Quem acompanha produções do leste asiático com certeza já ouviu falar de Solo Leveling. A história, criada por Chugong, foi lançada primeiro como web novel, depois foi adaptada para o manhwa (histórias em quadrinhos da Coreia do Sul) e, finalmente, chegou à Crunchyroll no formato de anime. E o saldo da temporada de 13 episódios é positivo, embora a adaptação pudesse ter ido além.
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A trama mostra uma realidade semelhante à nossa, em que misteriosos portais (chamados de Dungeons) cheios de monstros ameaçadores começam a surgir ao redor do mundo. Ao mesmo tempo, alguns humanos desenvolvem habilidades de lutar contra tais criaturas, tornando-se Caçadores. Solo Leveling acompanha a jornada de Jin-woo, considerado o “caçador mais fraco do mundo”, que muda de vida quando algo inesperado acontece dentro de uma Dungeon.
De cara, é bom pontuar que a estreia do anime já chegou com algumas controvérsias. Japão e Coreia do Sul possuem diversas questões históricas, algumas até refletidas no enredo da web novel, e ficou a dúvida de como seria essa adaptação pelo outro país. E, ao menos durante a primeira temporada, Solo Leveling segue fiel ao material original, já até dando pistas de tramas maiores que vão surgir no futuro.
Tal fidelidade ajudou o anime a ser visto com bons olhos pela base de fãs já existente, ao mesmo tempo em que trouxe novos admiradores. Porém é fato que, por sua popularidade anterior, Solo Leveling deveria ter chegado “quebrando tudo”, como outros títulos da temporada, mas teve um desempenho abaixo do esperado. Curiosamente, o que explica isso é justamente a tal fidelidade, que foi tão grande ao ponto até de repetir os erros do manhwa.
Jin-woo, o “Deus do novo mundo”?

Embora esta que vos escreve seja muito fã de Solo Leveling, não dá para negar que a história criada por Chugong tem um meio um tanto complicado, especialmente por focar demais no protagonista Jin-woo e deixar de lado outras tramas que poderiam ser igualmente interessantes.
Por conta disso, vários capítulos do manhwa se tornam cansativos, porque há um grande senso de repetição de “olha lá o Jin-woo ficando forte novamente”. Claro, há como justificar essa monotonia como um espelhamento da jornada do protagonista, que ainda está tentando entender seu “segundo despertar”, mas o saldo dessa meioca de história é um tanto amargo.
No caso da história em quadrinhos, tal problema é facilmente resolvido ao simplesmente passar os capítulos mais enfadonhos com rapidez, para chegar na parte interessante da trama, algo até estimulado pelo formato de fácil leitura no celular. No caso de um anime com episódios semanais de pouco mais de 20 minutos, essa falta de dinamismo se tornou ainda mais evidente.
Jin-woo é o protagonista da história e sua trajetória é uma das mais interessantes dos shōnen dos últimos anos. Porém, ao focar somente nele, Solo Leveling cria um efeito rebote, de que começamos a achar o caçador meio chato e um tanto arrogante em algumas decisões.
Este sentimento acontece também na primeira temporada do anime. Em certos momentos, o roteiro até tenta ajudar, ao colocar uma ou outra trama em paralelo, mas a jornada de Jin-woo ainda ocupa a maior parte do tempo. Pode parecer uma reclamação estranha dizer que “o protagonista tem muito tempo de tela”, mas basta pensar que, se as participações dele fossem só um pouquinho mais dosadas, suas aparições teriam ainda mais impacto e seriam ansiosamente aguardadas pelos fãs.
Visual competente (e só)

Outro ponto importante quando falamos de um “anime de lutinha” é o visual, e Solo Leveling entrega um trabalho competente na primeira temporada, embora pudesse ter ido além, como outros títulos fizeram recentemente e até se tornaram referência.
Não que exista algum problema na adaptação. A verdade é que boa parte das cenas do anime é bem executada, mas, em uma indústria que segue se reinventando e inovando a cada lançamento, o aguardado desbunde visual esperado pelos fãs não veio, e as várias lutas ao longo dos episódios dificilmente ficam na memória. Tal constatação chega a ser um pouco triste, levando em consideração que o visual é um dos pontos fortes do manhwa.
Com todos esses pontos, é certo dizer que Solo Leveling entregou uma sólida primeira temporada, mas, para se sobressair em uma indústria com grandes lançamentos a cada temporada, é preciso ir além do básico. Além disso, embora a fidelidade seja importante, é preciso entender também que adaptações são necessárias em uma mídia mais dinâmica, e uma animação é um ambiente cheio de possibilidades.
Como este foi o primeiro ano do anime, é justo dizer que há (muito) espaço para evolução e correção de erros, e quem conhece a história de Chugong não espera menos do que isso. Afinal, assim como Jin-woo, é preciso continuar subindo de nível.
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Todos os episódios de Solo Leveling estão disponíveis na Crunchyroll.