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Round 6 muda o jogo e compensa espera com 2ª temporada sombria | Crítica
Críticas

Round 6 muda o jogo e compensa espera com 2ª temporada sombria | Crítica

Episódios inéditos trazem frescor de novos personagens e desafios ao fenômeno coreano

Pedro Siqueira
Pedro Siqueira
26.dez.24 às 14h58
Atualizado há 4 meses
Round 6 muda o jogo e compensa espera com 2ª temporada sombria | Crítica
(Netflix/Divulgação)

Não é preciso dizer o quanto o mundo mudou em três anos, tanto que o caro leitor seria perdoado por sequer lembrar que Round 6 teria uma segunda temporada. Não que a série tenha precisado ralar para garantir a renovação (muito pelo contrário, afinal ela é a produção mais vista de toda a história da Netflix), mas, por mais gratificantes que os episódios inéditos sejam, uma longa espera pode ser um balde de água gelada na popularidade de qualquer projeto.

Somado a isso, se a produção coreana derrubou até a barreira da língua não-inglesa e virou um fenômeno dessa magnitude, naturalmente, há muito mais olhos e expectativas na segunda temporada do projeto de Hwang Dong-hyuk. O criador, roteirista e diretor escolhe pequenas, mas importantes doses de novidade enquanto não mexe em time que está ganhando. Assim, Round 6 sobrevive muito bem ao jogo do segundo ano.

Já no ar pelo streaming vermelho, os sete capítulos inéditos continuam a jornada de Gi-hun, o Jogador 456 (Lee Jung-jae), contra os criadores dos jogos mortais bilionários, numa busca por justiça que o leva de volta a onde o personagem menos deseja: a arena do jogo.

Jornada de Gi-hun o leva de volta ao jogo. (Netflix/Divulgação)

A principal novidade chega, obviamente, com um rol de novos jogadores (afinal, praticamente todos os coadjuvantes anteriores encontraram destinos fatais).

Round 6 escala nomes de peso da dramaturgia coreana, como Lee Jin-wook e Park Gyu-hyoung (ambos de Sweet Home, também da Netflix) para encararem as novas brincadeiras. Se o roteiro não permite que qualquer coadjuvante funcione muito além de uma motivação para querer mais dinheiro do jogo ou, com muita boa vontade, uma ou outra relação pessoal mais complexa, o elenco imprime carisma e competência aos novos rostos.

Apesar de trazerem uma certa moral como nomes conhecidos dos fãs de k-drama, os novatos não se equiparam à escalação da primeira temporada, mas pelo menos seguram parte do peso da trama com histórias individuais envolventes.

Outros destaques são Jo Yu-ri, como a jogadora 222, que busca vencer os jogos para sustentar o filho que carrega no ventre; Yang Dong-geun e Kang Ae-shim, como mãe e filho jogando juntos; Park Sung-hoon, como uma mulher trans em busca de dinheiro para resolver a vida; e até Choi Seung-hyun, o cantor T.O.P., ex-BIGBANG como um rapper que certamente despertará a raiva dos espectadores.

Novo elenco encara as brincadeiras mortais da série. (Netflix/Divulgação)

Que recomecem os jogos…

Novos jogadores pedem também novos jogos, e é ao mergulhar de novo no mundo infernal da competição que a série brilha, mais uma vez subvertendo brincadeiras infantis com o toque mortal e diabólico.

É nessas sequências que se percebe o investimento mais polpudo no segundo ano, já que a direção de arte claustrofóbica e bizarramente lúdica, que já era um destaque na primeira temporada, fica ainda mais intrigante.

O espectador mais cético perceberá que algumas dinâmicas se repetem, e algumas situações e personagens podem até parecer imitações do ano anterior. Mas o texto e direção de Dong-hyuk trazem frescor o suficiente para que os episódios inéditos nunca caiam no puro saudosismo.

É possível até dizer que a principal mudança entre o primeiro e o segundo ano vem na figura do próprio Gi-hun. Se, na primeira temporada, o malandro boa-pinta servia como um alívio cômico entre toda a desgraça dos jogos, Lee Jung-jae adota uma postura mais séria e quase amargurada nos novos episódios. Irritado e vingativo, Gi-hun é um reflexo da trama, que adota um tom bem mais sombrio e violento que o do ano anterior.

Velhos e novos jogos dão o tom da segunda temporada. (Netflix/Divulgação)

Enquanto a maior parte das decisões funciona, a segunda temporada não está livre de erros, e alguns chegam a quase comprometer o andamento da história.

De volta da primeira temporada, o policial Jun-ho (Wi Ha-joon) ganha um destaque maior nos novos capítulos, assumindo quase um papel de coprotagonista em alguns episódios. O problema é que o personagem se vê preso numa trama que anda para lugar nenhum enquanto aguardamos para voltar aos jogos. E não é só o policial que ficou guardado para o futuro da série.

Isso porque Round 6 também sofre do mal de “história do meio”, por apresentar uma trama que só será concluída na já confirmada terceira e última temporada.

Os espectadores podem ficar tranquilos, já que os episódios finais chegam já em 2025, numa espera bem menor. Mas a decisão deixa bastante claro que a nova leva de capítulos foi pensada como uma história única que, por algum motivo, acabou cortada no meio.

Em teoria, isso não seria exatamente um problema, afinal “partes do meio” como O Império Contra-Ataca (1980) e O Senhor dos Anéis: As Duas Torres (2002) conseguem se segurar sozinhas, ao mesmo tempo em que preparam os desfechos de suas obras. Mas uma coisa é quando isso vem como opção criativa, e não como uma decisão mercadológica tão espantosamente na cara.

Participantes se enfrentam por prêmio bilionário. (Netflix/Divulgação)

Com sete episódios (dois a menos que a temporada anterior), Round 6 não tem o retorno perfeito, mas compensa a longa espera de três anos com episódios que pisam fundo em tudo o que tornou a série coreana atrativa lá em 2021. Agora, resta aguardar se a linha de chegada será tão sedutora quanto 45,6 bilhões de wons na conta.

As duas temporadas de Round 6 estão em streaming na Netflix. A série está renovada para uma terceira e última leva de episódios, com estreia marcada para 2025.

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