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O Pálido Olho Azul: O que é real e o que é ficção no filme da Netflix com Edgar Allan Poe
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O Pálido Olho Azul: O que é real e o que é ficção no filme da Netflix com Edgar Allan Poe

Filme tem Christian Bale resolvendo crimes com o poeta e escritor Edgar Allan Poe

Pedro Siqueira
Pedro Siqueira
09.jan.23 às 17h32
Atualizado há mais de 2 anos
O Pálido Olho Azul: O que é real e o que é ficção no filme da Netflix com Edgar Allan Poe

Estreia deste mês na Netflix, O Pálido Olho Azul começou o ano com muito mistério na locadora vermelha. Inspirada no livro de mesmo nome, de Louis Bayard, a trama traz Christian Bale como o investigador Augustus Landor, solucionando crimes macabros com ninguém menos que o escritor e poeta da vida real Edgar Allan Poe (Harry Melling).

Autor de clássicos da literatura trevosa como O Corvo e O Gato Preto, Poe é de fato a figura perfeita para protagonizar, ele mesmo, uma trama de suspense. Mas entre investigações, corpos mutilados e muitas reviravoltas, o que é real e o que é ficção no longa?

Situado em 1830, O Pálido Olho Azul apresenta Poe aos 21 anos de idade, como um jovem cadete da Academia Militar dos EUA, a West Point. O escritor é convocado por Landor (Bale) para solucionar o assassinato de um colega militar, em um crime aparentemente ligado a rituais de ocultismo. Embora, ao menos até onde se sabe, o Edgar Allan Poe real não teve 15 minutos de detetive, o autor de A Queda da Casa de Usher de fato trilhou uma breve carreira militar, e certas situações dramatizadas no longa construíram a identidade que popularizou as obras do autor por quase dois séculos.

Recruta Edgar Allan Poe, sentido!

Nascido em 1809, Poe precisou se virar a duras penas antes de embarcar na carreira literária. O poeta se alistou no Exército em busca de uma graninha fácil, e acabou indo para West Point como cadete, no mesmo 1830 em que O Pálido Olho Azul se desenrola.

Embora demonstrasse aptidão nos conhecimentos teóricos e atividades extracurriculares da Academia (como o estudo do francês), Poe detestava seguir a dura rotina da vida militar. A passagem do escritor tem até uma página própria no site do exército norte-americano. Em correspondências com seu pai adotivo, John Allan, Poe relatou:

“As obrigações de estudo são incessantes. E a disciplina é excessivamente rígida.”

Como retratado no filme, o poeta não se enquadrava às obrigações trazidas pelo ofício. Poe chegou até a orquestrar a própria dispensa do serviço militar em 1831, ao regularmente faltar a missas, aulas e ignorar deveres.

Harry Melling, da saga Harry Potter, vive o jovem Poe

O principal ponto de divergência é o tratamento dos colegas de Academia para com Poe, e vice-versa. Se em O Pálido Olho Azul, o escritor é o azarão incompreendido e motivo de chacota para os colegas, na vida real, os poemas de Poe zombando dos militares mais poderosos de West Point eram sucesso entre os outros cadetes. Os colegas fizeram até uma boa e velha vaquinha para auxiliar Poe a publicar a coletânea Poems, lançada logo após a dispensa da Academia.

Em release de imprensa sobre o filme, o diretor e roteirista Scott Cooper explica:

“Obviamente, o filme é uma obra de ficção, embora Poe de fato tenha passado por West Point. O que quisemos dizer é que os eventos que ocorrem no filme moldaram a visão de mundo dele, e o ajudaram a tornar-se o escritor que conhecemos. Há temas como a morte, a perda, o luto pelos mortos… Tudo é parte do romantismo sombrio da obra de Poe.”

Poe detetive

Embora seja bastante lembrado pelas histórias macabras de terror, vingança e criaturas do oculto, Edgar Allan Poe também foi um dos primeiros a popularizar os romances de detetive, com seu Auguste Dupin. O personagem protagoniza histórias como Os Assassinatos na Rua Morgue (1841) e sua origem é livremente adaptada em O Pálido Olho Azul.

Christian Bale interpreta Augustus Landor (qualquer semelhança no nome não é mera coincidência) como uma máquina implacável em busca da verdade, embora também esconda os próprios demônios. Situada 10 anos antes da primeira aparição do Dupin de Edgar Allan Poe, a trama sugere que as aventuras fictícias do próprio Poe ao lado de Landor foram a faísca que faltava para o poeta e escritor mergulhar de vez na literatura policial e fantástica.

Christian Bale faz detetive implacável

Mesmo com narrativa quase inteiramente fictícia, O Pálido Olho Azul faz o interessante exercício de inserir a figura histórica de Poe em situações estapafúrdias, que poderiam facilmente ter saído da própria mente do autor. A brincadeira tem precedentes mesmo no cinema, em obras como Abraham Lincoln - Caçador de Vampiros (2012) e Orgulho e Preconceito e Zumbis (2015), voltados para a ação e comédia.

O longa triunfa em jogar luz sobre um período pouco abordado da obra do autor, criando uma dinâmica interessante que pode até despertar o interesse dos espectadores na fascinante e macabra obra do autor.

O Pálido Olho Azul está em streaming na Netflix. Gillian Anderson, Lucy Boynton e Robert DuVall completam o elenco.

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