para um problema trazido pela concepção de um prelúdio. Afinal, o grande clímax da história de Cassian virá com o roubo dos planos da Estrela da Morte em Rogue One, e o ponto de ebulição da luta rebelde contra o Império chegará apenas em Uma Nova Esperança (1977). Mas, ainda assim, a série consegue estabelecer um poderoso clímax próprio na metade final da temporada, que estabelece os caminhos para o que vem a seguir, ao mesmo tempo em que conclui de forma impecável o arco estabelecido ao longo dos 24 episódios da série.

O caro leitor não estranhe se a vontade de dar play em Rogue One surgir logo ao final da segunda temporada. E que elogio melhor pode haver para um prelúdio? Ainda mais quando, ousamos dizer, o material melhora até mesmo o intocável Star Wars clássico dos cinemas, ao trazer uma outra dimensão emocional à vitória dos Rebeldes contra a Estrela da Morte, quando sabemos o quão custosa é a liberdade.

Em duas temporadas em streaming, Andor deixa a marca de que, sim, o universo Star Wars é feito para crianças, mas também pode se permitir uma certa maturidade e se segurar nas qualidades de uma boa história segura de si o suficiente, ao ponto de elevar um personagem quase descartável ao grande panteão de heróis da franquia. Que a Força esteja com Cassian Andor, e com as boas narrativas da saga espacial.

Andor exibe a segunda temporada às terças, às 22h, no Disney+. Os demais filmes e séries do universo Star Wars estão em streaming no serviço.

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