Chegamos ao quinto episódio de A Casa do Dragão, primeira série derivada de Game of Thrones, com muitas novidades sobre vários personagens.
O novo capítulo foca na crescente rivalidade entre Rhaenyra (Milly Alcock) e Alicent (Emily Carey), e mostra novas camadas de Daemon Targaryen (Matt Smith)
[Spoilers do quinto episódio de A Casa do Dragão a partir daqui]

Após ser expulso de Porto Real mais uma vez pelo irmão, o príncipe Daemon chega ao local onde deveria estar: o Vale, lar de sua esposa, Rhea Royce (Rachel Redford). Em poucas cenas, a série estabelece que Rhea é uma mulher forte, que sabe caçar, cavalgar, e que não confia em Daemon. Exatamente por isso, a sequência que se segue é cruel, com o príncipe assassinando cruelmente a esposa.
É uma pena que Rhea tenha aparecido por um período tão curto na série, mas o momento serviu especialmente para mostrar como Daemon pode ser desumano. Se até aqui os fãs estavam divididos sobre a índole do personagem, agora está claro que ele é alguém capaz de tudo em busca de seus interesses.
Enquanto isso acontece, o tema de casamento também se torna recorrente para Rhaenyra (Milly Alcock), que vai até o lar de seu pretendente, Laenor Velaryon (Matthew Carver). Embora sejam parentes, a relação entre os dois está prestes a mudar e a série acerta ao acrescentar camadas interessantes à isso. A família Velaryon sabe que o primogênito é gay, mas Corlys (Steve Toussaint) prefere ignorar a informação e acredita que tudo não passa de uma “fase”. Já Rhaenyra encara os fatos e propõe uma aliança possível: os dois vão se casar, como suas famílias desejam, mas Laenor poderá continuar saindo com quem quiser, e ela fará o mesmo.
É triste ver como o jovem Velaryon aceita o acordo com um gosto amargo na boca. Ainda que saiba como a sociedade de sua época funciona, Laenor não pode evitar ficar triste quando todos os preconceitos são jogados em sua cara. Ele, assim como Rhaenyra, não tem escolha a não ser fazer o que foi decidido por outras pessoas.

Já o choque de realidade da princesa acontece pela presença de Sor Criston Cole (Fabien Frankel), com quem ela perdeu a virgindade no episódio anterior. Claramente munido de muito carinho pelo que aconteceu, o membro da Guarda Real propõe uma fuga à Rhaenyra: os dois iriam juntos para uma das cidades livres, viver longe dos Targaryen, dos dragões e, mais especificamente, dos grandes deveres da coroa. Chega a ser uma proposta ingênua, mas que faz todo o sentido na cabeça do cavaleiro.
A resposta é a esperada: é claro que Rhaenyra não vai deixar todo o seu legado Targaryen para trás, para ter uma vida cheia de dificuldades e nenhuma garantia – provavelmente com a casa cheia de filhos e pouco para comer. Ela sabe que nasceu para algo maior do que isso, e a decisão soa quase uma ofensa para Sor Criston, que mostra ter criado uma mágoa profunda, embora a proposta tenha sido feita com base nas expectativas dele, e não dela. Esse momento terá desdobramentos importantes para o futuro de Rhaenyra, de uma forma que ela jamais poderia prever.
Com todas as peças no lugar, chega a hora de fazer uma grande festa de noivado. E se torneios e caçadas são palco de grandes acontecimentos em Game of Thrones, nem vamos citar como são os casamentos. O enlace de Rhaenyra passa longe do momento catártico do Casamento Vermelho, mas tem sua cota de sangue ao final, quando Criston coloca para fora todo o ódio e humilhação que sentiu por causa da princesa.
A tragédia que se segue é quase um presságio ruim do futuro de Rhaenyra e Laenor, como se aquela união estivesse fadada ao fracasso. Chama a atenção o episódio ser encerrado com um rato sendo atraído pelo sangue. Figura recorrente nos episódios da série, a criatura representa todos aqueles que estão ao redor do rei e da corte: há vários seres repugnantes prontos para tirar algum proveito após o menor sinal de fraqueza.

Antes de terminar, é preciso falar de Alicent (Emily Carey). Triste pelo pai ter perdido o posto de Mão do Rei – e provavelmente culpando Rhaenyra por isso, a jovem começa a ter sentimentos políticos semelhantes aos de Otto (Rhys Ifans). Se antes ela parecia não se preocupar muito se o filho seria herdeiro do Trono de Ferro, agora é quase como se isso fosse uma disputa pessoal. Para pontuar sua rivalidade com a princesa, ela chega ao noivado usando um vestido verde, um contraponto claro ao preto e vermelho da casa Targaryen.
Essa é uma característica trazida dos livros de George R.R. Martin, e muito bem adaptada. O uso da roupa é a forma que Alicent encontra para fazer sua própria luta, já que ela não tem (ao menos por enquanto) a impetuosidade de Rhaenyra, nem talentos para o combate físico. A guerra da nova rainha será travada nas entrelinhas e, apesar de parecer uma jovem inexperiente, ela mostrará logo que tem muito talento para isso.
A Casa do Dragão ganha novos episódios aos domingos, na HBO e HBO Max.