Em tradução livre, Flow significa “fluxo” ou “corrente”. Ou seja, quando ouvimos uma música ou diálogo em inglês com essa palavra, geralmente nada mais é do que uma frase quase motivacional sobre “seguir o fluxo” da vida, tentar se adaptar e tirar bons momentos disso. Todos esses pontos combinam com a animação da Letônia, indicada em duas categorias do Oscar 2025: Melhor Animação e Melhor Filme Internacional.
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Dirigido por Gints Zilbalodis, Flow é um longa de 1h25 de duração, sem diálogos, que mostra como um gatinho tenta sobreviver no que parece um mundo pós-apocalíptico que, de tempos em tempos, é inundado até as maiores alturas que você pode imaginar.
Em um primeiro momento, é impossível não se encantar pela combinação de visual, trilha sonora e fofura do protagonista, que possui todos os trejeitos de um felino reagindo ao caos do mundo ao redor. Rapidamente ficamos preocupados com o bem-estar do bichinho, um grande mérito do filme, capaz de emocionar quem tem um pet em casa, e também quem ainda não tem um amigo de quatro patas para chamar de seu.
Assim como o gatinho, começamos a sessão tentando entender onde a narrativa vai parar, e o roteiro, assinado por Zilbalodis, Matiss Kaza e Ron Dyens escolhe unir o protagonista a outros animais que também estão tentando sobreviver. A partir daí, Flow fala sobre as dificuldades de encarar as diferenças, mas a necessidade de não ficar só pelo caminho.
Uma das maiores vantagens desta escolha narrativa é que o gatinho segue como protagonista, é claro, mas também é possível entender a visão de mundo de outros personagens, como a preguiçosa (mas generosa) capivara, a líder ave de rapina, o ciumento lêmure e o empolgado cão labrador. Embora muito diferentes, tais personagens criam um laço curioso e interessantíssimo de acompanhar, e a produção toma o cuidado essencial de definir personalidades para um, mas sem nunca torná-los humanizados demais. Não espere bocas mexendo estranhamente em Flow, essa não é a proposta do longa.

Outra questão gerada ainda na divulgação do projeto é o fato do filme não ter nenhuma fala. O que ouvimos são os sons ambientes, os barulhos feitos pelos animais e a emocionante trilha sonora, assinada por Gints Zilbalodis e Rihards Zaļupe. Como resultado, Flow encontra meios criativos de gerar comunicações entre os animais, que literalmente brigam, se divertem e tomam decisões, mesmo que cada um tenha uma forma de fazer isso. Além do ganho narrativo, não ter diálogos torna a história acessível a todos, sem precisar de legenda ou dublagem, quase um “pulo do gato” do realizador do projeto, que ganhou o mundo facilmente superando a barreira da localização.
O ato final de Flow busca um caminho mais contemplativo, que chega a ser um pouco inesperado, mas não destoa do resto do filme. Na verdade, ao pensar na projeção como um todo, a resolução parece um complemento natural, que estranhamente não estávamos esperando. Talvez porque o nosso desejo era apenas continuar seguindo o fluxo daqueles personagens, torcendo para que tudo dê certo no final. E não é esse, afinal, o ciclo da vida todos os dias?
Flow chega aos cinemas brasileiros em 20 de fevereiro e tem uma cena pós-créditos ao final da projeção.
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