Às vezes a vida imita a arte, mas frequentemente o oposto acontece também - especialmente nas situações peculiares e marcantes. Um ótimo exemplo disso é O Urso do Pó Branco, filme de Elizabeth Banks (As Panteras) sobre um animal selvagem que parte em uma matança após se encher de cocaína. A pior parte? É baseado em uma história real.
O filme deixa isso claro desde o início, e chega até a incluir trechos de reportagens da época. Mas, infelizmente, o que aconteceu de verdade é bem menos empolgante (?) do que os eventos imaginados em tela.
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A história real se desenrolou no Tennessee, Estados Unidos, em 1985. Assim como mostrado na introdução do longa, o traficante Andrew C. Thornton II cruzava a cidade de Knoxville com um avião lotado de cocaína trazida da Colômbia.
Ao perceber que o veículo não aguentava seu peso e nem o da carga, passou a soltar pacotes da droga para aliviar o peso. Mesmo assim, a decisão não ajudou na situação, e ele decidiu pular para se salvar. Em uma virada de destino, seu paraquedas não abriu, e ele foi encontrado morto pouco depois, em 11 de setembro daquele ano.
Onde o urso se encaixa nisso tudo? Mais de um mês depois, em 23 de dezembro de 1985, a polícia da Geórgia - estado vizinho do Tennessee - encontrou o cadáver de um urso-negro nas florestas. Na autópsia, foi revelado que o animal havia ingerido cerca de 34 quilos de cocaína, e morreu de overdose. O estômago do cadáver era, praticamente, só pó.
Pela bizarrice, o animal se tornou uma espécie de lenda local. Pouco depois, uma versão empalhada do bicho deu as caras em shopping center no Kentucky - estado que faz fronteira com o Tennessee. A criatura empalhada se tornou uma atração local.

Além de apelidos carinhosos como Pablo Escobear (um trocadilho com o traficante colombiano Pablo Escobar e a palavra “Bear”, urso em inglês) e Cokey the Bear, o animal empalhado é até capaz de oficializar casamentos no estado. Tudo isso ajudou a construir a reputação do urso “cheirado”.
Não é nem preciso dizer que o filme é drasticamente diferente da realidade - e tudo bem! Visto que houve mais de um mês entre a queda da droga e o corpo do bicho ser encontrado, tudo que o longa faz é imaginar os cenários mais absurdos e sangrentos que podem ter se desenrolado entre esses dois fatos.
Além disso, O Urso do Pó Branco também tem conclusão um pouco mais alegre do que ter uma overdose e acabar como atração de shopping norte-americano. Por mais que seja bem diferente, é legal imaginar que uma premissa tão surtada assim ainda tenha um pé na realidade.
O Urso do Pó Branco já está em cartaz nos cinemas brasileiros.