Diretor de Pantera Negra, Ryan Coogler, escreveu uma homenagem a Chadwick Boseman, o intérprete de T’Challa. O ator morreu na última sexta-feira (28) – saiba mais. O texto do cineasta foi publicado no Deadline.
Coogler começou oferecendo seus sentimentos à família. Logo depois, explica que "herdou" a escolha de Boseman para o papel de Pantera Negra dos irmãos Russo, e disse ser para sempre grato por isso.
A primeira vez que vi a atuação de Chad [Boseman] como T’Challa foi em uma versão inacabada de Capitão América: Guerra Civil. Eu estava decidindo se dirigiria Pantera Negra, se era ou não a escolha certa para mim. Nunca esquecerei, eu estava sentado em uma suíte editorial no Disney Lot e assistindo suas cenas. [...] Foi nesse momento que soube que queria fazer este filme.
Para o diretor, um momento específico no qual Boseman e John Kani falam "em um idioma o qual ele não conseguia identificar, mas que soava familiar", foi o que o convenceu a dirigir a produção. "Tinha uma musicalidade que parecia antiga, poderosa e africana", disse Coogler. Depois, ele descobriu que se tratava de xhosa, a língua nativa de John Kani, e que Chadwick Boseman aprendeu a falar aquelas frases em apenas um dia.
Eu não conseguia conceber o quão difícil isso deve ter sido, e mesmo que eu ainda não tivesse conhecido Chad, eu já estava maravilhado com sua capacidade como ator.
O cineasta conta que o ator estava envolvido em diversos detalhes durante a produção de Pantera Negra, como o fato de seu personagem ter um sotaque diferente do norte-americano, que não fosse totalmente ocidentalizado.
- Marvel Studios publica vídeo em homenagem a Chadwick Boseman
- Relembre grandes momentos da carreira de Chadwick Boseman
Segundo Coogler, ao se preparar para o filme, o ator refletia todas as decisões e pensava como as escolhas feitas repercutiram nos espectadores. "Isso é Star Wars, é O Senhor dos Anéis, mas para a gente... e maior!", ele dizia para o diretor enquanto eles se esforçavam para filmar uma cena dramática.
Eu não tinha ideia se o filme funcionaria. Não tinha certeza se sabia o que estávamos fazendo. Mas olho para trás e percebo que Chad sabia algo que todos nós não sabíamos. Ele tinha um plano maior todo esse tempo.
O diretor explicou que não sabia da doença de Boseman e que o ator blindou todos aqueles que trabalhavam com ele de compartilharem esse sofrimento. "Ele viveu uma vida linda e fez uma ótima arte. Dia após dia, ano após ano. Ele era assim. Ele era um espetáculo de fogos de artifício épico", disse.
Ao final, Coogler falou sobre a relação de amizade dos dois, e como será viver sem o amigo a partir de agora.
Dói mais saber que não podemos ter outra conversa, ou uma ligação em vídeo, ou uma troca de mensagens de texto. Ele me enviava receitas vegetarianas e regimes alimentares para minha família e eu seguirmos durante a pandemia. Ele perguntava como eu e meus entes queridos estávamos, mesmo enquanto lidava com a dor do câncer.
Ryan Coogler encerra dizendo acreditar que, agora, Chadwick Boseman é um ancestral, e sabe que ele olhará por todos, "até nos encontrarmos novamente".