Após anos de espera, a cultuada HQ Sandman ganhou uma adaptação em live-action. A produção chegou à Netflix nesta sexta (05) recontando a famosa história criada por Neil Gaiman, Sam Kieth e Mike Dringenberg nos anos 1980, para a DC Comics.
Para a alegria dos fãs, a produção é extremamente fiel ao quadrinho. Além da recriação de cenários icônicos e momentos memoráveis, há cenas que usam exatamente os mesmos diálogos do gibi, palavra por palavra.
Ainda assim, a produção tem sua cota de modificações em relação ao material original. Pensando nisso, reunimos abaixo as maiores diferenças entre a série de Sandman e as HQs. Confira abaixo:
[Cuidado com spoilers da primeira temporada de Sandman]
A barganha de Alex Burgess

Assim como nas HQs, Sonho (Tom Sturridge) é aprisionado pela Ordem dos Antigos Mistérios, de Roderick Burgess (Charles Dance). Já idoso, ele não vive o suficiente para ter seus desejos atendidos por Morfeu e a liderança do grupo passa para seu filho, Alex.
Na publicação, Alex Burgess segue os desejos megalomaníacos do pai e diz ao Sonho que o soltaria caso ele lhe desse poder, imortalidade, conhecimento e a promessa de não se vingar. Já na série, ele abre mão da ganância e pede apenas para o Perpétuo não faça nada contra ele.
Mais vítimas da doença do sono

O aprisionamento do Sonho causa um desequilíbrio na capacidade dos humanos em acordar. Epidemia que aconteceu de fato no mundo real no início do século XX, a chamada “doença do sono” é mostrada na série pela perspectiva de Unity Kinkaid, jovem que dorme em 1916 e só acorda após Morfeu ser libertado. A produção também indica que outras pessoas foram afetadas, mas sem muitos detalhes.
Já a HQ mostra a tal doença de diferentes maneiras. Ellie Marsten que passa a dormir por períodos cada vez mais longos ao ponto de despertar no máximo cinco vezes por ano. O soldado Stefan Wasserman perde a capacidade de dormir durante a Primeira Guerra Mundial. O jovem Daniel Bustamonte passou mais de uma década dormindo e quando despertou só era capaz de vagar.
A liberdade do Sonho

Assim como na HQ, Sonho permanece preso sob domínio da Ordem dos Antigos Mistérios até que o selo que o mantém preso seja quebrado pela cadeira de rodas de Alex Burgess. O que muda é quando esse evento acontece.
Nas duas versões, o Perpétuo se liberta no momento em que as obras estão sendo lançadas. Nas HQs em 1989, já na série na década de 2020. Com isso, o Morfeu da Netflix ficou mais de um século preso em uma redoma de vidro.
A morte de Gregory

Após se libertar, Morfeu fica fraco e precisa absorver uma de suas criações para recuperar um pouco de força e ir atrás dos objetos roubados pela Ordem dos Antigos Mistérios. Com isso, ele vai até Caim e Abel para absorver Gregory, a gárgula do irmão assassino.
O emocionante sacrifício de Gregory é criação da série, já que nas HQs ele passa bem e faz companhia a Goldie, a gárgula de Abel.
Participações maiores de Coríntio e Lucienne

Grandes personagens nas HQs, Coríntio (Boyd Holbrook) Lucienne (Vivienne Acheampong) têm participações maiores na série da Netflix. A segunda – personagem chamado Lucien no gibi – tem papel importante como uma espécie de bússola moral de Sonho, que chega a reconhecer o esforço da bibliotecária em manter o Sonhar de pé.
Já o segundo é mostrado na produção como uma das razões para o Sonho ter sido aprisionado, já que Morfeu foi capturado por estar na Terra atrás dele. Além disso, o vilão manipula certas peças para ajudar o Lorde dos sonhos a ser mantido em cárcere por mais tempo, ao dar dicas a Roderick Burgess de como mantê-lo preso. Por fim, ele é quem mata os pais adotivos que abusam de Jed (Eddie Karanja), o que não acontece nas HQs.
Johanna Constantine

Uma mudança sutil em relação às HQs está na inclusão de Johanna Constantine. Interpretada por Jenna Coleman (Doctor Who), a personagem é uma mistura de duas figuras que existem nas HQs.
Na série, ela cumpre o papel do ocultista John Constantine ao ajudar o Sonho a recuperar sua algibeira nos dias atuais. Porém, Johanna existe nas HQs como uma antepassada de John, que aparece brevemente na edição que mostra os encontros entre Morfeu e Hob, o homem imortal.
Lúcifer duela com Sonho

Morfeu desce ao inferno para buscar seu elmo. Como o objeto foi parar nas mãos de Coronzon de maneira justa, o demônio diz que só aceita devolvê-lo caso Sonho vença um duelo pelo objeto.
Na série, o embate é travado por Lucifer (Gwendoline Christie), enquanto na HQ é o próprio Coronzon quem confronta Morfeu.
Bruto e Glob versus Gault

Tanto na HQ quanto na série, o jovem Jed Walker usa sonhos para escapar da triste realidade em que sofre abusos por parte de seus pais adotivos. Acontece que esses sonhos não estão conectados com o Reino dos Sonhos de Morfeu e são comandados por outras criaturas.
Na versão da Netflix, quem comanda os sonhos do jovem é Gault (Ann Ogbomo), um pesadelo que deseja se tornar um sonho para poder auxiliar pessoas necessitadas como Jed. Já nos quadrinhos, os responsáveis são Bruto e Glob, pesadelos que decidiram criar uma espécie de Sonhar que pudessem comandar.
Os papéis de Hector Hall e Jed Walker

Conectadas nas HQs, as jornadas do garoto Jed Walker e de Hector Hall são uma das maiores mudanças da série em relação ao material original. Na obra original, o jovem era salvo constantemente por um super-herói chamado Sandman no Sonhar falso criado por Bruto e Glob. Tal vigilante era álter ego de Hall, que havia morrido no mundo real, mas ganhou uma nova chance nessa dimensão ao lado de sua esposa grávida, Lyta.
Já na série, as duas tramas não têm conexão. Na dimensão criada por Gault, Jed sonha que ele mesmo é o herói Sandman. Enquanto isso, Hall vive nos sonhos de Lyta, com quem chega a conceber um filho que existe no mundo dos vivos mesmo tendo sido gerado dentro do Sonhar.
Ligações com o universo DC

A HQ de Sandman começou a ser publicada pela DC Comics em 1989, na época em que a editora ainda não contava com diferentes selos editoriais. Dessa forma, a jornada de Morfeu esbarra com vários personagens e locais clássicos do universo super-heróico da editora, o que não acontece na série.
O quadrinho conta com a participação de figuras como Caçador de Marte, Senhor Milagre, Espantalho e Etrigan, passa por cenários como Asilo Arkham e até mostra os dois vigilantes que utilizaran o nome “Sandman” antes de Morfeu.
Lúcifer buscando vingança contra Morfeu

A memorável passagem de Morfeu pelo Inferno chega ao fim quando o Lorde dos Sonhos abre passagem ao dizer que é poderoso no local, já que ele é habitado por demônios que sonham com o paraíso. Essa medida leva Lúcifer a jurar vingança contra o Perpétuo, algo que nunca acontece. Nas HQs, a Estrela da Manhã só volta a aparecer muitas edições depois esvaziando o Inferno para se aposentar do fardo de liderar o local.
Já na série, o personagem de Gwendoline Christie é levada a agir contra Sonho. Incentivado por Azazel, Lúcifer revela ter planos para expandir as fronteiras do Inferno ao atacar o Sonhar, o mundo desperto e até a Cidade Prateada. Um plano que pretende colocar Morfeu de joelho e assustar até mesmo Deus. Um gancho e tanto para a segunda temporada que indica uma grande mudança em relação aos quadrinhos.