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A Mulher Rei | Crítica
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A Mulher Rei | Crítica

Viola Davis brilha em filme que ressalta a importância do protagonismo da mulher negra

Camila Sousa
Camila Sousa
22.set.22 às 17h56
Atualizado há mais de 1 ano
A Mulher Rei | Crítica

Quando Pantera Negra chegou aos cinemas em 2018, um dos pontos que mais chamou a atenção dos fãs foi a Dora Milaje, um exército formado por mulheres que protege o rei de Wakanda. Desde a introdução do grupo nos quadrinhos, era de conhecimento geral que elas foram inspiradas em guerreiras da vida real, que nunca tiveram suas histórias contadas em detalhes. Isso muda agora com a estreia de A Mulher Rei, filme protagonizado por Viola Davis.

O longa narra as batalhas das Agojie, exército de mulheres que protegia o rei de Daomé, lugar real conhecido atualmente como Benim. Neste contexto, a líder Nanisca (Davis) começa a recrutar uma nova leva de guerreiras, ao mesmo tempo em que lida com perigos externos e com seu próprio passado.

Como não poderia ser diferente, a atuação de Viola Davis é o ponto alto do filme. Sem nenhuma surpresa, a atriz brilha ao acrescentar diversas camadas à personagem. Nanisca é uma líder respeitada, que sabe como vencer no campo de batalha. Mas ela também tem vulnerabilidades, medos e traumas que precisa superar para começar um novo capítulo em sua vida. Davis é o grande destaque quando está em cena, e chega a ser quase impossível olhar para outra coisa quando Nanisca está na liderança.

A boa atuação também pode ser vista em outros nomes do elenco, como Sheila Atim, que faz o papel de Amenza, amiga de Nanisca e grande guerreira das Agojie. Por ter uma relação de longa data com a general, a personagem tem mais tempo de desenvolvimento em tela. Isso também acontece com Izogie, interpretada por Lashana Lynch. Responsável pelo treinamento das recrutas, ela cria uma relação interessante com Nawi (Thuso Mbedu), uma jovem impetuosa que quer se tornar uma grande guerreira.

Assim como aconteceu com Pantera Negra, e promete continuar na sequência, A Mulher Rei também faz um bom trabalho ao mostrar como a cultura africana é bela com suas próprias características. Desde a dança, até as roupas, cabelos e armas, tudo no reino de Daomé tem uma personalidade própria, longe da influência dos colonizadores. Após tantas décadas vendo épicos de guerra focados em histórias caucasianas, há um sentimento de renovação e emoção ao ver uma produção como essa.

Durante passagem pelo Brasil para divulgação, Viola Davis afirmou que não seria justo definir o filme apenas como um “longa de ação”, e a atriz e produtora tem razão. Uma das coisas que torna A Mulher Rei um espetáculo grandioso é que ele vai além das cenas de batalha – que são realmente incríveis de assistir – e explora o papel da mulher negra na sociedade. Com cenas tocantes, protagonizadas especialmente por Davis e Atim, várias discussões que continuam relevantes são feitas, fazendo com que o espectador saia do cinema pensando em temas que vão além das disputas fictícias entre dois exércitos.

A narrativa de A Mulher Rei, com roteiro assinado por Dana Stevens, só perde força quando se distancia das Agojie para contar outras histórias menos cativantes. Isso acontece, por exemplo, quando Malik (Jordan Bolger) e Santo Ferreira (Hero Fiennes Tiffin) entram na trama. Ainda que o contraponto sugerido pelo filme, de mostrar a visão do colonizador branco sobre aquelas terras, seja relevante, ele soa mais como algo que já foi apresentado em outros filmes. Em comparação com o ineditismo e a grandiosidade das guerreiras de Daomé, essa trama ocupa tempo demais da narrativa para entregar algo muito menos interessante.

Mesmo com esse ponto negativo, não há como negar que A Mulher Rei é uma grande realização na carreira de Viola Davis. O filme mescla bem os momentos de ação sangrenta das Agojie com tramas pessoais que seguem relevantes até os dias atuais. Para quem busca um bom épico de guerra, sem perder de vista temas que merecem mais espaço na cultura mainstream, este é um filme que merece ser visto e revisto.

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